Miramez
Durante a infância sofre o Espírito encarnado, em
consequência do constrangimento que a imperfeição dos órgãos lhe impõe?
- Não. Esse estado corresponde a
uma necessidade, está na ordem da Natureza e de acordo com as vistas da
Providência. É um período de repouso do Espírito.
Questão 382 / O Livro dos Espíritos
No decurso da
infância o Espírito não sofre, porque não se encontra devidamente ligado ao
corpo em estado de crescimento. A lei universal que protege a todos tem as suas
gradações de eutimia[2],
facilitando assim o estado em que se encontra a alma em vias, por vezes, de
grandes provações. Conforme o Espírito que se encontra ligado à carne, ele
passa por certas inquietações, em estado de sono ou inconsciência, que não
convêm ao Espírito esclarecido. Já o Espírito altamente evoluído, quando vem à
Terra em missão especial, não perde sua lucidez, por não ter necessidade disso,
como no caso de Francisco de Assis e outros.
A capacidade espiritual dessas
almas não os deixa ficar inertes, nem precisam descansar na formação do seu
corpo físico; eles trabalham constantemente. Todavia existem almas que ficam em
estado de inconsciência, às vezes até por toda existência. Elas não estão
perdendo tempo, pois há um processo de osmose, onde a lei de amor se processa
para educar as criaturas nesse regime de vida, que aparentemente se encontra
desligado da vida.
Os meios de aformosear a vida
são diversos, uns mais lentos e outros mais ligeiros; isso tudo depende da
evolução da alma. O carro de boi é muito lento na sua marcha, contudo, a
evolução dotou o avião moderno com mais velocidade. Assim é a evolução do
Espírito primitivo em relação ao evoluído.
Em se falando das crianças, a
imperfeição dos órgãos já lhes obriga a não pensar e nem expressar o que
guardam acumulado como suas experiências. Se o corpo tolhe suas faculdades,
certamente que isso tem um objetivo, o de ficar em estado de descanso refazendo
forças para novas lutas na carne, que não são fáceis. A mensagem do espiritismo
à humanidade é para o devido preparo, principalmente para entender como receber
os recém-vindos ao mundo, pois que vai ser entregue a eles o comando de todas as
nações e de todos os lares, para que esses, no futuro, vivam na suavidade do
amor e da caridade.
O constrangimento dos órgãos das
crianças é para o bem delas; no fundo, é refazimento das forças. O soldado no
“front” tem suas horas para reparar o que perdeu nas lutas. A vida na Terra é,
pois, plena luta, e quem vence a si mesmo é o maior vencedor.
Quando Jesus deu grande
importância para as crianças, foi nos ensinando que devíamos fazer o mesmo,
porque elas são sementes de Deus para continuidade da mensagem de Cristo, porém
é necessário que aprendam a viver no ambiente dos pais. Uma criança no lar é um
encanto em flor de vida, que por muitas vezes sustenta a vida dos pais. O
sorriso de uma criancinha para os pais é vida que se transmite para os que lhe
deram a vida material. É a gratidão em silêncio.
Cuidemos bem das crianças e não
culpemos a Deus por seus infortúnios, quando esses surgirem em nossos caminhos,
nem nos revoltemos com os sofrimentos delas, pois Deus sabe o que faz; porém
cuidemos mais no que se refere a nossa obrigação, para que o sofrimento das
crianças não sejam por desmazelo dos pais. Respondemos pelo que deixamos de
fazer, esquecendo a obrigação no trato com os pequeninos em formação para a
vida.
Que Deus abençoe as crianças e
os pais, nos seus cuidados com a formação do homem de amanhã.
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