Joanna de Ângelis
Você costuma dizer "não" aos seus
filhos?
Considera fácil negar alguma
coisa a essas criaturinhas encantadoras e de rostos angelicais que pedem com
tanta doçura? Uma conhecida educadora do nosso País alerta que não é fácil
dizer não aos filhos, principalmente quando temos os recursos para atendê-los.
Afinal, nos perguntamos, o que
representa um carrinho a mais, um brinquedo novo se temos dinheiro necessário
para comprar o que querem? Por que não satisfazê-los?
Se podemos sair de casa
escondidos para evitar que chorem, por que provocar lágrimas?
Se lhe dá tanto prazer comer
todos os bombons da caixa, por que faze-lo pensar nos outros?
E, além do mais, é tão fácil e
mais agradável sermos "bonzinhos"...
O problema é que ser pai é muito
mais que apenas ser "bonzinho" com os filhos. Ser pai é ter uma
função e responsabilidade sociais perante os filhos e perante a sociedade em
que vivemos.
Portanto, quando decidimos negar
um carrinho a um filho, mesmo podendo comprar, ou sofrendo por lhe dizer
"não", porque ele já tem outros dez ou vinte, estamos ensinando-o que
existe um limite para o ter. Estamos, indiretamente, valorizando o ser.
Mas quando atendemos a todos os
pedidos, estamos dando lições de dominação, colaborando para que a criança
aprenda, com nosso próprio exemplo, o que queremos que ela seja na vida: uma
pessoa que não aceita limites e que não respeita o outro enquanto indivíduo.
Temos que convir que, para ter
tudo na vida, quando adulto, ele fatalmente terá que ser extremamente
competitivo e provavelmente com muita "flexibilidade" ética, para não
dizer desonesto.
Caso contrário, como conseguir
tudo? Como aceitar qualquer derrota, qualquer "não" se nunca lhe
fizeram crer que isso é possível e até normal?
Não se defende a ideia de que se
crie um ser acomodado sem ambições e derrotista. De forma alguma. É o
equilíbrio que precisa existir: o reconhecimento realista de que, na vida às
vezes se ganha, e, em outras, se perde.
Para fazer com que um indivíduo
seja um lutador, um ganhador, é preciso que desde logo ele aprenda a lutar pelo
que deseja sim, mas com suas próprias armas e recursos, e não fazendo-o
acreditar que alguém lhe dará tudo, sempre, e de "mão beijada".
Satisfazer as necessidades dos
filhos é uma obrigação dos pais, mas é preciso distinguir claramente o que são
necessidades do que é apenas consumismo caprichoso.
Estabelecer limites para os
filhos, é necessário e saudável.
Nunca se ouviu falar que crianças
tenham adoecido porque lhes foi negado um brinquedo novo ou outra coisa
qualquer. Mas já se teve notícias de pequenos delinquentes que se tornaram
agressivos quando ouviram o primeiro não, fora de casa. Por essa razão, se você
ama seu filho, vale a pena pensar na importância de aprender a difícil arte de
dizer “não”. Vale a pena pensar na importância de educar e preparar os filhos
para enfrentar tempos difíceis, mesmo que eles nunca cheguem.
O esforço pela educação não pode
ser desconsiderado.
Todos temos responsabilidades no
contexto da vida, nas realizações humanas, nas atividades sociais, membros que
somos da família universal.
[1] Repositório de Sabedoria - vol. I, Educação – Joanna de Ângelis/Divaldo Franco
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