Miramez
Comemoração dos
mortos. Funerais
E os esquecidos, cujos túmulos ninguém vai visitar, também
lá, não obstante, comparecem e sentem algum pesar por verem que nenhum amigo se
lembra deles?
Que lhes importa a Terra? Só pelo coração nos achamos a
ela presos. Desde que a aí ninguém mais lhe vota afeição, nada mais prende a
esse planeta o Espírito, que tem para si o Universo inteiro.
Questão 322 / O Livro dos Espíritos
No Dia de Finados existem os
esquecidos, aqueles cujos parentes não têm condições nem mesmo de se alimentar
convenientemente, quanto mais de comprar flores, como lembranças para os que já
se foram, e sentem vergonha de ir ao cemitério com as mãos limpas, visto que lá
encontram multidão de outras pessoas com buquês e mesmo coroas caríssimas.
Os que chamamos de desvalidos da
sorte não comparecem na mesma situação dos seus ex-familiares, a não ser os
Espíritos que já se libertaram das ilusões. Esses se aproximam dos que ali
choram para os consolar e alegrar nas suas tarefas de cada dia. Os ricos que
ali se postam, derramando lágrimas e doando flores, também são visitados quase
sempre pelos seus entes queridos, que já se foram para o além. Muitos não
atendem aos pensamentos das famílias, tendo uma espécie de alergia espiritual
por cemitérios, procurando esquecer os restos mortais que ali deixaram.
É, pois, uma profusão de
entidades movimentando esse dia, são encontros e mais encontros, choros e mais
choros, que pouco significam para o adiantamento dos Espíritos. Esperemos que,
no futuro, todo o dinheiro gasto em coroas e ramalhetes de duração efêmera seja
mais bem utilizado, deixando-se as flores em suas hastes, fincadas na terra, em
sua beleza natural.
Nesse dia, infelizmente, poucos
trabalham, ficando a descansar sem necessidade e a chorar inconvenientemente.
Esse procedimento demonstra ignorância das leis divinas, sendo um erro que se
despede do século vinte, mais um laço inferior que se desamarra dos corações em
trevas.
Talvez os esquecidos estejam em
melhores condições que os bem-lembrados. Velas e mais velas são acesas nos
túmulos vazios que pouco significam para o Espírito. Não será o fogo brando de
uma vela que irá melhorar suas condições espirituais. A melhor vela para os que
se foram é a prece sentida ao Senhor, a transformação interna dos que ficaram.
Essa luz tem o poder de atingir todos os corações dos familiares de um lado e
de outro da vida, porque inspira aos que não realizaram sua renovação íntima
para fazê-la nos caminhos que percorre, mesmo no mundo espiritual.
Quem não deseja se adentrar na
área do Cristo para alcançar Deus na consciência? Todos foram feitos iguais,
com o mesmo interesse de liberdade e de amor, e para esse despertar veio Jesus,
enviado diretamente da Luz Maior, para que os homens e os Espíritos humanos
acordem do sono milenar das paixões e vivam as virtudes que se enraízam nas
leis divinas do divino amor.
Todos nós precisamos nos
conscientizar de que não existe alguém esquecido da Bondade Superior; todos nós
recebemos o que merecemos, onde estivermos. O homem deste século está sendo
chamado e escolhido para a luz da compreensão em Cristo. O Evangelho está
divulgado por todos os países e dialogado por todos os povos, para que o
interesse impulsione os corações e as criaturas passem a vivê-lo, ou, pelo
menos, se esforcem para tal.
Não existem esquecidos,
repetimos, todos estamos e continuamos vivendo no seio do Criador. Se sofremos,
é porque o sofrimento tem o poder de nos acordar para a luz, que nos mostra os
caminhos da felicidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário