O ego iludido busca sobreviver,
utilizando-se de inúmeros mecanismos de fuga da realidade, e expressa-se usando
variadas máscaras, a fim de não se deixar identificar.
No inter-relacionamento pessoal
apresenta-se disfarçado, ora exigente em relação aos outros ou excessivamente
severo para consigo mesmo, projetando os seus conflitos ou introjetando as suas
aspirações não realizadas. Subconscientemente possui conceitos incorretos sobre
si mesmo, não se dispondo à coragem de enfrentar a realidade, superando-a,
quando negativa, ou aprimorando- a, se favorável.
Fixando-se na ilusão dos
conflitos, cuida de apresentar-se de forma conciliadora – a atitude
subconsciente com o que gostaria realmente de ser e a aparência conveniente –
expressando-se como pessoa feliz, realizada.
Em razão do desgaste dos valores
éticos na sociedade, o medo de desvelar-se a outrem gera reações e
subterfúgios, nos quais procura compensações psicológicas, que não são
plenificadoras. Porque os seus alicerces são frágeis, logo ruem as construções
de bem-estar que se aparenta possuir, tombando-se em angústias reprimidas e
agressões, por transferência emocional, para compensação íntima.
Há uma gama expressiva de
atitudes humanas que estão longe de serem legítimas e resultam de posturas
opostas à sua realidade.
Ressalvadas algumas exceções,
que ocorrem nos idealistas não apaixonados nem extremistas, a maioria dos que
vociferam contra, seja o que for, mascara desejos subconscientes, que reprime
por falta de valor moral para expressá-los com nobreza.
O indivíduo puritano, que
fiscaliza a má conduta alheia, projeta o estado interior que procura combater
noutrem, porque não se dispõe a fazê-lo em si.
O crítico mordaz, persistente,
de olhar clínico para os erros e misérias dos outros, é portador de insegurança
pessoal, mantendo um grande desprezo por si próprio e compensando-se na
agressão.
Quem se identifica normalmente
com as dores e aflições, a humildade exagerada, portanto inautêntica,
exterioriza, inconscientemente, um estado paranoico, ao lado de insopitável
desejo de chamar a atenção para si.
Aquele que sempre racionaliza
todas as ocorrências, encontrando justificativas para os próprios insucessos e
erros, teme-se, sem estrutura emocional para libertar-se dos conflitos.
Sem agressividade nem pieguismo,
ou ânsia de confissões injustificáveis, desvela-te aos teus irmãos, aos teus
amigos, a fim de que eles se descontraiam e se te apresentem como são.
Não pretendas ser o censor das
vidas, perturbando os jogos das pessoas com a apresentação das tuas verdades.
Se lhes tiras o suporte de sustentação, tens o que oferecer-lhes em termo de
comportamento e segurança?
Vigia-te, pois, e descontrai-te,
deixando-te identificar pelos valores grandiosos e pelas deficiências, assim
facilitando aos que convivem contigo o mesmo ato de desvelamento e confiança.
Somente com pessoas que
conhecemos, podemos sentir-nos realmente bem.
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