Ana Francisca Garcia Zani
O 8 de março de 1917 foi marcado
com a manifestação de 90 mil operárias contra o Czar Nicolau II elas
protestaram contra, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa
na Guerra, no protesto que ficou conhecido como "Pão e Paz".
O 8 de março foi instituído Dia
Internacional da Mulher em 1910, na Dinamarca, em meio à II Conferência
Internacional de Mulheres Socialistas, embora só tenha sido oficializado pela
ONU (Organização das Nações Unidas) em 1975.
Essa data deve ser momento para
reflexão sobre a condição feminina no planeta... Gosto de pensar nessa data
como momento para refletir!
Não concordo com homenagens
vazias à mulher, principalmente essas melífluas que enaltecem a mulher como ser
superior somente pelo fato de ser mulher! Mulher é um ser humano: Com virtudes
e com enganos, no processo de evolução.
Não gosto de ganhar flores no
dia internacional da mulher. A meu ver esses mimos podem tirar o foco do real
significado da data. O mais importante é não perder de vista o caráter
sociopolítico do dia, evitando que esse tributo à mulher se transforme em
momento de mero afago dos afetos domésticos. O dia, afinal, simboliza lutas por
pertencimento social e político. Então, a oferta de uma flor, a gentil entrega
de um presente ou qualquer manifestação carinhosa, para mães, amigas,
namoradas, companheiras, esposas; não pode desvirtuar o foco da comemoração. O
real sentido do Dia Internacional da Mulher deve permanecer vivo na memória de
todos e ser cumprido, mesmo porque, não estão encerradas as lutas de afirmação
das mulheres nos lugares de poder do mundo. Deve se comemorar o respeito à
dignidade da mulher já conquistado com luta.
É, um dia de festa, mas antes de
ser momento de homenagens pessoais, é a evocação cívica da memória das batalhas
de mulheres e de homens igualitaristas que foram capazes de realizar por si
mesmos as mudanças necessárias para evoluir e se fortalecer nos espaços do
mundo social, econômico, político e, por incrível que possa parecer no
doméstico. As pesquisas apontam uma quantidade assustadora de violência contra
a mulher!
É momento de lembrar que ainda
há muito por fazer!
Flores? Recebo-as com gosto no
meu aniversário! Não quero flores quero respeito! Não quero flores apenas pelo
fato de ser mulher. Homenagear a mulher por quê? Para que? Homenagem, sim!
Quando fizer algo que mereça.
No processo de evolução o papel
da mulher se ampliou, mas de algum modo não se modificou: As mulheres continuam
com tarefas similares às do século passado e ainda inseriram em suas vidas
outras responsabilidades.
Um dos desafios femininos é
discutir amorosamente, se possível, com os homens para que eles passem mais
horas realizando trabalhos domésticos porque no geral homens apenas
ajudam.
A divisão das tarefas do lar entre homens e
mulheres é ainda um sonho (o pensamento típico dos brasileiros designa essa
responsabilidade às mulheres!). O novo padrão pede que o homem seja inserido
nestes deveres. Onde há um folgado sempre tem alguém sobrecarregado! Como a
mulher tem uma capacidade imensa de acumular funções, é fundamental que entenda
que precisa aprender a delegar ao companheiro, aos filhos. Senão corre o risco
de deixar brechas, seja no lado profissional, seja no pessoal.
Um dos vilões da mulher moderna
é o vício de fazer mil coisas ao mesmo tempo. Estamos sempre lidando com o
desafio de cuidar do outro, manter tudo em ordem, ser o máximo para todos, e
muitas vezes não paramos para refletir sobre nossas prioridades e sobre o
sentido de toda essa correria. "Quando Jesus visitou a casa de Lazaro
chamou a atenção de Marta que não parava porque queria tudo arrumado e
impecável e se sentia prejudicada, pois Maria sua irmã, estava bela e formosa
ouvindo a preleção do mestre, ela disse: Mestre, você acha justo que eu faça
tudo sozinha? Ele responde: Marta, Marta você se afoba com tantas coisas. Maria
escolheu a melhor parte e isso não lhe será tirado!"
Afinal, apenas em equilíbrio com os afazeres é
que a mulher conseguirá ser plena em todos os aspectos da vida. A
mulher viveu séculos em função do outro, (sendo Marta), portanto hoje o grande
dilema feminino é a busca pela individualização. A Doutrina dos Espíritos nos
ensina que somos individualidades e que os seres humanos tem o dever de
trabalhar pela própria independência! Nesse sentido o momento atual com esse
processo de emancipação feminina faz parte do processo evolutivo e necessita de
ajustes para chegar ao equilíbrio. Esse é um trabalho de homens e mulheres. Daí
contar com a colaboração do companheiro para dividir as tarefas no lar. Não
adianta reclamar (suspirar pelos tempos em que cada qual tinha a função
especifica). Essa nova modalidade de vida faz parte das conquistas da Nova Era
como está anunciado no ESE: "O Cristo foi o iniciador da mais pura moral,
a mais sublime: a moral evangélica, cristã, que deve renovar o mundo, aproximar
os homens e torná-los fraternos; que deve fazer jorrar de todos os corações
humanos a caridade e o amor do próximo, e criar entre todos os seres humanos
uma solidariedade comum. Uma moral, enfim, que deve transformar a Terra,
fazê-la morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. É a lei do
progresso, a que a natureza está sujeita que se cumpre. São chegados os tempos
em que suas ideias morais devem desenvolver-se, para que se realizem os
progressos que estão nos desígnios de Deus. Elas devem seguir o mesmo roteiro
que as ideias de liberdade seguiram, como suas precursoras. Mas não se pense
que esse desenvolvimento se fará sem lutas. Não, porque elas necessitam, para
chegar ao amadurecimento, de agitações e discussões, a fim de atraírem a
atenção das massas".
A dupla jornada de trabalho é
imoral, cruel e preocupante: como é que a mulher que precisa cuidar da casa e
dos filhos sozinha vai dar atenção ao marido, administrar a carreira e ter
tempo para si? É fundamental um espaço pessoal! Porém, muitas vezes, a mulher
tem dificuldade de arrumar esse tempo. A dupla jornada que assume a consome! O
que é pior: muitas ainda acham que é obrigação. É urgente que exista mais
conscientização para que se estabeleça equilíbrio entre as responsabilidades de
homens e mulheres.
A profissionalização exige e é
justo que a mulher atual queira ser reconhecida como competente e inteligente.
Mas deve também cuidar da própria feminilidade, pois ser feminina é da sua
natureza! Se cuidar, frequentar o salão de beleza. Não é futilidade!
Por mais atribulada que seja a
rotina, podemos brecar a correria diária, delegando e reservando um espaço na
agenda para fazer coisas prazerosas. Ler um livro, ver um filme, praticar um
esporte.
Devemos nos conscientizar de que não somos
super-heroínas. Na opinião de psicólogos e psiquiatras que atendem as
estressadas muitas vezes isso se deve ao acúmulo de funções. Pode-se aderir ao
lema: "Uma coisa de cada vez!"
E procurar ter foco para não dispersar energia com tudo que acontece ao nosso
redor, priorizar tarefas e estabelecer uma organização saudável.
Precisamos ampliar nossa visão de futuro e
estabelecer nossa direção, nosso caminho; tendo um propósito nós começamos a
traçar o nosso projeto de vida de forma saudável!
Nesse sentido a Doutrina
Espírita é maravilhosa, pois nos situa: Somos caminheiros da evolução! Homens e
mulheres de mãos dadas rumo ao progresso! Dessa forma, nosso dia a dia fica
repleto de sentido, pois cada um deles é mais um passo para nossa realização
enquanto espíritos eternos!
É necessário considerar que é no
cotidiano que construímos nossas vidas. De que vale ter lindos propósitos se
eles não se expressam nas ações de cada dia. É preciso equilibrar as ações
entre cuidar de si: atendendo a solicitação do Mestre Jesus: "Ame o seu
próximo como a si mesmo!"
E dessa forma, inteiras,
poderemos atender aos familiares, aos amigos, cumprindo os compromissos que são
importantes, usufruindo dos prazeres, capacitando-nos para sermos produtivas
nos projetos em que realmente acreditamos!
Só assim poderemos viver uma
vida repleta de sentido, todos os dias da nossa existência!
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