Henrique Valêncio
Com o avanço da idade,
geralmente as pessoas ficam mais serenas, mais calmas e muitas reações que na
juventude seriam carregadas de certa energia exagerada ou até mesmo descontroladas,
passam a ser revestidas de temperança e racionalidade.
É a experiência, o
autoconhecimento que chegam com a maturidade. Entretanto, justamente quando a
criatura fica mais ponderada e equilibrada, quando a sabedoria se faz presente
de forma preponderante, surgem os quase inevitáveis efeitos da decrepitude do
corpo físico. Como diz o brilhante jornalista Salomão Ésper, “é uma injustiça”!
Chico Xavier dizia: “Devemos
pedir a Deus para viver muito… Depois dos 70 a gente não tem mais ânimo para ter
qualquer coisa contra alguém”.
Devido ao aumento do número de
pessoas idosas no Planeta, estatística que não é diferente no Brasil, os
especialistas têm se debruçado sobre o problema que é o incremento de pessoas
mais velhas e o decréscimo de nascimentos. Essa equação de difícil resolução já
provoca certo pânico nos números da previdência oficial de todos os países,
dentre eles o Brasil. Para que se tenha uma ideia, o número de brasileiros e
brasileiras maiores de 60 e 65 anos aumentou de cerca de 15 milhões para 21
milhões de 1999 a 2009, apenas 10 anos! E não é pequena a preocupação das
autoridades em propiciar um detalhe que escapa para muitos analistas: prover
qualidade de vida para essas pessoas.
E cabe aqui a pergunta: existe
uma relação direta entre as doenças e a espiritualidade? Ao que tudo indica,
sim. Especialmente uma delas é motivo de grande apreensão e sofrimento para
tantas pessoas, que é a chamada doença de Alzheimer, enfermidade
neuropsiquiátrica que impossibilita à pessoa acessar sua memória mais profunda,
ou seja, a família tem o seu ente querido presente, mas ele não consegue sequer
reconhecer os amados com quem vive. É uma espécie de ser, não sendo que causa
imensa dor aos familiares.
Sobre a doença de Alzheimer,
alguns estudos têm demonstrado a influência da espiritualidade nas síndromes
demenciais. Estudo recente publicado na revista Neurology demonstrou que altos
níveis de espiritualidade e práticas religiosas foram associados a uma menor
progressão da doença de Alzheimer. Este achado, que já havia sido investigado,
mostrou que a frequência religiosa foi associada a menores taxas de declínio
cognitivo, ao avaliar cerca de 3.000 pacientes idosos. Além disso, a prece e a
leitura da Bíblia já têm se mostrado alternativas para pacientes demenciados
agitados, assim como atividades religiosas e espirituais têm sido relatadas
como capazes de prevenir agitação.
Como nós espíritas já tivemos
chance de aprender, especialmente através da obra de André Luiz pela mão de
Chico Xavier, a busca da espiritualização da criatura humana é a chave por
intermédio da qual alcançaremos a libertação de todas as enfermidades que nos
assolam, sejam elas doenças do nosso psiquismo, reiteradamente entregue às
ilusões materiais, ou as que prostram e violentam nosso corpo físico.
Se entendemos que
espiritualidade é uma busca pessoal para entender questões relacionadas à vida,
ao seu sentido, sobre as relações com o sagrado ou transcendente, encontraremos
no Evangelho de Jesus e na Codificação Kardequiana meios inigualáveis para
atingir a saúde da nossa alma a breve tempo. Não sem lutas acerbas, posto que o
inimigo a combater é tenaz e persistente e está fincado de forma profunda
dentro de cada um de nós, consubstanciado em nossos erros, defeitos e vícios.
A nossa saúde, portanto, está
diretamente ligada à conquista de nossa espiritualização, como Santo Agostinho
cravou na resposta à pergunta n° 919 de O
Livro dos Espíritos: “Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti
mesmo”.
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