sábado, 24 de setembro de 2016

Necessidade do trabalho 2[1]


Antônio Moris Cury
 

Ao contrário do que alguns pensam, o trabalho é uma Lei da Natureza que, como decorrência, deve ser respeitada e cumprida.
É, ao mesmo tempo, um dever e uma necessidade, uma vez que não trabalhar constitui infração à lei, que claramente produz sérias consequências (com exceção de algumas poucas hipóteses – perfeitamente admissíveis e compreensíveis).
A toda evidência, não se trata de castigo como algumas pessoas chegam a externar, às vezes, até mesmo publicamente.
Com efeito, Se Deus houvesse isentado do trabalho do corpo o homem, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal. Por isso é que lhe fez do trabalho uma necessidade e lhe disse: Procura e acharás; trabalha e produzirás. Dessa maneira serás filho das tuas obras, terás delas o mérito e serás recompensado de acordo com o que hajas feito[2].
Assim, trata-se de uma excelente oportunidade de honestamente ganhar o pão de cada dia e de aperfeiçoar cada vez mais a inteligência.
As dificuldades e os problemas, que surgem em toda e qualquer atividade produtiva, são verdadeiros desafios que precisamos enfrentar com naturalidade em nosso dia a dia, ocasião em que nossa inteligência é agitada e impulsionada na busca das melhores soluções, razão pela qual progredimos e avançamos pela via do seu aperfeiçoamento.
Não é difícil entender a necessidade do trabalho. Basta que lembremos que no planeta Terra, por exemplo, nossa existência transcorre em regime de interdependência, ou seja, dependemos uns dos outros. E é muito bom que assim seja, porque cada um presta o seu contributo à coletividade, de tal modo que colabora para o equilíbrio das necessidades materiais e intelectuais e, também, para o equilíbrio das relações humanas e sociais.
Se prestarmos bastante atenção, observaremos que nada está parado na Terra, tudo se movimenta. Trabalhar (quando possível), portanto, significa estar em conformidade com o planeta que ora habitamos. E ele é de expiações e de provas, recordemos, e por isso mesmo depende de nós o seu avanço, o seu aperfeiçoamento, a sua melhoria, quando cada um procura fazer a sua parte, e fazê-la bem, com empenho, com esforço, com dedicação, com competência, com amor.
Não importa o trabalho desempenhado, do mais simples ao mais complexo, todas as atividades são importantes, visto que dependemos uns dos outros, sem exceção.
A propósito, importante reproduzir aqui o ensinamento do Espírito Joanes, através da psicografia do ínclito médium Raul Teixeira:
No mundo, o seu trabalho representa para você o necessário arrimo moral, a devida fortaleza social, a indispensável defesa do mal e do crime, facultando a valorização da sua existência humana. Dessa maneira, valorize o seu trabalho, esmerando-se no desempenho da sua profissão, oferecendo o seu esforço para realizar o que seja mais importante na faixa de sua ocupação.
É importante reforçar que o trabalho terreno tem o poder de valorizar, por seu turno, a pessoa que o realiza, pois é pelo trabalho que cada indivíduo se sente útil nas rotas da Sociedade.
Quando você trabalha, fecha significativo circuito de luz com as fontes da saúde e da alegria, permitindo que receba a ajuda dos Poderes Celestes, de modo que o labor se converta em alforria para quem o desenvolve.
Quando esteja trabalhando, sinta-se dedicado ao que faz, e por isso, vitorioso, por mais simples seja a sua atividade [3].
Por outra parte, muito importante enfatizar que o trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos[4].
A clareza do texto é solar.
Nada obstante a obra ter sido escrita e publicada no século XIX, é ainda mais inteligível, e verdadeira, a observação neste século XXI de que a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos.
Cumpre relembrar que Toda ocupação útil é trabalho[5], de tal forma que o corpo trabalha e o Espírito também. Não por acaso, Jesus Cristo, nosso Modelo e Guia, nosso Mestre e Amigo de todas as horas, foi quem disse: Meu Pai trabalha até agora, e Eu trabalho também[6].
Em outras palavras: o trabalho é constante, é permanente, para todos, encarnados e desencarnados.
A esta altura nada que surpreenda, pois, afinal, como já bem o sabemos e consolidamos: todos somos Espíritos, no corpo ou fora dele, temos origem divina, somos imortais, indestrutíveis, nossa individualidade é inteiramente preservada e, portanto, viveremos para sempre!
Felizes os que podem e querem trabalhar. Trabalhar é uma bênção.
O Senhor abençoa sempre aqueles que realizam o seu trabalho!




[2] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, 131. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2013. cap. XXV, item 3.
[3] TEIXEIRA, J. Raul. Para uso diário. Pelo Espírito Joanes. 6. ed. Niteroi: Frater, 2014. Cap. 9.
[4] KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos, 33. ed. Rio de Janeiro: FEB. pt. 3, cap. III, item 674.
[5] Op. cit. pt. 3, cap. III, item 675.
[6] BÍBLIA N.T. João. Português. Bíblia sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Campinas: Os Gideões Internacionais do Brasil, 1988. cap. 5, vers. 17.

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