Abaixo transcrevo a entrevista
concedida no Blogo do Ismael.
− Jussara, pode nos fazer a sua auto apresentação?
Nasci na cidade de São Paulo. Sou casada com João
Korngold e tenho um filho de 16 anos, Gabriel.
− Qual a sua formação acadêmica e profissional?
Sou formada em Economia e tenho especialização em
finanças. Falo, além do Português, o Inglês, o Francês e o Espanhol, o que tem
me ajudado muito na divulgação de nossa querida doutrina.
− Sua ida para a Europa se deu em função do trabalho?
Em 1993, por motivo de trabalho, meu marido foi
transferido para Londres, e vivemos lá até 1996.
− Em quais países você já residiu?
Além do Brasil, cidade de São Paulo, também morei em
Londres, Miami e Nova Iorque.
− Como você conheceu o Espiritismo e desde quando é
Espírita?
Bem, esta é uma história de amor. Estudei em um colégio
de freiras e porque elas me achavam muito religiosa, permitiram que eu fizesse
minha primeira comunhão aos 6 anos de idade. Devido ao estudo de preparação
para a primeira comunhão passei a questionar o Deus que nos era apresentado. Eu
não podia aceitar que Deus era um velhinho de barbas sentado num trono. E
também não aceitava que a morte era o fim de tudo. Felizmente, como meu avô era
espirita, e minha mãe conhecia o Espiritismo, aos 11 anos ela passou a me levar
para as palestras e estudos da FEESP- Federação Espirita do Estado de São
Paulo. Foi quando me encontrei, e desde então, passei a devorar os livros
espíritas.
Atualmente faço parte do centro espírita que fundamos
em Manhattan, na cidade de New York, há 11 anos atrás o Spiritist Group of New
York, Inc. www.sgny.org
− Pode nos fazer uma síntese de sua trajetória espírita no
Brasil, na Inglaterra e nos Estados Unidos?
No Brasil, além da Federação Espirita de São Paulo,
frequentei a Casa do Caminho, no Tatuapé, e me considero uma felizarda por ter
tido uma mestra tão excepcional, Nilce Palotta. A ela devo muito do que sei
hoje, além do amor ao estudo espírita.
Após minha ida para a Inglaterra, frequentei e
trabalhei no Allan Kardec Spiritist Group, dirigido por Janet Duncan. A ela
devo o amor por divulgar o Espiritismo na língua natal do país que nos recebe
por pátria.
A mudança para os Estados Unidos, me levou a participar
do Allan Kardec Spiritist Center (New York), onde era responsável pelos estudos
espíritas em inglês, e em Miami, no Bezerra de Menezes Spiritist Center.
Agora além de palestras em centros espíritas dos EUA, e
outros lugares do mundo, concentro meu trabalho no Spiritist Group of New York.
− E no movimento de unificação por seus diversos órgãos?
Desde minha estadia em Londres, fiz parte da criação do
BUSS, e participei de reuniões realizadas pelo CEI. Hoje ocupo os cargos de
vice-presidente do Conselho Espirita Americano, Diretor da Federação Espirita
do Tri-State (NY, NJ, CT), e sou um dos diretores do Conselho Espirita
Internacional.
− Jussara você não acha que como no seu caso e de diversos
outros espíritas brasileiros radicados no exterior, há o dedo da
espiritualidade colocando cada um no seu lugar e na hora certa, concretizando
um planejamento superior?
Sabemos tão bem que nada acontece por acaso, e sem
dúvida alguma, fomos dirigidos para outras pátrias, seguramente para
resgatarmos dívidas passadas. Principalmente, em se tratando de tarefa tão
importante, não podemos acreditar que a espiritualidade maior iria deixar ao
acaso, a divulgação do Espiritismo.
− Quando você faz para si mesma esses questionamentos
íntimos emerge-lhe a certeza de que está cumprindo compromissos espiritualmente
assumidos?
Com certeza. E é tão interessante quando olho para trás
e vejo os acontecimentos no caminho que me trouxeram até aqui, hoje. Sou muito
grata a Deus, Jesus e a Espiritualidade maior por ter me permitido participar
de obra tão sublime. E oro todos os dias para não esmorecer, e cumprir com os
compromissos assumidos.
− Houve um encadeamento profissional ou familiar para que
as coisas acontecessem na forma como realmente aconteceu?
Como meu marido é espirita como eu, compreendemos
perfeitamente que, apesar de o motivo de termos saído do Brasil tenha sido,
aparentemente, profissional, na realidade estamos trilhando os caminhos
necessários para melhor atendermos aos nossos compromissos espirituais. No meu
caso em particular, minha paixão sempre foi o francês e tudo que se relaciona
com a França, e digo, com um certo pesar, que nesta encarnação meu compromisso
não era lá. Tive que aprender inglês na marra, pois as aulas de inglês eram as
únicas que não tinha interesse em assistir. Minha vida profissional me levou a
trabalhar em companhias multinacionais (Chase, Citibank, American Express),
sempre no setor internacional, e ai, não teve jeito, tive que me especializar
no idioma. Hoje, graças a isso, posso me dedicar ao movimento espirita no
idioma inglês, com tradução de livros e matérias espíritas e mesmo escrevendo
livros e material de estudo em inglês. No momento estou escrevendo, para o
Conselho Espirita Americano, o Estudo Sistematizado de Espiritismo, incluindo o
estudo da mediunidade, em inglês.
− Jussara, poderia nos enumerar os principais vultos e
acontecimentos espíritas ocorridos nos Estados Unidos?
Como vivo nos Estados Unidos, como forma de atrair o
público americano de uma forma mais particular, sempre menciono a grande
sabedoria de nosso Pai Criador. Digo que o ponto de partida do Espiritismo
aconteceu graças aos fenômenos de Hydesville, no estado de Nova Iorque, com as
irmãs Fox, fenômenos que foram levados a França, e se incorporaram na própria história
do Espiritismo codificado por Kardec poucos anos depois. Mas que o Espiritismo
floresceu e tornou-se o que é hoje, no Brasil. Representam as fases de
nascimento, desenvolvimento e amadurecimento.
Sabemos que contamos com a ajuda de Espíritos
Americanos para o desenvolvimento do Espiritismo nos EUA. Entre eles podemos
destacar: Benjamin Franklin, Abraham Lincoln, Andrew
Jackson Davis, Emily Elizabeth Dickinson, Abigail Adams, Sojourner
Truth e Thomas Edison.
− Pode nos enumerar os mais antigos centros espíritas norte-americanos?
Um dos centros espiritas mais antigos que conhecemos e
ainda encontra-se em plena atividade é o Templo San Jose, em Nova Jersey, que
brevemente completará 60 anos. Temos também que citar os trabalhos do Sr. Salim
Salomão Haddad, que foi impulsionado pela visita que Chico
Xavier fez aos Estados Unidos em 1965, e fundou o Christian Spirit
Center, que era sediado no Estado da Carolina do Norte (Elon College).
Tem também o El Centro Libertad del Espiritismo o qual
foi fundado em 1933, pelo casal Luis Perez e senhora Pilar Perez, imigrantes
espíritas portoriquenhos que vieram para a cidade de Nova Iorque em 1930.
− Nos fale sobre a Aliança Espirita de Livros/Spiritist
Aliance for Books (SAB).
Quando abrimos o Spiritist Group of New York/Grupo
Espirita de New York, não tínhamos nem os 5 livros da codificação traduzidos
para o inglês, só os 3 primeiros. Havia apenas uns 6 livros espíritas em
inglês, e mesmo assim, não necessariamente disponíveis para os leitores.
Decidimos então, que para espalhar a doutrina espírita pelo território
americano, teríamos que nos dedicar a tradução de livros espíritas para o
inglês. Assim, abrimos o SAB, que é uma organização sem fins lucrativos.
Nossas duas primeiras publicações foram: O Céu e
Inferno (Heaven and Hell) e a Genêsis, e assim, pela primeira vez na
história, tivemos os 5 livros da Codificação de Allan Kardec, em inglês, e
disponíveis ao público. Só conseguimos esta façanha graças a generosidade do
Lar Fabiano de Cristo, mais especificamente ao Prof. Cesar Soares dos Reis. Por
isso somos eternamente gratos a eles, e sempre mencionamos que graças a eles
pudemos finalmente dar início a divulgação, em inglês, do Espiritismo. Muitas
pessoas não realizam a importância deste fato. Alguns perguntam porque o
Espiritismo não era mais conhecido nos Estados Unidos. E como poderia, se nem
os livros da Codificação em inglês estavam disponíveis. Isto ocorreu no final
de 2003.
Hoje já publicamos pelo SAB 11 títulos em inglês, e
fizemos a tradução e/ou revisão de mais de 20 livros, que foram publicados por
outras editoras.
Lucro não temos nenhum, muito pelo contrário, mas não é
isto que nos motiva.
Deus nos permita continuar com esta tarefa.
− A partir de quando o Espiritismo começou a ser expandir
nos EUA?
Como dissemos anteriormente, o Espiritismo foi
impulsionado pela visita que Chico Xavier fez aos Estados Unidos em 1965, e
logo após iniciaram-se as visitas de Divaldo
Pereira Franco, o maior de todos os desbravadores espíritas.
− O CEI tem contribuído para expandir o movimento
espíritas nos EUA?
É muito importante termos o apoio de um órgão difusor
do Espiritismo tão sério como o é o CEI - Conselho Espírita Internacional, e
por este motivo, também sentiu-se a necessidade de se criar, aqui nos Estados
Unidos, em 1996, o USSC - United States Spiritist Council.
− Quantas casas espíritas estão filiadas ao Conselho
Espírita dos Estados Unidos?
Afiliadas no momento temos 36, mas, temos
aproximadamente 80 casas espíritas no território americano, segundo nossa última
contabilização. Muitas das casas que ainda não estão filiadas encontram-se em
processo de legalização de suas atividades espíritas no país.
− Como o povo Norte Americano tem enxergado o Espiritismo
em seu país? A mídia norte americana e a população tratam os fatos espíritas na
forma como nós brasileiros estamos acostumados no Brasil ou ainda os enxergam
como algo meio que fantasioso ou sobrenatural?
O Espiritismo ainda está engatinhando nos Estados
Unidos, apesar de estar bem mais desenvolvido que há 10 anos atrás. Porém, a
grande maioria dos centros espíritas são formados por brasileiros, bem como
seus frequentadores. No entanto notamos um interesse cada vez maior pelo assunto,
com um misto de curiosidade e investigação. A noção de espiritualidade, ao
contrário do que muitos pensam, é muito presente na maioria da população
americana, então a divulgação se torna um pouco mais fácil. Porém acredito que só
vai se espalhar realmente em grande escala quando mais americanos tomarem
conhecimento da doutrina e começarem a divulgar por eles mesmos. Por exemplo,
as manifestações mediúnicas não são divulgadas pela mídia, o que a grande
maioria da população conhece são os chamados “psychics”, “mediums” que fazem
leitura de cartas ou de futuro através de pagamento
− Pode nos citar os principais eventos espíritas
realizados no país?
Além dos eventos locais, promovidos pelas mais de 80
casas espíritas espalhadas pelo território americano, o principal evento
nacional, totalmente em Inglês, tem sido o Simpósio Espírita. Este Simpósio tem
se realizado anualmente, em estados diversos dos Estados Unidos, desde 2007.
Nosso próximo Simpósio será na cidade de Atlanta, Georgia, dia 12 de maio de
2012.
Podemos destacar também o Primeiro Congresso Espirita
Americano, em 2000, realizado em Miami, que contou com a presença de mais de
800 pessoas.
− Que meios tem sido utilizados pelos espíritas para
divulgar a doutrina nos EUA?
Um dos principais meios de divulgação que temos hoje, é
a internet. Contamos com vários websites que disponibilizam livros, matérias de
estudos, palestras, vídeos, e mais recentemente com a Radio Kardec.
− Algo mais que queira acrescentar?
Minha grande paixão é o livro espírita e por isso, mais
uma vez recorro, através desta oportunidade, a ajuda de irmãos que possam estar
dispostos a nos auxiliarem na tarefa de tradução.
Temos nos Estados Unidos uma nação ainda extremamente
carente no que se refere as verdades espirituais. Nos encontramos aqui, cercado
de pessoas carentes e com sede de saber, mas que infelizmente não leem
português, francês ou espanhol.
Pois bem meus, irmãos, nosso apelo é para que os irmãos
de boa vontade se unam e nos auxiliem, dentro de suas possibilidades, para nos
propiciarem condições de termos mais livros traduzidos. Necessitamos de
tradutores, de pessoas que nos auxiliem na tarefa de revisão, e de editoras que
não se preocupem em receber suas recompensas no plano material, mas que tenham
a consciência dos frutos que estarão plantando e das oportunidades que estarão
abrindo quando trabalham pelo esclarecimento de cada um de nossos irmãos.
− As suas despedidas dos nossos leitores.
Somos muito gratos pela oportunidade que nos foi dada,
através desta entrevista e convidamos a todos a nos visitarem quando estiverem
em New York.
Confiram nosso endereço e programação das atividades,
em nosso website www.sgny.org
Ver também: https://www.oconsolador.com.br/ano3/131/entrevista.html
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