quinta-feira, 3 de outubro de 2024

O APARECIMENTO DA SEGUNDA VISTA[1]

 


Miramez

 

A segunda vista aparece espontaneamente ou por efeito da vontade de quem a possui como faculdade?

As mais das vezes é espontânea, porém a vontade também desempenha com grande frequência importante papel no seu aparecimento. Toma, para exemplo, de umas dessas pessoas a quem se dá o nome de ledoras da buena-dicha, algumas das quais dispõem desta faculdade, e verás que é com o auxílio da própria vontade que se colocam no estado de terem a dupla vista e o que chamas visão.

Questão 449 / O Livro dos Espíritos

 

A segunda vista aparece, nas pessoas que têm o dom, espontaneamente; ela desperta ou adormece, em uma frequência bastante acentuada, pelo fato de o dom não estar em pleno desenvolvimento espiritual. Ela obedece, certamente, à vontade, força poderosa que pode mover todas as faculdades espirituais, assim como os próprios destinos dos homens, principalmente quando essa vontade se encontra obediente às instruções do amor. É bom que se diga que a espontaneidade no afloramento dos dons vem da consciência, pois, ela é programada por Deus para nos atender nos momentos em que dela necessitamos para tais desempenhos.

A ciência vai procurar estudar o homem por dentro, visto que, por enquanto, está observando o homem por fora. As atenções se encontram voltadas para os efeitos, e não para as causas, onde se deveria empregar mais a atenção. Mas, Jesus não está aflito por isso; se Ele nos guia desde o princípio do mundo que lhe foi entregue, a razão nos diz que a Sua paciência é elástica ao infinito. Ele é Mestre e sabe ensinar aos Seus alunos com a maior precisão.

Não é somente a segunda vista que aparece no momento em que precisamos; são todos os dons que possuímos. Eles, aflorados, são manejados pelo poder interno na hora certa, mas, igualmente obedecem à vontade dos que possuem seus valores. Não obstante, a vontade nem sempre traz à tona a faculdade perfeita dos dons espirituais. Ela se amplia pela criatividade e pelo interesse próprio; os aspectos inconvenientes não enganam no surgimento espontâneo dos dons, ainda que haja uma mistura com os valores, por ser a vontade livre nos corredores da intuição espiritual.

Vejamos como deve ser educada a mediunidade, bem como, igualmente, o médium, para que a sua vontade não interfira nas suas revelações e nas suas mensagens, das quais se servem os Espíritos para esclarecimento das criaturas encarnadas.

Isso é muito sério; os canais mediúnicos devem estar livres, para não serem comparados com os canos que servem à limpeza de uma cidade, mas, sim, como condutor de água potável.

Jesus quis dar à samaritana outro tipo de água que ela não conhecia: a água que a Doutrina Espírita está vertendo dos mananciais de Jesus para a humanidade. Aproveitemos, pois, essa misericórdia, porque as oportunidades passam e haveremos de esperar até surgir outra em nossos caminhos, o que pode demorar. Se, quando o poço está pronto, a água aparece, vamos preparar esse nosso poço, para que a água de luz possa surgir no sentido de saciar nossa sede espiritual.

Que quem tiver alguns dons aflorados, procure não impor a vontade. A razão, por ser de ordem humana, é falha. Ela é cheia de conveniências pessoais. Deixemos a espontaneidade surgir pelo empuxo da consciência em Cristo, e desta maneira a verdade vai nos tornar livres das ilusões e da farsa. As faculdades espirituais que todos possuem não são máquinas humanas; elas são vidas pela força de Deus, que intercambiam nossos poderes que espiritualizam nossos sentimentos e nos fazem comungar com Cristo interno, acionando o coração em estímulos santos.

É bom que compreendamos as necessidades de andarmos com Jesus como nosso convidado especial, porque com Ele não erramos os caminhos para a libertação. Procuremos desenvolver a nossa segunda vista. Isso é muito nobre, no entanto, é de caráter divino saber o que faremos com ela ampliada. Oremos e vigiemos em todas as nossas observações e trabalhos, para não cairmos em novas tentações, no desperdício das forças que Deus nos facultou para o nosso bem e nossa felicidade.



[1] Filosofia Espírita – Volume 9 – João Nunes Maia

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