quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Socialismo e Espiritismo - 2[1]



Léon Denis


Assim como demonstramos, o Espiritismo pode influenciar poderosamente sobre a economia social e a vida pública, pois sua concepção da existência e do destino vem facilitar o desenvolvimento de todas as obras da coletividade e da solidariedade.
Através deste ensinamento, o homem se sente mais unido aos seus irmãos; ele sabe que não pode evoluir senão por eles e com eles, e daí a eclosão de ideias generosas, que foram consideradas, até aqui, como utopias e que poderão doravante, graças a esta noção da vida evolutiva, passar para o domínio dos fatos.
E assim que o novo espiritualismo concede a todas as coisas um elemento regenerador. O homem aprende amar a família e a Pátria, mas, acima de tudo, traz-nos esta noção sublime da grande família humana: a fraternidade das almas, a comunhão de todos na consecução de um mesmo fim, a ascensão lenta e gradual de todos para a luz.
Pobre Humanidade dolorosa, tu galgas penosamente o caminho da vida sob um céu sempre negro é por vezes incendiadas, por vezes enregeladas! Quando imagino este longo desfile que se estende sobre as encostas árduas com seu pesado cortejo de sofrimento e miséria, sinto-me presa de uma imensa simpatia para com todos os companheiros de viagem terrestre. Na hora presente não quero nada ver de tuas falhas, oh! Humanidade, mas apenas os teus méritos e teus males. Há um meio século trabalho sem cessar, com a pena e a palavra, para esclarecer e consolar as almas. Impotente para curá-las, desejo pelo menos enviar um pensamento fraternal a todos aqueles que se afogam sob uma rude tarefa, sob o fardo de suas provações, e para aqueles que, no espaço, se preparam para renascer nesse meio atormentado.
Este pensamento eu dirijo ao minerador, mergulhado sob o solo, aos camponeses curvados sobre seus duros sulcos, ao marinheiro na tempestade, ao metalúrgico, ao fundidor, ao vidreiro que, sob o ardente bafejo dos fornos, forjam o ferro, vertem a guza e o vidro e criam mil objetos necessários à civilização. Não me esqueço da mulher, esta mãe da humanidade; à mãe, companheiras fiéis de nossos trabalhos e de nossas dores, que nos deu à luz ao preço de seu sofrimento, que nos aquece, sustenta e nos consola nas horas difíceis.
A todos envio um fraternal pensamento, pois a fraternidade é a palavra mágica, o princípio soberano que resolverá todos os problemas sociais, dissipará as iras, os ciúmes, os rancores e que, do caos das paixões fará surgir um mundo novo.
Não é um espetáculo impressionante o de ver, em todos os grandes centros industriais, nas primeiras horas do dia, se desenrolar ao ruído estridente das sirenes, a longa procissão de homens, de mulheres, de crianças, de rostos melancólicos e pálidos que se dirigem para as usinas, para aí retomar o labor que os retém a cada dia? Ou então ver surgir das entranhas do solo nas regiões do Norte, estes mineiros escurecidos pela poeira do carvão a tal ponto que não se pode mais distinguir a cor de seu rosto ou então sobre os grandes cais onde, sob o ardente sol os homens das docas levantam seus fardos?
É preciso ter feito bem cedo a aprendizagem da miséria, ter conhecido a luta pelo pão de cada dia, para compreender o estado de espírito dessas multidões; para ter-se explicação da surda irritação incubada no fundo de tantas almas machucadas, feridas pelo pesado rolete da necessidade.
Talvez não haja, no vago instinto de utilidade da maioria desses seres senão a sombria herança dos séculos passados, dívidas de servidão, que nenhuma esperança oferece além aquela da morte.
Mas hoje em dia, o operário conquistou sua liberdade, e, mais ainda sua dignidade de homem pelo seu trabalho. Eis porque a data de 1° de Maio que foi até aqui uma espécie de apelo à revolta, se tornará, de pouco em pouco, um símbolo de pacificação e de reconciliação para se transformar em uma festa de trabalho consagrando a nobreza do esforço realizado pela solidariedade de todos. Esta data será tanto mais oportuna e bem escolhida porque coincide com o despertar da natureza, com os sorrisos e as promessas da primavera.
Pergunta-me por vezes qual é o fim de tantas vidas obscuras, atormentadas, laboriosas. Se procurasse arrolar todas aquelas que decorreram desde a origem do mundo, encontrar-se-ia em presença de cifras formidáveis. Por que todas essas existências, das quais o tempo dispersa a cinza a todos os ventos e das quais a memória humana não guarda nenhum traço? Por que tantas dores, dilaceramentos e lágrimas? É que a vida é um cadinho em que a substância da alma se afina, em que todas as suas partes mesmo as mais duras se fundem sob o fogo das provas e onde se realiza a divina alquimia.
É preciso esta lenta purificação dos séculos para fazer das almas primitivas, brutais e selvagens, um ser policiado, transformar o egoísmo feroz em espírito de sacrifício e fazer surgir dos rebentos terrestres as flores delicadas da sensibilidade, da piedade e da bondade.
Pobres almas humanas, que deves passar pelos alambiques terrestres para destilar teus sucos ocultam, para desgastar tuas asperezas. Alma humana, tu és o enigma vivo em que se agitam e se misturam confusamente tantas paixões, tantas aspirações vagas. Tu és capaz dos mais belos pensamentos e dos piores sentimentos: amor e ódio, grandeza e miséria, ingratidão e devotamento. Mas há em ti uma força divina que tua evolução, através dos tempos, tem precisamente por fim despertar, acrescer, a fim de te preparar para tarefas mais altas, para uma participação mais ampla nas obras eternas. E nisso consiste a finalidade de tua vida, de todas as suas vidas, aí está assinalada a Terra o seu papel na cadeia dos mundos.
A vida não se cria, não se desenvolve senão através de sofrimento. É preciso sofrer para dar à luz, para subir, engrandecer, depurar; é preciso sofrer para abrir sua alma a todas as sensações delicadas e poderosas, para iniciar no conhecimento das grandes harmonias, para prepara-la às alegrias, à felicidade da vida superior. O sofrimento é a lei dos mundos inferiores, lei grave e austera, porém profunda em suas finalidades. Sem ela, nenhum equilíbrio moral, nenhum estimulante para a melhor, nenhuma compreensão do bom e do belo.
Muitas vezes, nas horas de angústia, acusa-se Deus, a natureza, o mundo inteiro, sem cogitar que a fonte de nossos males reside em nós mesmos. É verdadeiro que no domínio moral das causas e dos efeitos o homem não vê senão as coisas imediatas. Seu olhar não pode abarcar os períodos durante os quais se desenvolve a lenta incubação de seus erros e suas faltas, sobretudo quando elas provêm de suas existências anteriores e constituem a trama de seu destino.
Dissemos que a maioria desses males resulta do estado mental de nossas gerações que, desde há muito tempo, se afasta da via estreita sem cuidar da lei do dever, das altas disciplinas, e se desgarra nos sendeiros floridos da paixão, do egoísmo e da venalidade. Por que esta Humanidade cujos progressos são tão notáveis numa ordem intelectual e material permanece estacionária na ordem moral?
Por que a barbárie, a crueldade, o egoísmo se manifestam em nossa época com tanto maior intensidade do que nos tempos longínquos? Só o Espiritismo pode explicar.
As almas, suficientemente evoluídas quando deixam a Terra, vão quase todas viver em mundos melhores, enquanto que, incessantemente, chegam a nós dos planos inferiores, contingentes de almas ainda grosseiras que vêm procurar sua educação na esfera terrestre. Eis porque o nível moral muda tão lentamente. Herdam-se trabalhos de gerações passadas e não se herdam virtudes que permanecem individuais. Eis porque é preciso trabalhar acima de tudo na educação do povo se quiser melhorar a sorte da humanidade.
A reforma do indivíduo deve conduzir à reforma da coletividade de maneira a que tudo triunfe no homem e sobre si mesmo, sobre suas paixões, repercuta sobre aqueles que o cercam e que o progresso do conjunto reaja sobre cada indivíduo. É trabalhando pela elevação dos outros que trabalhamos mais eficazmente para elevar a nós mesmos e, ao mesmo tempo, se desenvolve, se acresce e se afirma em nós e em torno de nós, essa noção essencial de fraternidade que nos religa a todos uns aos outros.
Para bem compreender a realidade e a força dessa noção, é preciso considera-la sob o aspecto que lhe dá o ensinamento dos Espíritos. Não se trata mais aqui da fraternidade dos corpos, mas a das almas, que se encontram ligadas a todos os graus de sua elevação grandiosa.
Somos, não apenas irmãos por nossa origem comum e nossas finalidades, sendo todos filhos de Deus e destinados a junto a Ele nos reunirmos, mas ainda porque somos chamados em virtude da lei da necessidade a percorrer junta a rota imensa que conduz a Ele, Nele nos reencontrar, nos reconhecer, para trabalhar e sofrer juntos a fim de que nossos caracteres se corrijam e nossas qualidades se desenvolvam ao sopro purificador e regenerador da adversidade.
Entretanto, notamos que a noção de fraternidade não implica a de igualdade. Entre as doutrinas sociais correntes, esta é uma das mais contestadas. Não há igualdade na natureza, e igualmente não o há na Humanidade. No além, todos os seres são hierarquizados segundo seu grau de aperfeiçoamento, de acordo com a lei da evolução. As teorias revolucionárias, que pretendem tudo nivelar por baixo, cometem ao mesmo tempo um erro monstruoso, e um crime, pois que, são destrutivas da obra do passado, do esforço gigantesco dos séculos visando criar uma civilização. Seria mais conforme a lei Universal de progresso estabelecer instituições que contribuam para facilitar a ascensão do homem designando-lhe uma finalidade sempre mais elevada.
Sem dúvida, a obra do passado nos levou a muitos abusos e imperfeições que temos o dever de corrigir, mas ela introduziu também na existência humana facilidades que seria um absurdo suprimir.
É legítimo que todos os homens aspirem ao bem estar material, assim como as alegrias do espírito e do coração, mas pensamos, que é sobretudo graças à ação moral que se chegará a melhorar nossas instituições, a aperfeiçoar a ordem social.
Para dissipar os mal-entendidos, que dividem nossas diferentes classes, fora preciso, de início, viver a vida do povo, tomar contato com ele, comunicam-lhe esta vibração do que existe de melhor em nós, em uma palavra, compartilhar mais estreitamente, suas dores, suas misérias, esforçar-se por despertar nele gostos mais nobres, aspirações mais altas, uma necessidade mais intensa de cultura intelectual.
Insiste-se muito sobre os defeitos do operário e muito pouco se menciona suas qualidades de coração que são tão grandes. Mesmo os mais hostis são acessíveis às boas intenções, aos raciocínios sadios.
Em minha juventude, fui muito interessado nas cooperativas operárias de produção e participei de seus trabalhos. Mais tarde, quando me consagrei à propaganda do Espiritismo, dirigi-me de preferência às massas trabalhadoras e não posso dizer que nelas encontrei menos eco do que em outras mais.
Se quiser saber o quanto pode o Espiritismo sobre o público de trabalhadores, pode-se medir sua vasta extensão entre os mineiros da bacia de Charleroi.
Ao invés da luta de classes, trabalhemos, pois, em sua fusão preparando os materiais das cidades futuras feitas de justiça e de harmonia. Nisso o Espiritismo nos ajudará em nos ensinando que a condição dos humildes pode se tornar a nossa um dia e que a alma deve renascer em meios diferentes para aí realizar sua educação.
Chegado ao entardecer da vida, o homem por vezes se interroga e lança um olhar para trás sobro o longo caminho percorrido. Ele evoca a sombra de todos aqueles que o encontraram e que o precederam no além, ao mesmo tempo as lembranças das relações boas ou más, das tarefas realizadas, de situações ocupadas, as decepções, as vicissitudes sofridas. Percebe ainda o elo enfraquecido das agitações do passado, do ruído das paixões, mas, em razão do recuo do tempo, ele prefere mais o valor real dos seres e das coisas. Uma grande paz se faz nele, e ele se sente mais induzido à indulgência, ao esquecimento das ofensas, ao perdão para com as injúrias. Compreende melhor o sentido profundo da vida e as vantagens e os inconvenientes que dele decorrem do ponto de vista essencial de sua evolução intelectual e moral. Pois nisso reside o fim supremo da existência.
Está ao mesmo tempo no espaço, porém aí, vastas perspectivas se abrem e o círculo das lembranças se alarga. O Espírito evoluído vê desenrolar o panorama de suas existências, qual alternativa de sombras e de luz. As quedas e os erguimentos, ele sente mais estreitamente a solidariedade que o religa a todos estes seres que ele conheceu, viajantes como ele da longa peregrinação através dos séculos.
Sabe que ao curso de suas vidas, foi, vez por vez rico e pobre, patrão e operário, servidor e senhor; que suas existências humildes e obscuras foram mais numerosas que as existências brilhantes. E preciso de início aprender a obedecer para mais tarde aprender a mandar.
O Espírito repassa muitas vezes em sua memória as cenas, os quadros, os espetáculos tristes e doces de suas existências terrestres, existências penosas, laboriosas, às quais ele deve seu estado de progresso, de avanço. Oh! Terra, planeta sombrio e frio, mundo de deboche e de expiação, de iniciação e de resgate, tu ocupas os mais baixos degraus da escala de ascensão das almas. A matéria pesa penosamente em tua superfície, os cuidados aí são múltiplos e o trabalho opressivo. Tudo isto é necessário para comprimir o ímpeto dos Espíritos jovens para os quais tu serás a escola e a morada, necessária para reprimir suas paixões, seus apetites desregrados e submetê-los à disciplina. À medida que o Espírito se ergue na escala dos mundos à matéria se torna mais sutil, o trabalho mais fácil, as necessidades menos imperiosas. O Espírito penetra no seio das sociedades mais perfeitas e mais felizes e aí goza de prazeres espirituais reservados às almas purificadas.
Ele reconhece a maior parte de seres que o cercam por haver percorrido com eles a etapa terrestre. Recorda-se da vida passada os serviços prestados, as alegrias e as dores compartilhadas e em todas estas lembranças ele encontra também os laços que o prendem a esta multidão como a uma imensa família cujo número irá se engrandecendo à medida que a alma se eleva e participa de uma maneira mais ampla e mais completa da vida universal. O Espírito sente em si uma força que o incita a sempre se tornar maior, e se desenvolver, se aperfeiçoar. Do exterior uma atração envolve que o arrebata para as coisas divinas, para os cumes da sabedoria e da luz. Mas, apesar dessa atração ele se sente livre para fazer suas escolhas, tomar suas resoluções e, ao mesmo tempo, responsável. Ele admira esta hierarquia imponente das almas que se escalonam através do infinito e que constituem a armadura espiritual do universo, hierarquia baseada sobre os méritos, sobre as virtudes, e à qual podem aspirar todos aqueles que muito trabalharam, muito amaram, muito sofreram.
*
Toda a obra humana, para ser bela, grande, ou razoável, deve ser como um reflexo, como uma imagem reduzida da obra eterna. As Instituições, as regras, as leis sociais devem se inspirar no plano geral, da ordem do Universo. Ora, ai que reside o ponto fraco do socialismo, a causa de seus insucessos, cada vez que ele quer passar teorias e sistemas diversos a uma realização de uma organização viva.
O Socialismo cuida muito pouco das leis superiores e do fim real da vida, que é uma finalidade de evolução e de aperfeiçoamento. Ele se preocupa muito com o corpo material, que é passageiro e muito pouco com o espírito que é imortal.
Ora, vimos instituições que não estão em harmonia com os princípios eternos e estão destinadas a perecer. O Socialismo deve antes de tudo, agrupar o conjunto das forças e dos conhecimentos de maneira a dar um impulso mais vivo à evolução do homem durante sua jornada na Terra. O verdadeiro Socialismo, consistiria pois em estudar e observar as leis e harmonias universais a fim de realizar tanto, quanto possível, no meio terrestre tanto na ordem física quanto pelas faculdades espíritas e as qualidades do coração. E só então que cada indivíduo terá adquirido a saúde perfeita da alma e do corpo, a dominação de si mesmo, quando a coletividade tiver tomado plena consciência de seus deveres e sua destinação que a Humanidade avançará com um passo mais seguro na via do bem. Até lá é preciso esperar por provas, catástrofes, males de toda a sorte, pois existe uma correlação em todas as coisas e a desordem dos espíritos leva à desordem da natureza e da sociedade.
Objetar-me-á que a massa humana é ainda pouco apta à compreensão das altas verdades e que mais ou menos incumbe ao chefe do movimento de assimilá-las, a fim de orientar para um fim nobre e elevado à marcha da multidão que o segue.
Parece que a hora das renovações se aproxima. Em meio às vicissitudes de nosso tempo conturbado, fatos significativos se produzem de onde se depreende uma grande esperança. A despeito dos males do nosso século vê-se manifestar por toda a parte uma vontade de viver, de saber, de progredir que é uma garantia certa da restauração moral e da evolução humana.
Mais alto que os germes da decadência e da ruína, vê passar o sopro do espírito que suscita por toda parte empreendimentos ricos de futuro. A despeito das causas de rivalidade e de ódio que ainda dividem os povos, vê-se desenhar uma necessidade crescente do entendimento e solidariedade que tende a uni-los em tarefas comuns.
Jamais no curso da história, a solidariedade nas provações, o sofrimento, se fez presente de uma maneira tão intensa. A cruel Guerra Mundial abriu muitas almas e a dor se tornou como que uma promessa de renovação.
Todos aqueles que foram feridos pela angústia, pela incerteza do amanhã, a perda de seres amados, sentiram a necessidade de um estado de coisas que poupasse às gerações o retorno de males semelhantes. Esta necessidade de solidariedade passou da teoria à ação. Engendra obras que agrupam os representantes dos povos, das sociedades, das corporações, de todas as associações humanas, isto não é senão um reflexo da repercussão dessa imensa solidariedade que une todas as fontes do espaço e funciona impulsionando as forças sociais de nossa Terra para um período de transformação.
A multidão imensa das vítimas da guerra plana acima de nós. Ela não permanece inativa, ela trabalha de mil maneiras, com o auxilio dos espíritos superiores para multiplicar os laços que unem o Céu e a Terra. E eis que uma comunhão mais estreita se estabelece entre aqueles que se curvam ainda sob o jugo da carne e aqueles que dela estão franqueados.
Do alto, correntes de força, de inspiração, de recursos fluídicos verte-se sobre a Humanidade. Uma revelação nova que se difunde sobre todos os pontos do globo. Revelação poderosa que levará a vida planetária para os horizontes mais esclarecidos da sabedoria e da luz divina.




[1] Socialismo e Espiritismo – Léon Denis

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