Marcus De Mario é Escritor,
Educador e Consultor
Logo no início, a partir da
questão 149, ficamos sabendo que a morte nada mais é do que o retorno da Alma
ao mundo espiritual, onde ela mantém a sua individualidade e faz sua
identificação através do perispírito, ou corpo espiritual. Na questão 150 b os
benfeitores espirituais da humanidade ensinam que levamos de volta o desejo de
ir para um mundo melhor, e quanto mais pura for a Alma mais ela estará
desligada das coisas materiais. Essa informação já provoca um questionamento:
se o indivíduo, homem ou mulher, que é a Alma imortal, teve uma existência
dedicada ao bem e vivendo com simplicidade, levando consigo a aspiração de
conseguir elevação espiritual por isso, por que haveria de passar, mesmo que
por um minuto, nas zonas umbralinas?
Na questão 154 ficamos sabendo
que a Alma nada sofre no momento da separação do corpo, pois o processo é
gradual.
Comentando esse processo, na
questão 155, temos a seguinte explicação de Kardec:
Durante a vida o Espírito está ligado ao corpo pelo seu envoltório
material ou perispírito; a morte é apenas a destruição do corpo, e não desse
envoltório, que se separa do corpo quando cessa a vida orgânica. A observação
prova que no instante da morte o desprendimento do Espírito não se completa
subitamente; ele se opera gradualmente, com lentidão variável, segundo os
indivíduos.
Para uns é bastante rápido e pode dizer-se que o momento da morte é
também o da libertação, que se verifica logo após. Noutros, porém, sobretudo
naqueles cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito mais
demorado, e dura às vezes alguns dias, semanas e até mesmo meses, o que não
implica a existência no corpo de nenhuma vitalidade, nem a possibilidade de
retorno à vida, mas a simples persistência de uma afinidade entre o corpo e o
Espírito, afinidade que está sempre na razão da preponderância que, durante a
vida, o Espírito deu à matéria. É lógico admitir que quanto mais o Espírito
estiver identificado com a matéria, mais sofrerá para separar-se dela. Por
outro lado, a atividade intelectual e moral e a elevação dos pensamentos operam
um começo de desprendimento, mesmo durante a vida corpórea, e quando a morte
chega é quase instantânea.
Lembremos que Allan Kardec muito
observou e estudou sobre a realidade da vida após a morte, e suas pesquisas
sempre tiveram o critério do método científico, nada aceitando que não
explicasse os fatos e não estivesse de acordo com a universalidade do ensino
dos Espíritos (ou Almas). Com esses critérios ele esclarece que aquele/a que
viveu no campo moral, utilizando a inteligência para o bem, mantendo elevação
de pensamento, já mesmo no corpo inicia seu desprendimento, lançando-se à
dimensão espiritual com naturalidade e rapidez. Então, voltamos a indagar: por
que uma pessoa do bem, uma pessoa altruísta, que domina a si mesmo, teria que
passar pelo Umbral após a morte do corpo?
Será que Chico Xavier, Irmã
Dulce, Madre Tereza de Calcutá, Francisco de Assis, Bezerra de Menezes, Gandhi
e tantos outros benfeitores encarnados, homens e mulheres que semearam o bem e
o amor, que combateram em si mesmos os vícios e foram campeões de virtudes, ao
desencarnarem, tiveram que passar pelo Umbral? Se a resposta for positiva,
outra indagação: e a justiça divina, onde fica? Então nossos esforços em sermos
melhores, mais moralizados e espiritualizados não nos isenta de sofrer, mesmo
que pouco, na volta à condição plena de Espírito? A razão nos diz que não pode
ser assim, que a lei é de evolução, e que os atos de caridade nos dão os
méritos necessários para sermos recebidos como vencedores de nós mesmos e do
mundo. Deus não poderia ser injusto para com seus filhos que, famosos ou não,
cumpriram integralmente com suas missões de melhorar a si mesmos e ao mundo.
Reproduzamos agora a questão
160: “O Espírito encontra imediatamente aqueles que conheceu na Terra e que
morreram antes dele? – Sim, segundo a afeição que tenham mantido
reciprocamente. Quase sempre eles o vêm receber na sua volta ao mundo dos
Espíritos, e o ajudam a libertar-se das faixas da matéria. Vê também a muitos
que havia perdido de vista durante a passagem pela Terra; vê os que estão na
erraticidade, bem como os que se encontram encarnados”.
Tudo está mergulhado no amor, e
a misericórdia, bondade e justiça divinas não poderiam funcionar diferente: os
que nos amam nos aguardam e recebem do outro lado da vida. Afeições cultivadas
ao longo da existência terrena granjeiam para nós sólidas amizades, outras
tantas afeições que vão nos amparar, motivo pelo qual podemos perguntar: Se
temos tantos que nos amam, que nos querem o bem, que nos são gratos, e eles
podendo (e podem) interceder a nosso favor, por que deveríamos primeiro sofrer,
para só depois podermos conviver com eles?
Perturbação
espiritual
O que confunde muitos espíritas
de pouco estudo, é o item, no mesmo capítulo de O Livro dos Espíritos, sobre a “Perturbação Espírita”. Entretanto,
a leitura atenta das duas primeiras questões já nos esclarece, não deixando
margem a qualquer dúvida:
163. Deixando o corpo,
a alma tem imediata consciência de si mesma?
– Consciência imediata não é o termo: ela fica perturbada
por algum tempo.
164. Todos os
Espíritos experimentam, no mesmo grau e pelo mesmo tempo, a perturbação que se
segue à separação da alma e do corpo?
– Não, pois isso depende da sua elevação. Aquele que já está
depurado se reconhece quase imediatamente, porque se desprendeu da matéria
durante a vida corpórea, enquanto o homem carnal, cuja consciência não é pura,
conserva por muito mais tempo a impressão da matéria.
Perturbação espiritual no após morte
não significa passar pelo Umbral, e sim aquele momento, de maior ou menor
tempo, de maior ou menor intensidade, de readquiri a própria consciência, o que
vai depender da elevação moral/espiritual da pessoa (Espírito), do seu maior ou
menor grau de apego à matéria. Temos, nesse sentido, o testemunho de milhares
de depoimentos dos Espíritos através da mediunidade, onde muitos declaram que
não se lembram do que lhes aconteceu, mas apenas que caíram em sono mais ou
menos profundo, vindo a despertar num posto de socorro ou colônia espiritual,
já atendidos e amparados.
Bem, de tudo o que pudemos
refletir, podemos concluir que nem todo Espírito, após a desencarnação, tem que
passar, necessariamente, pelo Umbral. Todos teremos, de forma mais leve ou não,
a perturbação espiritual, mas aquele que pratica o bem e ama o próximo,
readquire sua consciência de forma quase imediata, sendo recebido pelos seus
amigos e familiares, todos em júbilo, por poderem compartilhar com ele as
benesses da lei divina, que reconhece o justo do injusto, o bom do mau, como só
poderia acontecer em face da razão e da lógica.
Fonte: Orientação Espírita
Corroborando com as diretrizes do texto e trazendo os conhecimentos que a mediunidade do Chico nos permitiu, podemos recordar as palavras de Lísias para André Luiz. O livro é Nosso Lar e o capítulo é O Umbral.
ResponderExcluir*O Umbral funciona como como uma região destinada a esgotamento de resíduos mentais... há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevação. Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados apenas por leis vibratórias.*
O que nos chama a atenção e causa até mesmo um frio na alma, no entanto, é a relação que ele faz entre o Umbral e o nosso dia a dia como encarnados. Diz ele: * O plano está repleto de desencarnados e de formas-pensamento dos encarnados... e é pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. *
Não é só a relação pensamento a pensamento dentro do mesmo plano que nos deve preocupar, mas, sim a relação entre planos diferentes. A afinidade gera influenciação nos dois sentidos. Nossa experiência na carne serve para reeducarmos nossos sentimentos, emoções, causa primeira dos erros. Acreditando estar o Umbral longe de nossa presença, relaxamos a vigilância e sintonizamos com as vibrações desequilibradas, sentindo as influências, mas, infelizmente, influenciando também. Nesse sentido, são claras as afirmações de Lísias: * O Umbral começa na crosta terrestre *.