Alessandro
Viana Vieira de Paula
Consta do Evangelho de João,
capítulo 16, versículos 12 e 13, a seguinte promessa de Jesus: Ainda tenho
muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele
Espírito de Verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si
mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.
Sabemos que Jesus, por conta da
limitação intelectual e moral da criatura humana, não pôde dizer tudo à Sua
época. Por isso, muitas vezes, utilizou de alegorias e ensinou através das
parábolas, mas, na Santa Ceia, no trecho citado do Evangelho de João, afirmou
que viria o Espírito de Verdade para nos guiar através da verdade.
Encontramos na Codificação Espírita
diversas mensagens atribuídas ao Espírito de Verdade, e sabemos que Ele é o
responsável pela vinda da veneranda Doutrina Espírita e atuou diretamente no
período da Codificação, inspirando Allan Kardec e dirigindo espiritualmente sua
tarefa.
Há, no meio espírita,
basicamente, três posicionamentos sobre quem seria o Espírito de Verdade: 1.
seria o próprio Cristo; 2. seria João Batista; 3. seria um grupo de Espíritos
elevados atuando sob a direção do Cristo.
Na Revista Espírita, de março e
junho de 1862, há a evocação de dois membros da Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas que regressaram à Espiritualidade: Sr. Jobard e Sr. Sanson.
O Sr. Jobard, ao ser questionado
por Allan Kardec sobre os Espíritos que estava vendo, diz: Vejo,
principalmente, Lázaro e Erasto; depois, mais afastado, o Espírito de Verdade,
planando no espaço; depois uma multidão de Espíritos amigos que vos cercam,
agradecidos e benevolentes. Sede felizes, amigos, porque boas influências vos
disputam às calamidades do erro (março de 1862).
O Sr. Sanson, por sua vez, diz
que estava vendo o Espírito de Verdade, Santo Agostinho, Lamennais, Sonnet, São
Paulo, Luís e outros amigos, conforme consta da Revista Espírita de junho de
1862.
Diante dessas valorosas
informações, podemos excluir a ideia de que o Espírito de Verdade seria um
grupo de Espíritos, pois, na verdade, trata-se de um Espírito.
Na obra O Evangelho segundo o
Espiritismo, no capítulo VI, encontramos uma das mais belas mensagens do
Espírito de Verdade: Venho, como outrora, entre os filhos desgarrados de
Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como
outrora a minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a
verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que
levanta as ondas. Eu revelei a doutrina divina; e, como um segador, liguei em
feixes o bem esparso pela humanidade, e disse: “Vinde a mim, todos vós que
sofreis!”
(…) Todas as verdades se
encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem
humana. (…) Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o
segundo.
Esta mensagem também se encontra
em O livro dos Médiuns, no capítulo XXXI, item IX, e no final, numa nota, Allan
Kardec diz que ela foi recebida por um dos melhores médiuns da Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas e foi assinada pelo Espírito Jesus de Nazaré.
O Codificador fala da elevação e
das ideias constantes da mensagem, deixando a cada um a avaliação da
autenticidade da autoria.
O conteúdo da mensagem realmente
é elevado e também se percebe pelas palavras utilizadas, como, por exemplo... e
disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis!”
que somente poderia ter sido ditada pelo Espírito que a assina.
Dada a seriedade do assunto ora
tratado, buscamos outras mensagens de autoria do Espírito de Verdade, com o
escopo de analisarmos o conteúdo e as palavras usadas, a fim de esclarecermos
Sua identidade.
Na Revista Espírita, de dezembro
de 1864, há uma mensagem do Espírito de Verdade, onde Ele faz referências à obra
O Evangelho segundo o Espiritismo, lançado naquele ano:
Um novo livro acaba de aparecer;
é uma luz mais brilhante que vem clarear a vossa marcha. Há dezoito séculos
vim, por ordem do meu Pai, trazer a palavra de Deus aos homens de vontade. Esta
palavra foi esquecida pelo maior número, e a incredulidade, o materialismo
vieram abafar o bom grão que eu tinha depositado em vossa terra.
Há várias moradas na casa do
Pai, disse-lhes eu há dezoito séculos. Estas palavras o Espiritismo veio
fazê-las compreendidas.
Encontramos, ainda, em O
Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo VI, outra magnífica lição do
Espírito de Verdade: Eu sou o grande médico das almas, e venho trazer-vos o
remédio que vos deve curar. Os débeis, os sofredores e os enfermos são os meus filhos
prediletos, e venho salvá-los. Vinde, pois, a mim, todos vós que sofreis e que
estais sobrecarregados, e sereis aliviados e consolados.
Dessa forma, perguntamos:
Quem é o grande médico das
almas?
Quem trouxe a palavra de Deus
aos homens de vontade?
Quem disse: Há muitas moradas na
Casa do Pai?
Quem afirmou: Vinde a mim, todos
vós que sofreis…?
Não há dúvidas.
O Espírito de Verdade é Jesus,
que voltou para cumprir a promessa de enviar o Consolador Prometido, de forma
que Ele cuidou diretamente da vinda do Espiritismo à Terra, sendo que os demais
Espíritos que colaboraram na Codificação, tais como, Santo Agostinho, São
Vicente de Paulo, São Luís, Sócrates, Platão, Paulo, São João Evangelista,
Erasto, agiram sob a Sua inspiração direta.
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