Nilza Garcia – 23/05/2015 - Centro
de Estudos Espíritas Paulo Apóstolo - Ceepa, Mirassol - SP
Seja você espírita ou não,
provavelmente, já se viu em determinada situação em que alguém lhe transmitiu
alguma "mensagem", recebida por algum médium, adivinho ou
"sensitivo", tendo você como especial destinatário.
É muito provável, também, você
conhecer pessoas que andam consultando e recebendo instruções de espíritos por
aí, na intenção de obter soluções rápidas para seus problemas ou aflições. Há
também o caso daquele seu vizinho que "recebe" tal e qual entidade e
"trabalha" em casa mesmo.
Pois bem, você deve ter ficado
em dúvida, sem saber discernir o conteúdo dessas mensagens. Teria sido
proveniente de um espírito mesmo? Ou então, no mínimo, teria esse espírito uma
índole moral superior capaz de merecer a sua confiança?
Levando ainda essa questão para
o campo estritamente psíquico, da influenciação espiritual, a que todos estamos
sujeitos e que ocorre inconscientemente, na rotina de nossas vidas, podemos
observar a natureza de nossas próprias cogitações mentais. O que estamos
cogitando? Seja o que for, será algo digno de alguém preocupado com a
autoeducação espiritual?
Respostas para dúvidas
mediúnicas estão na obra de Allan Kardec.
O codificador do espiritismo,
Allan Kardec, em sua obra O Livro dos
Médiuns, deixou tudo isso muito bem claro e, para os estudiosos da
doutrina, o que falamos aqui não é nenhuma novidade. Mas, para quem está
chegando agora e para os que se interessam em recapitular o aprendido, aqui vão
26 maneiras de identificar se uma comunicação é proveniente de um espírito
superior ou não:
1.
Não há outro
critério para discernir o valor dos espíritos senão o bom-senso.
2.
Conhecemos os
espíritos pela sua linguagem e pelos seus conselhos, ou seja, pelos sentimentos
que inspiram e os conselhos que dão.
3.
Uma vez admitido
que os bons espíritos não podem dizer e fazer senão o bem, tudo o que for mau
não pode provir de um bom espírito.
4.
A linguagem dos
espíritos superiores é sempre digna, nobre e elevada, sem mistura de
trivialidades. Dizem tudo com simplicidade e modéstia, não se gabam jamais, não
exibem seu saber nem a sua posição entre os outros. A linguagem dos espíritos
inferiores ou vulgares tem sempre algum reflexo das paixões humanas. Toda
expressão que indique baixeza, presunção, arrogância, fanfarrice, acrimônia, é
indício característico de inferioridade, ou de fraude se o espírito se
apresenta sob um nome respeitável e venerado.
5.
Não é pela forma
material e nem pela correção do estilo que se julga um espírito, mas, sim,
sondando-lhe o íntimo, esquadrinhando suas palavras, pesando-as friamente,
maduramente e sem prevenção. Todo desvio de lógica, razão e de sabedoria, não
pode deixar dúvida quanto à sua origem, qualquer que seja o nome com o qual se
vista a entidade espiritual comunicante.
6.
A linguagem dos
espíritos elevados é sempre idêntica, senão quanto à forma, pelo menos quanto
ao fundo. Não são contraditórios.
7.
Os bons espíritos
não dizem senão o que sabem, calam-se ou confessam sua ignorância sobre o que
não sabem.
Os
maus falam de tudo com segurança, sem se preocuparem com a verdade. Toda
heresia científica notória, todo princípio que choque o bom-senso, mostra a
fraude se o espírito se diz esclarecido.
8.
É fácil
reconhecer os espíritos levianos pela facilidade com que predizem o futuro e
precisam fatos materiais que não nos é dado conhecer. Os bons espíritos podem
fazer pressentir as coisas futuras quando esse conhecimento for útil, mas não
precisam jamais as datas: todo anúncio de acontecimento com época fixada é
indício de uma mistificação.
9.
Os espíritos
elevados se exprimem de maneira simples, sem prolixidade. Seu estilo é conciso,
sem excluir a poesia de ideias, de expressões sempre inteligíveis e ao alcance
de todos, sem exigir esforço para ser compreendido. Têm a arte de dizerem
muitas coisas com poucas palavras, porque cada palavra tem sua importância. Os
espíritos inferiores, ou falsos sábios, escondem sob a presunção e ênfase o
vazio dos pensamentos. Sua linguagem, frequentemente, é pretensiosa, ridícula,
ou obscura à força de querer parecer profunda. Mas não é.
10.
Os bons espíritos
jamais ordenam: não se impõem, aconselham e, se não são escutados, se retiram.
Os maus são imperiosos, dão ordens, querem ser obedecidos e permanecem mesmo
assim. Todo espírito que se impõe, trai sua origem. São exclusivos e absolutos
em suas opiniões, e pretender ter, só eles, o privilégio da verdade. Exigem uma
crença cega e não apelam à razão, porque sabem que a razão os desmascariam.
11.
Os bons espíritos
não lisonjeiam. Aprovam quando se faz o bem, mas sempre com reservas. Os maus
dão elogios exagerados, estimulam o orgulho e a vaidade, pregando a humildade,
e procuram exaltar a importância pessoal daqueles a quem desejam captar.
12.
Os espíritos
superiores estão acima das puerilidades da forma e em todas as coisas. Só os
espíritos vulgares podem dar importância a detalhes mesquinhos, incompatíveis
com as ideias verdadeiramente elevadas. Toda prescrição meticulosa é um sinal
certo de inferioridade e de fraude da parte de um espírito que toma um nome
importante.
13.
Desconfie dos
nomes bizarros e ridículos que tomam certos espíritos que querem se impor à
credulidade. Seria soberanamente absurdo tomar esses nomes a sério.
14.
Desconfie também
dos espíritos que se apresentam muito facilmente com nomes extremamente
venerados e não aceite suas palavras senão com a maior reserva. Neste caso é necessário um controle severo e
indispensável, porque, frequentemente, é uma máscara que tomam para fazer crer
em pretendidas relações íntimas com os espíritos excepcionais. Por esse meio
afagam a vaidade do médium e dela se aproveitam para induzi-lo, constantemente,
a diligências lamentáveis ou ridículas.
15.
Os bons espíritos
são muito escrupulosos sobre as atitudes que podem aconselhar. Em todos os
casos, não aconselham jamais se não houver um objetivo sério eminentemente
útil. Deve-se considerar como suspeitas todas as que não tiverem esse caráter,
ou não estiverem de acordo com a razão. É ainda necessário refletir maduramente
todo conselho recebido para não correr o risco de expor-se a mistificações
desagradáveis.
16.
Os bons espíritos
podem também serem reconhecidos pela sua prudente reserva sobre todas as coisas
que podem comprometer. Repugna-lhes revelar o mal. Os espíritos levianos ou
malévolos se comprazem em fazê-lo realçar. Enquanto que os bons procuram
suavizar os erros e pregam a indulgência, os maus os exageram e sopram a
cizânia por meio de insinuações pérfidas.
17.
Os bons espíritos
prescrevem unicamente o bem. Toda máxima, todo conselho que não esteja
estritamente conforme a pura caridade evangélica, não pode ser obra dos bons
espíritos.
18.
Os bons espíritos
não aconselham jamais senão coisas perfeitamente racionais. Toda recomendação que se afaste da reta
linha do bom-senso ou das leis imutáveis da natureza, acusa um espírito
limitado e, por consequência, pouco digno de confiança.
19.
Os espíritos maus
ou simplesmente imperfeitos se traem ainda por sinais materiais ante os quais a
ninguém poderiam enganar. Sua ação sobre o médium é algumas vezes violenta,
nele provocando movimentos bruscos e sacudidos, uma agitação febril e
convulsiva, que se choca com a calma e a doçura dos bons espíritos.
20.
Os espíritos
imperfeitos, frequentemente, aproveitam os meios de comunicação de que dispõem
para dar pérfidos conselhos. Excitam a desconfiança e animosidade contra
aqueles que lhe são antipáticos, os que podem desmascarar suas imposturas são,
sobretudo, o objeto de sua repreensão. Os
homens fracos são seu alvo para os induzir ao mal. Empregando, sucessivamente,
os sofismas, os sarcasmos, as injúrias e até sinais materiais de seu poder
oculto para melhor convencer, procuram desviá-los da senda da verdade.
21.
O espírito de
homens que tiveram, na Terra, uma preocupação única, material ou moral, se não
estão libertos da influência da matéria, estão ainda sob o império das ideias
terrestres, e carregam consigo uma parte de preconceitos, de predileções e
mesmo de manias que tinham neste mundo. O que é fácil de se reconhecer pela sua
linguagem.
22.
Os conhecimentos
com os quais certos espíritos se adornam, com uma espécie de ostentação, não
são um sinal de sua superioridade. A inalterável pureza dos sentimentos morais
é, a esse respeito, a verdadeira prova de sua superioridade moral.
23.
Não basta
interrogar um espírito para conhecer a verdade. É preciso, antes de tudo, saber
a quem se dirige, porque os espíritos inferiores, ignorantes eles mesmos,
tratam com frivolidade as questões mais sérias. Também não basta que um espírito tenha tido
um grande nome na Terra, para ter, no mundo espírita, a soberana ciência. Só a
virtude pode, em purificando-o, aproximá-lo de Deus e desenvolver seus
conhecimentos.
24.
Da parte dos
espíritos superiores, o gracejo, frequentemente, é fino e picante, mas jamais é
trivial. Entre os espíritos gracejadores que não são grosseiros, a sátira
mordaz é sempre muito oportuna.
25.
Estudando-se com
cuidado o caráter dos espíritos que se apresentam, sobretudo do ponto de vista
moral, se reconhece sua natureza e o grau de confiança que se lhe pode
conceder. O bom-senso não poderia enganar.
26.
Para julgar os
espíritos, como para julgar os homens, é preciso saber primeiro julgar a si
mesmo. Infelizmente, há muitas pessoas que tomam sua opinião pessoal por medida
exclusiva do bom e do mau, do verdadeiro e do falso. Tudo o que contradiga sua
maneira de ver, suas ideias, o sistema que conceberam ou adotaram, é mau aos
seus olhos. A tais pessoas, evidentemente, falta à primeira qualidade para uma
justa apreciação: a retidão do julgamento. Mas disso não suspeitam. É o defeito
sobre o qual mais nos iludimos.
Acreditamos que tendo essas
considerações em mente, fica bem mais fácil discernirmos a qualidade de nossos
próprios pensamentos e também nos precavermos de tanta charlatanice que anda
deturpando a essência esclarecedora do espiritismo por aí.
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