Antônio Moris Cury
Ao contrário do que alguns
pensam, o trabalho é uma Lei da Natureza que, como decorrência, deve ser
respeitada e cumprida.
É, ao mesmo tempo, um dever e
uma necessidade, uma vez que não trabalhar constitui infração à lei, que
claramente produz sérias consequências (com exceção de algumas poucas hipóteses
– perfeitamente admissíveis e compreensíveis).
A toda evidência, não se trata
de castigo como algumas pessoas chegam a externar, às vezes, até mesmo
publicamente.
Com efeito, Se Deus houvesse isentado do trabalho do corpo o homem, seus membros se
teriam atrofiado; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu
espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal. Por isso
é que lhe fez do trabalho uma necessidade e lhe disse: Procura e acharás;
trabalha e produzirás. Dessa maneira serás filho das tuas obras, terás delas o
mérito e serás recompensado de acordo com o que hajas feito[2].
Assim, trata-se de uma excelente oportunidade de honestamente
ganhar o pão de cada dia e de aperfeiçoar cada vez mais a inteligência.
As dificuldades e os problemas,
que surgem em toda e qualquer atividade produtiva, são verdadeiros desafios que
precisamos enfrentar com naturalidade em nosso dia a dia, ocasião em que nossa
inteligência é agitada e impulsionada na busca das melhores soluções, razão
pela qual progredimos e avançamos pela via do seu aperfeiçoamento.
Não é difícil entender a
necessidade do trabalho. Basta que lembremos que no planeta Terra, por exemplo,
nossa existência transcorre em regime de interdependência, ou seja, dependemos
uns dos outros. E é muito bom que assim seja, porque cada um presta o seu contributo
à coletividade, de tal modo que colabora para o equilíbrio das necessidades
materiais e intelectuais e, também, para o equilíbrio das relações humanas e
sociais.
Se prestarmos bastante atenção,
observaremos que nada está parado na Terra, tudo se movimenta. Trabalhar
(quando possível), portanto, significa estar em conformidade com o planeta que
ora habitamos. E ele é de expiações e de provas, recordemos, e por isso mesmo
depende de nós o seu avanço, o seu aperfeiçoamento, a sua melhoria, quando cada
um procura fazer a sua parte, e fazê-la bem, com empenho, com esforço, com
dedicação, com competência, com amor.
Não importa o trabalho
desempenhado, do mais simples ao mais complexo, todas as atividades são importantes, visto que dependemos uns dos
outros, sem exceção.
A propósito, importante
reproduzir aqui o ensinamento do Espírito
Joanes, através da psicografia do ínclito médium Raul Teixeira:
No mundo, o seu trabalho representa para você o necessário arrimo
moral, a devida fortaleza social, a indispensável defesa do mal e do crime,
facultando a valorização da sua existência humana. Dessa maneira, valorize o
seu trabalho, esmerando-se no desempenho da sua profissão, oferecendo o seu
esforço para realizar o que seja mais importante na faixa de sua ocupação.
É importante reforçar que o trabalho terreno tem o poder de valorizar,
por seu turno, a pessoa que o realiza, pois é pelo trabalho que cada indivíduo
se sente útil nas rotas da Sociedade.
Quando você trabalha, fecha significativo circuito de luz com as fontes
da saúde e da alegria, permitindo que receba a ajuda dos Poderes Celestes, de
modo que o labor se converta em alforria para quem o desenvolve.
Quando esteja trabalhando, sinta-se dedicado ao que faz, e por isso,
vitorioso, por mais simples seja a sua atividade [3].
Por outra parte, muito
importante enfatizar que o trabalho é lei
da Natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização
obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos[4].
A clareza do texto é solar.
Nada obstante a obra ter sido
escrita e publicada no século XIX, é ainda mais inteligível, e verdadeira, a
observação neste século XXI de que a civilização obriga o homem a trabalhar
mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos.
Cumpre relembrar que Toda ocupação útil é trabalho[5],
de tal forma que o corpo trabalha e o Espírito também. Não por acaso, Jesus
Cristo, nosso Modelo e Guia, nosso Mestre e Amigo de todas as horas, foi quem
disse: Meu Pai trabalha até agora, e Eu
trabalho também[6].
Em outras palavras: o trabalho é
constante, é permanente, para todos, encarnados e desencarnados.
A esta altura nada que
surpreenda, pois, afinal, como já bem o sabemos e consolidamos: todos somos
Espíritos, no corpo ou fora dele, temos origem divina, somos imortais,
indestrutíveis, nossa individualidade é inteiramente preservada e, portanto,
viveremos para sempre!
Felizes os que podem e querem
trabalhar. Trabalhar é uma bênção.
O Senhor abençoa sempre aqueles
que realizam o seu trabalho!
[2] KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o Espiritismo, 131. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2013. cap. XXV,
item 3.
[3] TEIXEIRA, J. Raul. Para uso diário. Pelo Espírito
Joanes. 6. ed. Niteroi: Frater, 2014. Cap. 9.
[4] KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos, 33. ed. Rio de
Janeiro: FEB. pt. 3, cap. III, item 674.
[5] Op. cit. pt.
3, cap. III, item 675.
[6] BÍBLIA N.T. João. Português. Bíblia sagrada. Tradução
de João Ferreira de Almeida. Campinas: Os Gideões Internacionais do Brasil,
1988. cap. 5, vers. 17.
Nenhum comentário:
Postar um comentário