sexta-feira, 27 de maio de 2016

Alzheimer, do Espírito à Matéria[1]


 

André Luiz Alves Jr.
 

Foi numa segunda-feira, 25 de novembro de 1901, que Auguste Deter, uma senhora de 51 anos, internou-se no Hospital de Lunáticos e Epiléticos, de Frankfurt, na Alemanha, sob os cuidados do Dr. Alois Alzheimer. Protestante reformada, casada com um administrador de ferrovias e mãe de uma filha, Auguste Deter apresentava o quadro de perda de memória, desorientação e alucinação iniciado há seis meses.
Os sintomas primários resumiam-se a crises de ciúmes excessivas do marido, posteriormente verificaram-se sinais de amnésia progressiva. Auguste Deter não encontrava o caminho para voltar para casa e se perdia nas ruas do bairro; carregava consigo alguns de seus pertences e os escondia em locais inapropriados; invariavelmente acreditava que estava sendo perseguida e às vezes gritava imaginando que alguém queria matá-la.
Em pouco tempo, o estado de demência evoluiu significativamente e já na fase final da doença a paciente encontrava-se acamada e totalmente dependente dos cuidados de enfermagem. Não verbalizava, estava desorientada em tempo e espaço, seus membros se atrofiaram e, por permanecer restrita ao leito, apareceram as úlceras de pressão. Logo passou a apresentar incontinência urinária e fecal e sua imunidade se deprimiu, abrindo espaço para doenças oportunistas. Após 5 anos de internação, a paciente do Dr. Alzheimer faleceu.
Na necropsia, Alois Alzheimer teve a oportunidade de analisar o tecido nervoso de Auguste Deter e logo constatou uma atrofia significativa no córtex cerebral, com formação de placas senis e emaranhados neurofibrilares. O neurocientista percebeu que estava diante de uma nova descoberta. Foi então que Alzheimer elaborou cuidadosamente um artigo científico e o apresentou no 37° Congresso de Psiquiatria do Sudeste da Alemanha (South - West - German Society of Alienists) realizado no ano de 1906, com o título: “Uma Doença Peculiar dos Neurônios do Córtex Cerebral”. A doença, que até então era desconhecida, mais tarde recebeu o nome do pesquisador que a descreveu, tornando-se conhecida como Doença de Alzheimer.
 
Fisiopatologia
A doença de Alzheimer é uma neuropatologia degenerativa, progressiva e incurável, que provoca uma atrofia acentuada no córtex cerebral. Em outras palavras, ocorre a morte gradativa do tecido nervoso, o que, por consequência, provoca uma mudança estrutural do encéfalo. O cérebro diminui de tamanho e a perda de conexão entre os neurônios irá resultar em demência. A demência é caracterizada pela ausência ou diminuição das funções do cérebro, alterando a parte cognitiva, a memória, o raciocínio, a linguagem e até mesmo a personalidade.
Atualmente o mal de Alzheimer é a principal causa de demência em pessoas acima de 65 anos. Estima-se que 44 milhões de pessoas no mundo são portadoras de algum tipo de demência, sendo que de 50 a 60% desses casos são desencadeados pelo Alzheimer. A doença tem forte relação com a idade e, como a população mundial tende a envelhecer, o número de casos deverá dobrar a cada 20 anos.
 
Causas
A ciência ainda estuda as causas da doença, mas acredita-se que o acúmulo das proteínas beta-amiloide e tau no cérebro, associadas à diminuição do neurotransmissor acetilcolina, possa ser o fator desencadeante. A formação dessas proteínas interrompe a mensagem neuronal no cérebro, que se torna danificado permanentemente. Outros fatores de riscos, tais como: influência genética, mas não necessariamente hereditária; contaminação por metais pesados (alumínio e manganês), traumatismo craniano, idade e baixa escolaridade, também podem estar relacionados ao Alzheimer.
 
Características de personalidades que tendem ao Alzheimer
§  Introspecção, autoritarismo;
§  Egoísmo;
§  Depressão e isolamento;
§  Falta de convívio social;
§  Dificuldade para mudanças comportamentais, conservadorismo;
§  Rotinas e manias que levam a transtornos obsessivos compulsivos
§  Ausência da prática de leitura e estímulo de raciocínio, preguiça mental;
§  Dificuldade para lidar com emoções, sentimentos e frustrações;
§  Apego exagerado a bens materiais.
 
Sintomas
Os sintomas variam de acordo com os estágios da doença, que evoluem durante anos. No início os pacientes apresentam sinais que podem ser confundidos com a senilidade, como déficit de concentração e episódios de perda de memória recente. Nesta fase é comum o esquecimento de datas de aniversários de pessoas próximas, vencimentos de contas ou até mesmo não saber o dia da semana. Também é frequente a desorientação em espaço. Perdem-se na rua da própria casa, ou guardam objetos em locais descabidos. Alguns podem apresentar apatia, isolamento e agressividade.
Com o desenvolvimento da doença, os indivíduos enfrentam problemas ao tentar executar tarefas simples do dia a dia. Pentear o cabelo, se alimentar e escovar os dentes tornam-se um desafio. A amnésia evolui acentuadamente, a ponto de os pacientes não reconhecerem os próprios filhos. Nas fases finais deixam de se alimentar e ocorre a diminuição ou ausência dos movimentos e também da consciência, resultando em um estado de total dependência. A fragilidade do sistema imunológico facilita o desenvolvimento de outras doenças, agravando ainda mais o quadro. Nesta etapa o falecimento não tardará.
 
Doença de Alzheimer e Espiritismo
Estaria o mal de Alzheimer relacionado a delicados processos expiatórios, ou essa doença seria de origem puramente orgânica, sem qualquer relação com o Espírito?
É importante ressaltar que o tema que estamos debatendo ainda requer estudo mais aprofundado por parte dos pesquisadores do campo da ciência e também do Espiritismo. Ainda não há em nenhuma das vertentes estudos conclusivos acerca da doença.
As elucidações espíritas baseiam-se principalmente nas pesquisas realizadas pela Associação Médico-Espírita do Brasil. Não existem registros específicos atribuídos inteiramente à espiritualidade que possam descrever a doença. As fontes dos estudos espíritas se apoiam nas obras do Espírito André Luiz, pela psicografia do médium Chico Xavier. Alguns de seus livros tratam das influencias do Espírito sobre a matéria e vice-versa.
Segundo os estudiosos do Espiritismo, a doença de Alzheimer pode ter origem em conflitos do Espírito refletidos na matéria, o que a psicologia chama de somatização. No livro Nos Domínios da Mediunidade, psicografado por Chico Xavier, André Luiz explica que "assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, também o organismo perispiritual absorve elementos que o degradam, com reflexos sobre as células materiais".
Existem basicamente duas causas espirituais que podem estar atreladas ao desenvolvimento do Alzheimer.
Vejamos:
§  Obsessão: Indivíduos envolvidos em processos obsessivos graves e por longos períodos podem sofrer consequências orgânicas provenientes da emanação do pensamento doentio tanto do obsessor, quanto dele mesmo, imprimindo na matéria as consequências dessas vibrações. Tal ocorrência poderia explicar a atrofia acentuada no encéfalo que é uma característica do Alzheimer. Lembramos que o cérebro é a sede do pensamento e por isso seria a estrutura material mais prejudicada pelas baixas vibrações espirituais.
§  Auto-obsessão: Esta parece ser a principal causa do Alzheimer atribuída a origens espirituais. A auto-obsessão é um processo nocivo desencadeado pelo próprio Espírito, muito comum nas pessoas com rigidez de caráter, introspectivas, egocêntricas e portadoras de sentimentos doentios como o desejo de vingança, o orgulho e a vaidade. Invariavelmente o sentimento de culpa incutido inconscientemente no Espírito e que às vezes se arrasta por várias reencarnações é o fator determinante. O Espírito é chamado a ajustes com a própria consciência, necessitando de isolamento e esquecimento temporário de suas ações pretéritas.
 
Invariavelmente as pessoas com Alzheimer podem estar envolvidas nas duas situações acima, uma vez que o pensamento nocivo atrai Espíritos do mesmo padrão vibratório que acabam por iniciar um processo de obsessão mútua, uma espécie de simbiose. É evidente que este processo deve se arrastar por muito tempo até desencadear uma patologia física, por isso o Alzheimer é tão comum na fase senil. Angústias e tormentos psíquicos que duram uma vida inteira, muitas vezes com origem em outras existências, sucumbirão no final da vida física traduzidos em doenças diversas da matéria.
Independente da origem, a doença constitui grande oportunidade de aperfeiçoamento moral, não somente para o paciente, mas também para todos aqueles que estão diretamente envolvidos com o processo do cuidar. Os familiares que estão novamente reunidos para resgatar débitos contraídos entre si enfrentam provações dolorosas com a doença, porém reparadoras. Aquele que cuida hoje certamente foi algoz no passado e necessita reajustar sua conduta ou até mesmo desenvolver sentimentos que ainda não possui.  Para os cuidadores terceirizados, o ensejo é de exercitar a paciência, desenvolver a compaixão e o amor ao próximo, executando a missão escolhida por ele mesmo na espiritualidade.
 
Prevenção
Não existem vacinas ou medicamentos para prevenção da doença. Acredita-se que a adoção de hábitos saudáveis principalmente relacionados à saúde mental pode diminuir a probabilidade do aparecimento do Alzheimer. Pessoas com maiores níveis de escolaridade têm chances menores de desenvolver demência. Recomenda-se a prática da leitura, o exercício do raciocínio, o lazer e o estabelecimento de vínculos afetivos saudáveis. Qualquer atividade que mantenha as conexões neuronais ativas contribui para a higiene mental.
Do ponto de vista espiritual, orienta-se a prática da caridade, o desenvolvimento do amor ao próximo, o exercício incansável do bem e o trabalho edificante como profilaxia para doenças do Espírito. Retidão de caráter e elevação de pensamento contribuem para o aperfeiçoamento do Espírito e evitam transtornos de todas as ordens. Não esqueçamos a recomendação do Cristo: "Orai e vigiai".

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