segunda-feira, 23 de outubro de 2023

LINDA GAZZERA[1]

 

 

Linda Gazzera nasceu em 26 de agosto de 1890, em Roma, Itália. É conhecida em toda a parte pelos curiosos e pesquisadores dos fenômenos paranormais. Esse nome figura nos trabalhos de Lombroso, Richet, Imoda e Mme. Bisson, como uma das mais poderosas médiuns de efeitos físicos e materialização.

O Dr. Enrique Imoda, médico italiano e infatigável pesquisador dos fenômenos supranormais, estudou pacientemente durante dois anos, a mediunidade de Linda Gazzera, tendo conseguido, após inúmeras experiências, reunir material de grande valor documental, em que figuram produções teleplásticas e corporificações notáveis, fotografadas durante a série de sessões, realizadas em Turim, nas residências da princesa de Ruspoli e da senhora Coggiola, com um reduzido grupo que ele organizou.

A valiosa documentação desse experimentador italiano foi, depois de sua desencarnação, em 1912, impressa pela editorial Fratelli Bocca, com o título de "Fotografie di Fantasmi", trazendo um belo e substancial prefácio de Richet.

O livro de Imoda é hoje uma preciosidade. Ele contém a mais famosa documentação iconográfica dos fenômenos metapsíquicos da época com a mediunidade de Linda Gazzera.

Foi em maio de 1908 que Linda Gazzera passou a trabalhar com o Dr. Imoda. Acontecimento este notável na vida deste experimentador.

O único fito de Imoda em seus estudos era o de conseguir fotografar as produções materializadas.

Com paciência incomparável, esse pesquisador extraordinário levou 2 anos, sem esmorecer sequer um só instante, entre os mais desanimadores fracassos, para poder ver coroadas de êxito as suas provas reais da objetividade dos fenômenos de teleplastia e corporificações.

Linda Gazzera nessa época tinha 22 anos de idade. Imoda descrevendo a constituição e a personalidade de sua médium diz o seguinte:

É de estatura normal e abundantes, negríssimas e amontoadas sobrancelhas; um tanto pálida; olhos grandes, escuros, vivos, escrutadores, mas se os encara com fixidez, apresenta desfalecimento característico como os de uma pessoa que se deixa facilmente hipnotizar.

É de caráter impulsivo, habitualmente alegre; ri à vontade, mas passa com facilidade de um para outro estado de ânimo; facilmente se entristece, facilmente se controla. Tem tendência à infantilidade; gosta muito de brincar com crianças. É singular nos seus hábitos; aprecia dormir durante o dia e velar à noite.

Durante à noite, lê, cose ou confecciona suas roupas. Escreve novelas e historietas sentimentais e as envia aos jornais populares. Tem discreta cultura literária; aprecia o estudo das línguas estrangeiras e mostra acentuada tendência para o desenho.

Falando das características do transe de linda Gazzera diz Imoda:

O seu transe, ou o seu sono mediúnico, apresenta duas prerrogativas preciosas: a médium adormece com uma extraordinária facilidade e rapidez; em poucos minutos passa para a fase de lúcido sonambulismo mediúnico e no fim da sessão, com a mesma rapidez, com um simples e ligeiro sopro nos olhos e a uma chamada pelo nome à voz baixa, desperta repentinamente, recuperando incontinenti completa lucidez.

Durante o transe, Linda Gazzera apresenta, na sua segunda condição fisiológica e psíquica, um comportamento muito diferente.

Na sua melhor condição o "transe" é tranquilo: a médium é contente, alegre sem exagero, cortês, amável. Mas, se na hora precedente à sessão ela se aborrece, se encoleriza ou se amedronta; ou se ainda na sessão se apresenta uma pessoa a ela antipática; ou finalmente se no seu sono o subconsciente é tomado de alguma paixão; se o seu estômago se encontra ainda em atividade digestiva, então o caráter da médium e a fisionomia da sessão mudam completamente.

Nesse caso a força mediúnica é ainda mais enérgica fisicamente. Golpes tremendos que espatifam os móveis são dados, assemelhando-se aos de um malho. A médium transpira, bufa, agita-se, debate-se, contorce-se; a personalidade mediúnica muda o seu caráter e assume conduta violenta, brutal.

Imoda descreve duas personalidades mediúnicas que orientavam os trabalhos nas sessões de Linda Gazzera. Uma se dizia chamar "Vicenzo", ex-oficial de cavalaria. O caráter fundamental dessa personalidade era o de conservar absoluta autonomia.

A segunda personalidade dizia-se chamar "Carlotta". Apresentava-se à sessão com uma fisionomia físico-psíquica muito diferente da de "Vicenzo". Era amável, cortês, delicada de modos e de expressões.

São estas as considerações resumidas do notável trabalho de Imoda sobre Linda Gazzera no período áureo do desenvolvimento de sua mediunidade.

Como já dissemos atrás, dois anos duraram as experiências de Imoda com esta médium.

Tendo sido apresentada a Richet por esse investigador italiano, linda Gazzera em fins de 1909 vai a Paris, no círculo de Richet, pode-se bem avaliar pelas inúmeras cartas relatos que este endereçou a Imoda. Transcreveremos apenas trechos de uma delas e outra na íntegra, do livro de Imoda, para se poder bem apreciar a intensidade dos fenômenos produzidos em Paris pela mediunidade de Linda Gazzera.

As sessões tiveram lugar na residência de Richet, com as assistências do Prof. Richet, Mme. Richet, Carlos Richet Filho e o sr. Fontenay. Já na segunda sessão (domingo, 17 de abril de 1909) escrevia Richet a Imoda:

Caro amigo: Como você já deve saber pelo meu telegrama, tivemos ontem à noite uma experiência com admirável sucesso. Graças a Fontenay, que é um excelente fotógrafo e tem ótimos aparelhos, obtivemos três boas chapas que mostram um antebraço e uma mão. O resto da sessão correu interessante: contatos, movimentos diversos, transportes de objetos. "Linda está em boas condições de saúde. Charles Richet.

Todo o tempo que Linda Gazzera permaneceu em Paris, a sua mediunidade se desdobrou de uma maneira notável. E Richet não perdia tempo; as sessões se sucediam quase que diariamente.

Vejamos mais uma de suas entusiastas cartas:

Quarta-feira, 21 de abril de 1909. Caro amigo: Acabamos de realizar uma belíssima sessão. Aqui está o relatório sumário; guarde-o porque não escrevi outro. Presentes Mme. Ch. Richet, Ch. Richet, Fontenay, Argentine. Eu à direita, Fontenay à esquerda. Sessão de 9:30 às 10:50 horas. Durante todo o tempo, sem interrupção, sem uma só interrupção, segurei solidamente, admiravelmente, resolutamente a mão direita, e talvez trinta ou quarenta vezes constatei, colocando a mão sobre a outra mão de Linda, que Fontenay segurava perfeitamente, a mão esquerda. Durante a sessão, mesmo no começo, antes que se declarasse o transe de Linda, já havia movimentos de objetos. A música tinha recomeçado: um cachimbo colocado atrás de Linda apareceu em plena escuridão e foi posto na minha boca. Pouco depois este cachimbo foi arrebatado (obscuridade absoluta) e jogado com força no meio da sala. Enquanto prendia as duas mãos de Linda, uma força resistente, atuando sobre mim, deu-me violentos golpes sobre o dorso da mão. Uma vez senti como a pressão de uma mão se agitando atrás da cortina. Golpes violentos foram dados sobre a mesa, (enquanto segurava as duas mãos) como um murro (com um objeto ou sem ele) desfechado sobre a mesa em minha frente. Logo, a materialização de uma coisa forte, grossa, batendo com vigor (Fontenay que se achava à esquerda, foi seguidamente com muito mais violência tocado do que eu, enquanto tinha solidamente segura a mão esquerda) não se poderia duvidar. "Vicenzo" falou de "louco e de manicômio" (?)

Foi tirada uma fotografia que parece boa, nos disse "Vicenzo". Porém, infelizmente, ele nos fez crer que não obteríamos outras.

A segunda fotografia foi revelada: ela é muito bonita. A mão ficou bem materializada. Vê-se a unha e todas as falanges. Quatro dedos. Está envolta por uma fita, de um tecido que Linda não tem. Curioso é que um fio que parece branco, uma espécie de haste será um radius em formação? Sai atrás da cabeça de Linda.

Envie-me a prova em diapositivo da nossa última experiência de Turim.

Não lhe envio ainda as figuras (formidáveis) das nossas três experiências de Paris, porque Fontenay só tem tempo para realizar as experiências. Como você vê, não perdemos tempo.

Charies Richet

Assim, como se verifica, o entusiasmo do sábio francês pelas produções dos fenômenos supranormais realizados através da mediunidade de Linda Gazzera foi grande. Doze sessões coroadas com pleno êxito no pequeno círculo familiar, privado, do prof. Richet. Em seguida, Linda Gazzera voltou a Turim para continuar as pesquisas de Imoda. No dia 13 de setembro de 1909 realizou a última sessão com esse investigador. Imoda adoeceu de cama para nunca mais se levantar. Entretanto as suas sessões continuaram sob a direção do sr. Damaison.

Foi nessa época que começaram a surgir os primeiros fenômenos luminosos. Assim "na sessão de 4 de outubro de 1909, antes de a médium cair em transe, um corpo esferoidal, vem para a mesa completamente envolvido na cortina. A médium inteiramente acordada, podia tocá-lo e dizer que tinha consistência muscular. Apresentava uma superfície de cerca de quatro centímetros quadrados, completamente fosforescente. Quando a médium tocava esta parte, a fosforescência passava para ela por alguns segundos. Verificou-se que este corpo não tinha extensão para dentro da cortina, mas era completamente isolado. Logo que a médium caiu em transe, Vicenzo disse que era a sua cabeça que não se tinha materializado bem, por falta de força necessária. E assim, esse novo fenômeno de luminosidade foi-se produzindo com mais intensidade nas sessões seguintes.

Após seu casamento, com Raymond Victor Demaison, Linda Gazzera foi morar em Winnipeg, Canadá, onde teve seu único filho. Sabe-se ainda que transferiu residência para São Paulo. Faleceu em 24 de novembro de 1942  e está sepultada no Cemitério São Paulo (Rua Cardeal Arcoverde) - São Paulo - SP

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