Allan Kardec
Lemos na Gazette de Mons:
“Um indivíduo acometido de monomania religiosa, há sete anos recolhido no
estabelecimento do Sr. Stuart e que até aqui se havia mostrado muito submisso, conseguiu
enganar a vigilância dos guardas e apoderar-se de uma faca. Não podendo tomar a
arma de volta, os guardas informaram o diretor do que se passava.
O Sr. Stuart imediatamente se dirigiu até o furioso e,
confiando apenas em sua coragem, quis desarmá-lo; porém, mal havia dado alguns
passos em direção ao louco, este se precipitou com a rapidez do relâmpago e o
feriu com golpes repetidos. Só com grande dificuldade conseguiram dominar o
assassino.
Das sete facadas que atingiram o Sr. Stuart, uma era
mortal: a recebida no baixo-ventre; e segunda-feira, às três horas e meia, ele
sucumbiu em consequência da hemorragia que se havia originado nessa cavidade.
O que não teriam dito se aquele
indivíduo tivesse sido acometido pela monomania espírita ou mesmo se, em sua
loucura, houvesse falado dos Espíritos? E, contudo, isso poderia acontecer, visto
existirem diversas monomanias religiosas e todas as ciências forneceram seu
contingente. O que se poderia concluir, razoavelmente, contra o Espiritismo, a
não ser que, em razão da fragilidade de sua organização, pode o homem
exaltar-se neste ponto como em tantos outros? O meio de prevenir essa exaltação
não é combater a ideia; de outro modo correríamos o risco de ver renovados os
prodígios das Cévènes. Se alguma vez organizassem uma cruzada contra o
Espiritismo, vê-lo-iam propagar-se cada vez mais. Como, pois, opor-se a um
fenômeno que não tem tempo nem lugar de predileção; que pode ser reproduzido em
todos os países, em todas as famílias, na intimidade, no mais absoluto segredo,
melhor ainda que em público? O meio de prevenir os inconvenientes – já o
dissemos em nossa Instrução Prática – é fazer com que se torne de tal forma
conhecido que nele só se veja um fenômeno natural, mesmo naquilo que ofereça de
mais extraordinário.
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