Dar fim à própria vida, abrir mão de todas as possibilidades, por uma
possível paz, é o caminho que muitos seguem, de forma consciente ou não; mas,
ao invés de se mostrar uma solução, transforma-se num longo caminho de dor,
sofrimento e libertação.
Francisco Aranda Gabilan
É impressionante e até mesmo
perguntas aterrador que tenhamos que chamar de “atual” o tema relativo ao
suicídio, seja voluntário, seja indireto. Mas, lastimavelmente, é atual mesmo:
é um mal crescente, atingindo toda humanidade.
Sua ocorrência sempre foi
constante, desde o passado remoto e em todos os segmentos sociais e étnicos,
até mesmo, crianças. Existem relatos de suicídios, tanto individuais, quanto
coletivos, em várias culturas indígenas.
Daí a sua atualidade. Aliás, não
é por outra razão que o assunto tem sido objeto de preocupação de antropólogos,
sociólogos, médicos, psiquiatras, psicólogos, enfim de todos os ramos de
ciência do Ser – e obviamente, dos Espíritas, sempre atentos às chagas da humanidade.
É exemplo disso o número de
palestras, debates e artigos que solicitam aos espíritas sobre o assunto,
incluindo o número de que sempre surgem sobre o mesmo tema. Vale dizer, numa
palavra: se há perguntas, é porque o tema necessita de ampla abordagem.
1. Como os Espíritos e o Espiritismo consideram o suicídio?
R: Usando unicamente os ensinos dos Espíritos constantes da
Codificação, o suicídio é tido como um crime aos olhos de Deus (Livro Céu e
Inferno, cap. 5), e que importa numa transgressão da Lei Divina (Livro dos
Espíritos, pergunta 944) e constitui sempre uma falta de resignação e submissão
à vontade do Criador (idem, pergunta 953-a). Desse modo, “jamais o homem tem o
direito de dispor da vida, porquanto só a Deus cabe retirá-lo do cativeiro da Terra,
quando o julgue oportuno. O suicida é qual o prisioneiro que se evade da
prisão, antes de cumprida a pena; quando preso de novo, é mais severamente
tratado. O mesmo se dá com o suicida que julga escapar às misérias do presente
e mergulha em desgraças maiores” (Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo
XXVII, item 71).
2. Por que os Espíritos tratam desse assunto com certa
constância?
R: Primeiramente, como já afirmamos, porque ele é tema
sempre atual, pois que o suicídio tem sido marca constante de nossa
civilização; segundo, que é o mais importante: a doutrina dos Espíritos, tem um
caráter consolador absoluto: através do fato mediúnico (no dizer do cultíssimo
Herculano Pires, o fato mediúnico é literalmente uma segunda ressurreição) o
espírito volta à carne, não a que deixou no túmulo, mas a do médium que lhe
oferece, num gesto de amor, a oportunidade de retorno aos corações que deixou
no mundo (Livro Mediunidade, capítulo 5), é permitido que os próprios suicidas
venham dizer-nos que eles não morreram e afirmam que não só não solucionaram o
problema que os levou ao ato extremo, como ainda estão “vivos” e, de quebra,
com dois problemas: o antigo e o novo, gerado pela violação das leis da Vida.
Assim, o Espiritismo trabalha preventivamente para que as pessoas saibam das
responsabilidades em praticar atos que possam agravar sua situação futura e não
para condená-las ao martírio eterno.
3. Quais as causas que levam o Ser ao suicídio?
R: A incredulidade, a falta de fé, a dúvida, as ideias
materialistas. Em suma, crer que o Nada é o futuro, como se o Nada pudesse
oferecer consolação, como se fosse remédio para supostamente abreviar o
sofrimento, crença que, na verdade, se constitui em covardia moral.
4. Quais as consequências do suicídio para o Espírito?
R: Em primeiro lugar, é preciso aclarar-se que o suicídio
não apaga a falta cometida, mas, ao contrário, em vez de uma haverá duas; em
segundo, que o Espírito, quando se dá conta do ato cometido, constata que nada
valeu, ficando literalmente desapontado com os efeitos obtidos e que não eram
os buscados, pois se certifica que a vida não se extinguiu e que continua mais
real que nunca. Terceiro, e que é bastante doloroso, o suicídio agrava todos os
sofrimentos: “depois de prolongados suplícios, nas regiões purgatórias,
frequentemente, após diversas tentativas frustradas de renascimento, readquirem
o corpo de carne, mas transportam neles deficiências do corpo espiritual, cuja
harmonia desajustaram. Nessa fase, exibem cérebros retardados ou moléstias
nervosas obscuras”, segundo Emmanuel em Leis de Amor, capitulo VI.
5. Então, não há esperança de recuperação para o suicida?
R: Claro que há – total! Deus é Amor e Ele outorga a todas
as Criaturas a maior expressão da Sua Bondade Infinita: a possibilidade de os
Seres evoluírem sempre, incessantemente; permite que as existências se sucedam
ofertando as oportunidades infinitas de reajuste e reforma; e isso é possível
através do mais efetivo veiculo da Lei de Evolução: a reencarnação.
Portanto, os familiares do suicida de ontem ou de hoje não
se exasperem, ao contrário, mantenham viva a esperança de que é possível a
remissão das faltas e que o Pai de Misericórdia propiciará os meios de fazer
com que o próprio autor do ato extremo se reconheça Espírito Eterno e
indestrutível, e que a calma, a resignação e a fé serão os mais seguros
preservativos contra as ideias autodestrutivas. Não será demais que se lhes
repita: Deus é Bondade Infinita e, portanto, não permite que Suas Criaturas
sofram indefinidamente e que esse sofrimento poderá ser abreviado mais
rapidamente mercê de orações sinceras e cheias de amor de todos quantos querem
que se restabeleça o Bem.
(Revista Espiritismo e Ciência 11, páginas 06-08)
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