Nascido na cidade de Jubaí,
Minas Gerais, no dia 6 de janeiro de 1929, era filho de Paulino Domingos da
Cunha e Neves Maria dos Santos. Desde os sete anos de idade teve sua
mediunidade em pleno desenvolvimento, a ponto de, aos oito anos, iniciar seus
trabalhos espirituais na Doutrina Espírita.
Aos dezoito anos, já trabalhava
como médium de cura, embora tivesse, ostensivamente, várias outras faculdades
mediúnicas. Aos trinta anos, começou a trabalhar como médium receitista
fitoterapeuta. Aprendendo, com base em estudos e orientações do espírito Eurípedes
Barsanulfo, os princípios ativos das plantas medicinais, e tendo como
mentor espiritual Emílio Luz, prescrevia medicamentos aos enfermos. Conseguia
ver, com os olhos da alma, as enfermidades atuais e aquelas de possível
desenvolvimento futuro e, então, prescrevia. O trabalho era realizado sob os
ensinos do Evangelho de Jesus, especialmente o que ele sempre recordava: Dai
de graça o que de graça recebeste.
Muitas plantas usadas para os
medicamentos eram cultivadas pelo próprio Langerton, em um lugar por ele
denominado Vila Cantinho Espírita, localizada em Peirópolis, Uberaba-Minas
Gerais, cidade onde residiu e trabalhou.
Casou-se com Ana Santos da
Cunha, com quem teve duas filhas, Paula Meneses Santos da Cunha e Emília
Andréia Santos da Cunha Gomide, porém, adotou, com o coração, muitas crianças.
Homem simples do campo, de poucos estudos quanto à educação formal, era um verdadeiro
sábio da vida. Trabalhador, dedicado, perseverante, de poucas palavras e de
muita fé, conseguiu estruturar a Vila Cantinho Espírita com vários serviços,
todos gratuitos: Albergue Noturno, Internato Dr. Adolfo Bezerra de Menezes,
Casa da Sopa Paulino Domingos da Cunha e Lar dos Apóstolos.
Por volta dos quinze anos,
Langerton chegou a Peirópolis, para trabalhar na Fazenda Veadinho, na lavoura
de café e na indústria de cal. Tornou-se funcionário público federal do
Ministério da Agricultura, na área que atualmente corresponde ao Ministério das
Minas e Energias.
A partir do achado de um fóssil,
passou a trabalhar com paleontologia, ao lado do pesquisador Llewellyn Ivor
Price, que se tornou um dos primeiros e principais paleontólogos brasileiros e
do qual se constituiu braço direito, pelo profundo conhecimento que adquiriu.
Os dois descobriram fósseis com
mais de setenta milhões de anos, transformando a região de Peirópolis na Terra
dos Dinossauros, devido à quantidade e excelente qualidade dos fósseis.
Mas o percurso não fora fácil.
Em 1959, por exemplo, por um ataque de obsessores a um de seus chefes no local
de trabalho, foi declarado que os fósseis da região se haviam extinguido. Isso
significava que ele e sua mulher, à época grávida, teriam que mudar de cidade,
abandonando o movimento espírita que ele havia iniciado. Apreensivo, porém,
firme em sua fé, seguiu cuidando de sua pequena roça.
Certo dia, sentiu o envolvimento
de uma entidade suave, que lhe trazia paz. Era Eurípedes Barsanulfo.
Larguei a enxada e corri para casa. Estava possuído por
estranho pressentimento. Peguei uma trincha e uma sovela, partindo para a Serra
das Paineiras, onde, em oração, comecei a pesquisar. De repente, saiu uma placa
das minhas mãos; era uma escama de peixe pré-histórico de oitenta e cinco
milhões de anos.
Encontrou ainda um dente de
dinossauro que é um dos maiores exemplares da América do Sul, dentre outras
peças. Não se esgotaram mais os achados fósseis em Peirópolis, e ele ali
permaneceu, dando continuidade ao movimento espírita.
Langerton trabalhou com Chico
Xavier durante trinta anos, sem nunca ter faltado uma única vez. Percorria a
cavalo semanalmente vinte e dois quilômetros entre Peirópolis e Uberaba.
Responsável pela limpeza do Grupo Espírita da Prece, ajudava Chico a organizar
as multidões que o procuravam. Muito amigos, com ele Chico partilhava
dificuldades, incertezas e alegrias do caminho.
Foi um dos fundadores do Centro
Espírita Eurípedes Barsanulfo, na Vila Cantinho Espírita. O Centro desenvolvia
várias atividades: reuniões de Evangelho e Cura, evangelização infantil e
juvenil, distribuição da sopa D. Neves Maria dos Santos, Departamento de
Farmácia Homeopática Frederico Peiró, Albergue Noturno Dr. Bezerra de Menezes e
Emílio Luz, Internato Espírita Nosso Lar e outros.
Acolhia os desamparados, os
doentes mentais (internando-os sob seus cuidados e de acompanhantes, quando
necessário), recebendo gratuitamente (e com muito esforço) todos os que
buscavam a cura de suas aflições, para o que criou o Lar dos Apóstolos.
Homem sábio, Langerton sabia que
os problemas de saúde são fruto dos desequilíbrios espirituais. Compreendia que
a fitoterapia deveria atuar junto com a terapia do Evangelho, responsável por
nossa reforma íntima, verdadeira propulsora de mudanças em nosso espírito e,
por conseguinte, em nosso corpo material. Por essa razão, denominava
carinhosamente as gotas fitoterápicas de gotas evangélicas, pois se constituíam
em chamado para o aprendizado e vivência do Evangelho de Jesus.
Foi a partir de 1959 que
Langerton assumiu o trabalho, sob a orientação espiritual de Eurípedes e Emílio
Luz, aprofundando os conhecimentos sobre as plantas, o preparo,
acondicionamento, embalagem, indicação, e transmitindo esses conhecimentos a
outras pessoas interessadas. Manteve, com obstinação, o compromisso de oferecer
o trabalho gratuitamente.
Durante o período de 1988 a
2003, realizou, com outros trabalhadores, diversas viagens por municípios
mineiros e por Estados do Norte, Nordeste e Sudeste, concentrando-se, nos
últimos anos, nas duas primeiras regiões. No mês de julho, partiam de Peirópolis,
subindo pelo Nordeste até o Pará, no Norte, passando por treze Estados da
Federação. As viagens objetivavam o atendimento gratuito, levando medicamentos
e consolo aos que lhes procuravam nos Centros Espíritas agendados.
Em 4 de abril de 2003, Langerton
desencarnou. Trabalhou até o último instante de sua vida terrena.
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