Leopoldo Cirne nasceu em 31 de
Abril de 1870, na Paraíba do Norte, criando-se, porém, na cidade do Recife.
Desde cedo, nele se revelou acentuado pendor pelos estudos e, favorecido por
viva inteligência, avançava, com real proveito, em seu curso de humanidades.
Dificuldades financeiras
obrigaram-no a abandonar os estudos e a ingressar no comércio, quando contava
onze anos de idade. Os comerciários atualmente desfrutam regalias e liberdades
que aos de seu tempo não eram concedidas. Mal despontava a aurora, até às
caladas da noite, estava o empregado no serviço ativo. Só uma pequena parte do
domingo podia o comerciário de então respirar mais livremente e dispor da sua
vontade.
Quis, porém, o destino que o
nosso biografado, apenas de ter a alma cheia de belos sonhos, se visse na
contingência de enfrentar, ainda menino, as lutas e a rude disciplina
comercial, sacrificando, assim, seus mais caros ideais de formação intelectual!
Ignoramos se em aqui chegando,
pelo ano de 1891, trazia já sua crença firmada na Terceira Revelação. O certo,
porém, é que em pleno desabrochar da sua juventude, pois contava mais ou menos
vinte e dois anos de idade, já ao lado do inolvidável Bezerra
de Menezes trabalhava tão sincera e entusiasticamente a prol do
Espiritismo, que desde logo granjeou a confiança de seus confrades que lhe
sufragaram, em 1895, o nome para Vice-Presidente da Federação Espírita
Brasileira.
Despontava o dia 11 de Abril de
1900 e a família espírita brasileira, os pobres, os pequeninos, os ignorados
que o espírito de Adolfo Bezerra de Menezes, o grande Presidente da Federação
Espírita Brasileira, partira para as regiões sublimes do Além!
Foi, pois, a uma personalidade
dessas que coube a Leopoldo Cirne substituir na suprema direção da Casa de
Ismael. Exerceu o cargo de Presidente da Federação Espírita Brasileira durante
o período de 1900 a 1914. E a sua atuação nesse alto posto foi tão marcante
que, por cerca de catorze anos, o exerceu com verdadeiro amor evangélico e
dentro daquele espírito de sincera humildade de que o Cristo nos deu edificante
exemplo. Em começo dissemos que se vira ele obrigado a interromper seu curso de
humanidades; todavia, com esforço próprio conseguiu Leopoldo Cirne ser um dos
mais puros vernaculistas, deixando-nos artigos e obras que até hoje merecem a
nossa admiração.
A sua perseverante força de
vontade e de confiança na misericórdia do Alto, deve a Federação Espírita
Brasileira a sede na Avenida Passos, inaugurada no dia 10 de Dezembro de 1911.
Consagrou-se no campo da
literatura filosófico-religiosa como um dos grandes pensadores do Movimento
Espírita do País, sendo mesmo cognominado o Léon Denis brasileiro.
Conhecia profundamente a Bíblia
e tinha de cor muitos trechos da Imitação do Cristo. As melhores obras de
religião, filosofia, ciência, arte e literatura em geral lhe eram familiares.
Traduziu vários livros para o
nosso idioma, entre eles “No Invisível” e “Cristianismo e Espiritismo“, ambos
de Léon Denis, e organizou, em 1904, o opúsculo “Memória Histórica do
Espiritismo“.
Desencarnou no Rio de Janeiro,
na manhã de 31 de Julho de 1941.
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