Miramez
O Espírito daquele que acaba de morrer assiste à reunião
de seus herdeiros?
Quase sempre. Para seu ensinamento e castigo dos
culpados, Deus permite que assim aconteça. Nessa ocasião, o Espírito julga do valor
dos protestos que lhe faziam. Todos os sentimentos se lhe patenteiam e a
decepção que lhe causa a rapacidade dos que entre si partilham os bens por ele
deixados o esclarece acerca daqueles sentimentos. Chegará, porém, a vez dos que
lhe motivam essa decepção.
Questão 328 / O Livro dos Espíritos
As decepções do mundo das formas
servem para despertar a alma, que parte para o Além, para a evolução em que se
encontra o homem. Quase que podemos generalizar que todas as criaturas da Terra
- felizmente existem exceções - são apegadas aos bens materiais. Mesmo quando
não o dizem, o pensamento trabalha como agente da usura, querendo amealhar ouro
e mais ouro, mesmo sabendo que ele é fonte de ilusões, ainda mais quando mal
granjeado.
Devemos consolidar nosso
verdadeiro tesouro, aquele que a ferrugem não estraga, nem a traça corrompe.
São as riquezas da alma, o despertar dos dons de ouro divino no coração. O
Espírito, por vezes, tem uma vida tranquila quando no mundo, juntamente com os
seus familiares. Ao passar para a vida espiritual, e quando lhe é concedido,
ele assiste às brigas dos familiares ante os bens que deixou. Isso perturba
sempre o sossego do Espírito que também não construiu sua paz interior.
Uma família que briga pela
divisão dos bens materiais de herança, é, pois, infeliz, pelo apego às coisas
transitórias, o que dá origem ao ódio e, por vezes, à própria morte. Falta
quase sempre o respeito ao que partiu e que, em muitos casos, se encontra presente
esforçando-se e sofrendo para pacificar os que ficaram, inconscientes da
existência do amor e do perdão.
Exemplos de desprendimento dos
grandes vultos da humanidade não faltam, sendo que o maior de todos eles é
Jesus Cristo. Deus é tão infinitamente bom que, do ambiente de usura, da briga
de família pelos bens que se dividem pela justiça, como herança, Ele permite as
lições que modificam o comportamento do que partiu, ao assistir às tribulações
pelo ouro, o qual antes pensava que o comportamento dos herdeiros era outro e
que mudou pela ganância do ouro e pela liberdade que antes não tinham.
Em muitos casos as fortunas
deixadas não foram bem adquiridas, no entanto, a justiça não perde o
injustiçado nem os que abusavam das posições que ocuparam no mundo. Ela é
justiça em todos os caminhos e em todos os planos. Quase todas as reuniões de
herdeiros são marcadas pelo desentendimento, que nascem da usura e muitos ficam
cegos pelo ouro, sem mesmo observar os menos favorecidos.
Os que se foram, assistindo a
esses dramas, notam que a sua verdadeira família é universal, quando ele tem
algum entendimento espiritual. Quando é ignorante, briga com os que ficaram,
intrometendo-se entre eles com as mesmas paixões e a mesma ganância pelo ouro.
Jesus não esqueceu de falar ao
jovem rico com certa energia:
Vende tudo que tem, dá aos pobres e segue-me.
E em outra feita:
Aquele que não deixar pai e mãe, irmãos e parentes para
me seguir, não é digno de mim. É, pois, o desprendimento, de maneira a aliviar
o coração e a consciência.
Estar com Jesus é bem melhor. Se
participamos de alguma herança e se ela se encontra maculada pelo ódio e
discussões, cedamos nossa parte aos que precisam mais e oremos por eles, porque
de nada vai nos valer um punhado de moedas recheadas de maldições. Lembremo-nos
de Judas. As suas mãos queimavam com as vibrações do dinheiro que não ganhara
com o suor do seu rosto.
Preparemo-nos de uma vez e
enquanto isso, andemos com os homens a caminho, para o perdão, para o
desprendimento, de sorte que a nossa consciência fique em paz e o nosso coração
na luz do Cristo, recebendo a paz do Senhor.
A maior herança que todos
podemos e devemos receber é a que Nosso Senhor Jesus deixou para toda a
humanidade:
a herança do Evangelho, aquele que não se desgasta com
o tempo e sempre cresce quando sua semente é colocada no coração.
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