terça-feira, 2 de agosto de 2016

Influência da espiritualidade nos casos de Alzheimer[1]



Henrique Valêncio
 

Com o avanço da idade, geralmente as pessoas ficam mais serenas, mais calmas e muitas reações que na juventude seriam carregadas de certa energia exagerada ou até mesmo descontroladas, passam a ser revestidas de temperança e racionalidade.
É a experiência, o autoconhecimento que chegam com a maturidade. Entretanto, justamente quando a criatura fica mais ponderada e equilibrada, quando a sabedoria se faz presente de forma preponderante, surgem os quase inevitáveis efeitos da decrepitude do corpo físico. Como diz o brilhante jornalista Salomão Ésper, “é uma injustiça”!
Chico Xavier dizia: “Devemos pedir a Deus para viver muito… Depois dos 70 a gente não tem mais ânimo para ter qualquer coisa contra alguém”.
Devido ao aumento do número de pessoas idosas no Planeta, estatística que não é diferente no Brasil, os especialistas têm se debruçado sobre o problema que é o incremento de pessoas mais velhas e o decréscimo de nascimentos. Essa equação de difícil resolução já provoca certo pânico nos números da previdência oficial de todos os países, dentre eles o Brasil. Para que se tenha uma ideia, o número de brasileiros e brasileiras maiores de 60 e 65 anos aumentou de cerca de 15 milhões para 21 milhões de 1999 a 2009, apenas 10 anos! E não é pequena a preocupação das autoridades em propiciar um detalhe que escapa para muitos analistas: prover qualidade de vida para essas pessoas.
E cabe aqui a pergunta: existe uma relação direta entre as doenças e a espiritualidade? Ao que tudo indica, sim. Especialmente uma delas é motivo de grande apreensão e sofrimento para tantas pessoas, que é a chamada doença de Alzheimer, enfermidade neuropsiquiátrica que impossibilita à pessoa acessar sua memória mais profunda, ou seja, a família tem o seu ente querido presente, mas ele não consegue sequer reconhecer os amados com quem vive. É uma espécie de ser, não sendo que causa imensa dor aos familiares.
Sobre a doença de Alzheimer, alguns estudos têm demonstrado a influência da espiritualidade nas síndromes demenciais. Estudo recente publicado na revista Neurology demonstrou que altos níveis de espiritualidade e práticas religiosas foram associados a uma menor progressão da doença de Alzheimer. Este achado, que já havia sido investigado, mostrou que a frequência religiosa foi associada a menores taxas de declínio cognitivo, ao avaliar cerca de 3.000 pacientes idosos. Além disso, a prece e a leitura da Bíblia já têm se mostrado alternativas para pacientes demenciados agitados, assim como atividades religiosas e espirituais têm sido relatadas como capazes de prevenir agitação.
Como nós espíritas já tivemos chance de aprender, especialmente através da obra de André Luiz pela mão de Chico Xavier, a busca da espiritualização da criatura humana é a chave por intermédio da qual alcançaremos a libertação de todas as enfermidades que nos assolam, sejam elas doenças do nosso psiquismo, reiteradamente entregue às ilusões materiais, ou as que prostram e violentam nosso corpo físico.
Se entendemos que espiritualidade é uma busca pessoal para entender questões relacionadas à vida, ao seu sentido, sobre as relações com o sagrado ou transcendente, encontraremos no Evangelho de Jesus e na Codificação Kardequiana meios inigualáveis para atingir a saúde da nossa alma a breve tempo. Não sem lutas acerbas, posto que o inimigo a combater é tenaz e persistente e está fincado de forma profunda dentro de cada um de nós, consubstanciado em nossos erros, defeitos e vícios.
A nossa saúde, portanto, está diretamente ligada à conquista de nossa espiritualização, como Santo Agostinho cravou na resposta à pergunta n° 919 de O Livro dos Espíritos: “Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo”.




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