Linda Gazzera nasceu em 26 de
agosto de 1890, em Roma, Itália. É conhecida em toda a parte pelos curiosos e
pesquisadores dos fenômenos paranormais. Esse nome figura nos trabalhos de Lombroso,
Richet,
Imoda e Mme. Bisson, como uma das mais poderosas médiuns de efeitos físicos e
materialização.
O Dr. Enrique Imoda, médico
italiano e infatigável pesquisador dos fenômenos supranormais, estudou
pacientemente durante dois anos, a mediunidade de Linda Gazzera, tendo
conseguido, após inúmeras experiências, reunir material de grande valor
documental, em que figuram produções teleplásticas e corporificações notáveis,
fotografadas durante a série de sessões, realizadas em Turim, nas residências
da princesa de Ruspoli e da senhora Coggiola, com um reduzido grupo que ele
organizou.
A valiosa documentação desse
experimentador italiano foi, depois de sua desencarnação, em 1912, impressa
pela editorial Fratelli Bocca, com o título de "Fotografie di
Fantasmi", trazendo um belo e substancial prefácio de Richet.
O livro de Imoda é hoje uma
preciosidade. Ele contém a mais famosa documentação iconográfica dos fenômenos
metapsíquicos da época com a mediunidade de Linda Gazzera.
Foi em maio de 1908 que Linda
Gazzera passou a trabalhar com o Dr. Imoda. Acontecimento este notável na vida
deste experimentador.
O único fito de Imoda em seus
estudos era o de conseguir fotografar as produções materializadas.
Com paciência incomparável, esse
pesquisador extraordinário levou 2 anos, sem esmorecer sequer um só instante,
entre os mais desanimadores fracassos, para poder ver coroadas de êxito as suas
provas reais da objetividade dos fenômenos de teleplastia e corporificações.
Linda Gazzera nessa época tinha
22 anos de idade. Imoda descrevendo a constituição e a personalidade de sua
médium diz o seguinte:
É de estatura normal e abundantes, negríssimas e
amontoadas sobrancelhas; um tanto pálida; olhos grandes, escuros, vivos,
escrutadores, mas se os encara com fixidez, apresenta desfalecimento
característico como os de uma pessoa que se deixa facilmente hipnotizar.
É de caráter impulsivo, habitualmente alegre; ri à
vontade, mas passa com facilidade de um para outro estado de ânimo; facilmente
se entristece, facilmente se controla. Tem tendência à infantilidade; gosta
muito de brincar com crianças. É singular nos seus hábitos; aprecia dormir
durante o dia e velar à noite.
Durante à noite, lê, cose ou confecciona suas roupas.
Escreve novelas e historietas sentimentais e as envia aos jornais populares.
Tem discreta cultura literária; aprecia o estudo das línguas estrangeiras e
mostra acentuada tendência para o desenho.
Falando das características do
transe de linda Gazzera diz Imoda:
O seu transe, ou o seu sono mediúnico, apresenta duas
prerrogativas preciosas: a médium adormece com uma extraordinária facilidade e
rapidez; em poucos minutos passa para a fase de lúcido sonambulismo mediúnico e
no fim da sessão, com a mesma rapidez, com um simples e ligeiro sopro nos olhos
e a uma chamada pelo nome à voz baixa, desperta repentinamente, recuperando
incontinenti completa lucidez.
Durante o transe, Linda Gazzera apresenta, na sua
segunda condição fisiológica e psíquica, um comportamento muito diferente.
Na sua melhor condição o "transe" é
tranquilo: a médium é contente, alegre sem exagero, cortês, amável. Mas, se na
hora precedente à sessão ela se aborrece, se encoleriza ou se amedronta; ou se
ainda na sessão se apresenta uma pessoa a ela antipática; ou finalmente se no
seu sono o subconsciente é tomado de alguma paixão; se o seu estômago se
encontra ainda em atividade digestiva, então o caráter da médium e a fisionomia
da sessão mudam completamente.
Nesse caso a força mediúnica é ainda mais enérgica
fisicamente. Golpes tremendos que espatifam os móveis são dados,
assemelhando-se aos de um malho. A médium transpira, bufa, agita-se, debate-se,
contorce-se; a personalidade mediúnica muda o seu caráter e assume conduta
violenta, brutal.
Imoda descreve duas
personalidades mediúnicas que orientavam os trabalhos nas sessões de Linda
Gazzera. Uma se dizia chamar "Vicenzo", ex-oficial de cavalaria. O
caráter fundamental dessa personalidade era o de conservar absoluta autonomia.
A segunda personalidade dizia-se
chamar "Carlotta". Apresentava-se à sessão com uma fisionomia
físico-psíquica muito diferente da de "Vicenzo". Era amável, cortês,
delicada de modos e de expressões.
São estas as considerações
resumidas do notável trabalho de Imoda sobre Linda Gazzera no período áureo do
desenvolvimento de sua mediunidade.
Como já dissemos atrás, dois
anos duraram as experiências de Imoda com esta médium.
Tendo sido apresentada a Richet
por esse investigador italiano, linda Gazzera em fins de 1909 vai a Paris, no
círculo de Richet, pode-se bem avaliar pelas inúmeras cartas relatos que este
endereçou a Imoda. Transcreveremos apenas trechos de uma delas e outra na
íntegra, do livro de Imoda, para se poder bem apreciar a intensidade dos
fenômenos produzidos em Paris pela mediunidade de Linda Gazzera.
As sessões tiveram lugar na
residência de Richet, com as assistências do Prof. Richet, Mme. Richet, Carlos
Richet Filho e o sr. Fontenay. Já na segunda sessão (domingo, 17 de abril de
1909) escrevia Richet a Imoda:
Caro amigo: Como você já deve saber pelo meu telegrama,
tivemos ontem à noite uma experiência com admirável sucesso. Graças a Fontenay,
que é um excelente fotógrafo e tem ótimos aparelhos, obtivemos três boas chapas
que mostram um antebraço e uma mão. O resto da sessão correu interessante:
contatos, movimentos diversos, transportes de objetos. "Linda está em boas
condições de saúde. Charles Richet.
Todo o tempo que Linda Gazzera
permaneceu em Paris, a sua mediunidade se desdobrou de uma maneira notável. E
Richet não perdia tempo; as sessões se sucediam quase que diariamente.
Vejamos mais uma de suas
entusiastas cartas:
Quarta-feira, 21 de abril de 1909. Caro amigo: Acabamos
de realizar uma belíssima sessão. Aqui está o relatório sumário; guarde-o
porque não escrevi outro. Presentes Mme. Ch. Richet, Ch. Richet, Fontenay,
Argentine. Eu à direita, Fontenay à esquerda. Sessão de 9:30 às 10:50 horas.
Durante todo o tempo, sem interrupção, sem uma só interrupção, segurei
solidamente, admiravelmente, resolutamente a mão direita, e talvez trinta ou
quarenta vezes constatei, colocando a mão sobre a outra mão de Linda, que
Fontenay segurava perfeitamente, a mão esquerda. Durante a sessão, mesmo no
começo, antes que se declarasse o transe de Linda, já havia movimentos de
objetos. A música tinha recomeçado: um cachimbo colocado atrás de Linda
apareceu em plena escuridão e foi posto na minha boca. Pouco depois este
cachimbo foi arrebatado (obscuridade absoluta) e jogado com força no meio da
sala. Enquanto prendia as duas mãos de Linda, uma força resistente, atuando
sobre mim, deu-me violentos golpes sobre o dorso da mão. Uma vez senti como a
pressão de uma mão se agitando atrás da cortina. Golpes violentos foram dados
sobre a mesa, (enquanto segurava as duas mãos) como um murro (com um objeto ou
sem ele) desfechado sobre a mesa em minha frente. Logo, a materialização de uma
coisa forte, grossa, batendo com vigor (Fontenay que se achava à esquerda, foi
seguidamente com muito mais violência tocado do que eu, enquanto tinha
solidamente segura a mão esquerda) não se poderia duvidar. "Vicenzo"
falou de "louco e de manicômio" (?)
Foi tirada uma fotografia que parece boa, nos disse
"Vicenzo". Porém, infelizmente, ele nos fez crer que não obteríamos
outras.
A segunda fotografia foi revelada: ela é muito bonita.
A mão ficou bem materializada. Vê-se a unha e todas as falanges. Quatro dedos.
Está envolta por uma fita, de um tecido que Linda não tem. Curioso é que um fio
que parece branco, uma espécie de haste será um radius em formação? Sai atrás da
cabeça de Linda.
Envie-me a prova em diapositivo da nossa última
experiência de Turim.
Não lhe envio ainda as figuras (formidáveis) das nossas
três experiências de Paris, porque Fontenay só tem tempo para realizar as
experiências. Como você vê, não perdemos tempo.
Charies Richet
Assim, como se verifica, o
entusiasmo do sábio francês pelas produções dos fenômenos supranormais
realizados através da mediunidade de Linda Gazzera foi grande. Doze sessões
coroadas com pleno êxito no pequeno círculo familiar, privado, do prof. Richet.
Em seguida, Linda Gazzera voltou a Turim para continuar as pesquisas de Imoda.
No dia 13 de setembro de 1909 realizou a última sessão com esse investigador.
Imoda adoeceu de cama para nunca mais se levantar. Entretanto as suas sessões
continuaram sob a direção do sr. Damaison.
Foi nessa época que começaram a
surgir os primeiros fenômenos luminosos. Assim "na sessão de 4 de outubro
de 1909, antes de a médium cair em transe, um corpo esferoidal, vem para a mesa
completamente envolvido na cortina. A médium inteiramente acordada, podia
tocá-lo e dizer que tinha consistência muscular. Apresentava uma superfície de
cerca de quatro centímetros quadrados, completamente fosforescente. Quando a
médium tocava esta parte, a fosforescência passava para ela por alguns
segundos. Verificou-se que este corpo não tinha extensão para dentro da
cortina, mas era completamente isolado. Logo que a médium caiu em transe,
Vicenzo disse que era a sua cabeça que não se tinha materializado bem, por
falta de força necessária. E assim, esse novo fenômeno de luminosidade foi-se
produzindo com mais intensidade nas sessões seguintes.
Após seu casamento, com Raymond
Victor Demaison, Linda Gazzera foi morar em Winnipeg, Canadá, onde teve seu
único filho. Sabe-se ainda que transferiu residência para São Paulo. Faleceu em
24 de novembro de 1942 e está sepultada
no Cemitério São Paulo (Rua Cardeal Arcoverde) - São Paulo - SP
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