Miramez
O duelo pode ser considerado como um caso de legítima
defesa?
− Não; é um assassínio e um costume absurdo, digno dos
bárbaros. Numa civilização mais avançada e mais moral o homem compreenderá que
o duelo é tão ridículo quanto os combates antigamente encarados como "o
juízo de Deus".
Questão 757 / O Livro dos Espíritos
O homem demonstra ter
compreendido mal a questão da legítima defesa, ao entender que deve ser
praticada com as próprias mãos.
Deus, ao criar tudo que existe,
não se esqueceu de estabelecer por leis maiores a defesa contra as investidas
da maldade. As defesas são naturais; a própria lei da justiça se encarrega de
defender o justo. Se se defende de um ataque com a mesma gana de matar do
ofensor, compara-se com ele e pode, dessa forma, tornar-se um assassino,
piorando a sua situação como irmão dos que atacam.
Matar é um costume digno dos
bárbaros, daqueles que ainda desconhecem que só quem deu a vida pode tirá-la. O
duelo, bem sabe o espiritualista, é contrário à lei.
O nosso dever, como filhos de
Deus, do modo que respeitamos a Jesus, é observar as leis estabelecidas por
Ele, de amar ao Senhor sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Como matar ao nosso irmão, se a lei nos pede para amar o próximo?
A legítima defesa deve ser como
as armas da fraternidade para com todos os ofensores, é procurar meios justos
de educá-los ante a sociedade, para que sirvam de instrumento da mesma
educação, para com os seus irmãos em caminho. Nos tempos passados, quando a
brutalidade era campo aberto para todas as criaturas, onde não se entendia o
amor, encontrávamos os bárbaros em função da ignorância. Depois de Jesus, Ele,
o Mestre dos mestres, veio nos trazer o amor e viver essa virtude incomparável
para nos ensinar, pondo um ponto final na ignorância.
Os que acompanham Jesus devem,
por obrigação, conhecer o amor e amar a todas as coisas e a todos os seres. As
guerras são duelos, por existirem ainda os bárbaros em todas as nações do
mundo, mas, com o tempo, esse estado de brutalidade tende a desaparecer por
completo da face da Terra. Então, a paz reinará em todas as nações do mundo,
onde deverá dominar somente o amor ensinado por Jesus.
Por que duelar? Por que
incentivar o duelo, que é prenúncio de morte pela mão do homem, que ainda não
sabe o que faz? Por isso voltou Jesus, pelos canais da Doutrina Espírita, a nos
ensinar o verdadeiro amor, a nos ensinar toda a ordem de educação, domesticando
nossos instintos e transformando-os em caridade e amor para com todos os seres.
A legitima defesa é acionada pela educação, pelo trabalho e pelo amor ao
próximo como a nós mesmos.
Somente Deus sabe como nos
defender, por ter sido Ele que nos criou a todos. Compete-nos trabalhar em
favor da paz em todas as direções da vida, para que essa vida nos responda com
a mesma paz que distribuímos aos nossos semelhantes. Com o contato que devemos
ter com Jesus, a "lepra" da incompreensão desaparecerá dos nossos
instintos, como citado por Marcos, no capítulo um, versículo quarenta e dois,
assim dizendo:
No
mesmo instante lhe desapareceu a lepra e ficou limpo.
Se queremos nos curar de todas
as enfermidades, procuremos Jesus, o Cristo de Deus, que pode estabelecer-se
dentro de nós mesmos, ensinando-nos como devemos proceder para que a luz venha
a se acender dentro do nosso coração, fazendo-nos esquecer por completo a
"legítima defesa" que os homens conhecem.
A verdadeira defesa que podemos
ter é trabalharmos para o bem comum, vivendo todo o tempo na construção do amor
e pelo amor.
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