Entre as expressões do primarismo, no mercado das paixões humanas, destaca-se com realce a violência, espalhando angústia e dor.
Remanescente dos instintos
agressivos, ela estiola as mais formosas florações da vida, estabelecendo o
caos.
Em onda volumosa arrasa,
deixando destroços por onde passa, alucinada.
*
Na raiz da violência encontra-se
a falta de desenvolvimento do senso moral, que o espírito aprimora através da
educação, do exercício dos valores éticos, da amplitude de consciência.
Atavismo cruel, demora de ser
transformada em ação edificante, face às suas vinculações com os reflexos
instintivos do período animal, que se prolongam, perturbadores.
Não apenas gera aflição, quando
desencadeada, como também provoca reações equivalentes em sucessão quase
incontrolável, arrebentando tudo quanto se lhe opõe no percurso destrutivo.
Todo o empenho em favor da
preservação dos valores morais deve ser colocado a serviço da paz, como
antídoto à força devastadora da violência.
*
Pequenos exercícios de
autocontrole terminam por criar hábitos de não-violência.
Disciplinas mentais e silêncios
fortalecidos pela confiança em Deus geram a harmonia que impede a instalação
desse desequilíbrio.
Atividades de amor, visando o
bem e o progresso da criatura humana e da sociedade, constituem patamar de
resistência às investidas dessa agressividade.
Reflexões em torno dos deveres
morais produzem a conscientização do bem, gerando o clima que preserva os
sentimentos da fraternidade.
A violência é adversária do
processo de evolução, fomentadora da loucura. Quem lhe tomba nas garras
exaure-se, e, sem forças, termina no abismo do auto-aniquilamento ou do
assassínio...
*
A violência disfarça-se no lar,
quando os cônjuges não respeitam os espaços, os direitos que lhes cabem
reciprocamente; quando os filhos se sentem preteridos por falsos valores do
trabalho, do dinheiro, do poder...
Na sociedade,
quando os preços escorcham os
necessitados;
quando os interesses pessoais
extrapolam os seus limites e perturbam os outros;
quando a comodidade e os
prazeres de alguns agridem os compromissos e os comportamentos alheios;
quando as injustiças sociais
estiolam os fracos a benefício dos fortes aparentes;
quando os sentimentos inferiores
da maledicência, da calúnia, da inveja, da traição, do suborno de qualquer
tipo, da hipocrisia, disseminam suas infelizes sementes;
quando os pendores asselvajados
não encontram orientação;
quando as ilusões e fugas, os
vícios e aliciamentos levam às drogas, ao sexo desvairado, às ambições absurdas,
explodindo nas ruas do mundo e invadindo os lares; quando os governantes perdem
a dignidade e estimulam a prevalência da ignorância, provocando guerras
nacionais e internacionais...
A violência, de qualquer natureza, é atraso
moral, síndrome do primitivismo humano remanescente.
*
O homem e a mulher estão fadados à paz, à
glória estelar.
Assim, liberta-te daqueles
remanescentes agressivos que terminam insuflando-te reações infelizes.
Se te compraz ainda mantê-los,
tem a coragem de te violentares, superando-os ou domando-os, e contribuirás
para o apressar do progresso humano.
Como não te é lícito conivir com
o erro, ensina pela retidão os mecanismos da felicidade, evitando a ira, a
cólera, o ódio.
A ira é fagulha que ateia o fogo
da violência. A cólera é combustível que a mantém, e o ódio é labareda que a
amplia.
Pensa em Jesus, e, em qualquer
circunstância, interroga-te como Ele agiria, se estivesse no teu lugar.
Tentando-o, lograrás imitá-lO, fazendo como Ele, sem nenhuma violência.
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