quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

DISTÂNCIAS[1]

 



Miramez

 

Os Espíritos precisam transportar-se para ver em dois lugares diferentes? Podem ver ao mesmo tempo num e noutro hemisfério do globo?

− Como o Espírito se transporta com a rapidez do pensamento, podemos dizer que vê por toda parte de uma só vez. Seu pensamento pode irradiar e dirigir-se para muitos pontos ao mesmo tempo. Mas essa faculdade depende da sua pureza: quanto menos puro ele for, mais limitada é a sua vista; somente os Espíritos superiores podem ter visão de conjunto.

 

A faculdade de ver dos Espíritos, inerente à sua natureza, difunde-se por todo o seu ser, como a luz num corpo luminoso. E uma espécie de lucidez universal, que se estende a tudo, envolve simultaneamente o espaço, o tempo e as coisas, e para a qual não há trevas nem obstáculos materiais. Compreende-se que assim deve ser, pois no homem a vista funciona através de um órgão que recebe a luz, e sem luz ele fica na obscuridade. Mas, nos Espíritos, a faculdade de ver sendo um atributo próprio que independe de qualquer agente exterior, a vista não precisa de luz. (Allan Kardec).

Questão 247/O Livro dos Espíritos

 

Não existem distâncias, como se pensa na Terra, para os Espíritos superiores. Eles têm o poder de ver tanto de perto, quanto em distâncias imensuráveis, como se acredita ser. É, pois, uma dilatação dos seus poderes de visão, controlados pela vontade que a sua maturidade espiritual favorece.

Partindo de Deus, pode-se notar que Ele está presente em toda a Sua Criação, consciente de tudo o que nela ocorre. Pois bem, são as Suas faculdades inexplicáveis para nós outros, dilatadas sem limites, acionadas pela Sua soberana vontade. Além disso, há Seus agentes de luz, como sendo os anjos dos céus, vigilantes da eternidade, alimentando as leis que vibram em todo o universo.

Para os Espíritos puros, desaparecem o tempo e espaço como, e certamente, deixam de existir distâncias que, para nós outros, são obstáculos. O Espírito, de acordo com o seu crescimento espiritual, pode comunicar-se em muitos lugares diferentes ao mesmo tempo, por vários médiuns. Não tendo outra expressão, podemos dizer que se expande ao infinito, em plena consciência.

Além da resposta dada pelo Espírito a Allan Kardec, que o Espírito se transporta com a velocidade do pensamento, o próprio codificador acrescenta algo, com muita lógica, dando mais luz para o nosso entendimento, dizendo que a faculdade de ver do Espírito é inerente à sua natureza. E acrescentamos que ela se dilata de acordo com a sua evolução, ou melhor, com o seu despertamento espiritual.

Essa faculdade começa a se expressar mesmo quando o Espírito está envolvido na carne. Há muitas pessoas que conseguem dividir o pensamento, fazendo duas coisas ao mesmo instante e, por vezes, com facilidade. Não obstante, existem Espíritos que não conseguem registrar os fatos que ocorrem junto deles. Como já dissemos, isso depende do crescimento da alma, no entanto, as qualidades são inerentes ao Espírito, esperando o toque da maturidade para desabrochar como luz que espanta as trevas. Analisando uma imagem de televisão, teremos uma ideia da presença do Espírito em vários lugares ao mesmo tempo. É um exemplo rudimentar, mas nos serve de luz para observarmos a realidade espiritual.

As leis da natureza nos dão comparações valiosas, em todos os sentidos, da grandeza d'alma com o despertamento dos atributos que Deus lhes facultou para serem acordados e colocados a serviço do seu conforto e do bem-estar coletivo. Todos somos cocriadores; depende do nosso preparo, para que possamos usar as faculdades que conduzimos no coração.

Não existe, para os Espíritos puros, passado, nem mesmo presente ou futuro, e sim o eterno, onde eles vivem na plenitude do amor. Essas limitações da vida são somente para os Espíritos inferiores, mas, que têm tudo dentro de si para alcançar as faculdades usadas conscientemente pelos Espíritos superiores.

Os pensamentos dos Espíritos puros são quase contínuos, ao passo que, nos Espíritos inferiores, eles têm intervalos muito grandes, onde se nota a inconsciência, mas, com o crescimento espiritual, vão diminuindo o espaço entre si e crescendo na consciência do seu existir. Somente Deus tem a consciência total. Falamos na linguagem limitada dos homens.

Não dá para descrever a sabedoria sem limites dos poderes do Espírito, porém, se percebe mais ou menos alguns traços da verdade, colocando o estudioso em condições de diminuir as distâncias da verdade.



[1] Filosofia Espírita – Volume 5 – João Nunes Maia

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