De novo reunido à família, Chico
Xavier, fosse por que tivesse retornado à tranquilidade ou por que houvesse
ingressado na escola, não mais viu o Espírito da mãezinha desencarnada.
Entretanto, passou a ter sonhos.
À noite, no repouso, agitado,
levantava-se do leito, conversava com interlocutores invisíveis e, muitas
vezes, despertava pela manhã, trazendo notícias de parentes mortos, contando
peripécias ou narrando sucesso que ninguém podia compreender.
Chico devia estar impressionado com más leituras —
dizia o sacerdote — aqueles sonhos não eram outra coisa senão perturbações,
porque as almas não voltam do outro mundo...
Intrigado por ver que ninguém
dava crédito ao que via e escutava, em sonhos, certa noite, rogou, em lágrimas,
alguma explicação da progenitora de quem não se esquecia.
Dona Maria João de Deus
apareceu-lhe no sonho, calma e bondosa, e o Chico deu-lhe a conhecer as
dificuldades em que vivia.
Ninguém acreditava nele —
clamou. Mas o conselho maternal veio logo:
— Você não deve exasperar-se. Sem humildade, é
impossível cumprir uma boa tarefa.
— Mas, mamãe, ninguém acredita em mim...
— Que tem isso, meu filho?
— Mas eu digo a verdade.
— A verdade é de Deus, e Deus sabe o que faz, — disse
a generosa entidade.
Chico, porém, choramingou:
— Não sei se a senhora sabe, papai e o padre estão
contra mim... Dizem que estou perturbado...
Dona Maria abraçou-o e disse:
— Modifique seus pensamentos. Você é ainda uma criança
e uma criança indisciplinada cresce com a desconfiança e com a antipatia dos
outros. Não falte ao respeito para com seu pai e para com o padre. Eles são
mais velhos e nos desejam todo o bem. Aprenda a calar-se. Quando você lembrar alguma
lição ou alguma experiência recebidas em sonho, fique em silêncio. Se for
permitido por Jesus, então, mais tarde virá o tempo em que você poderá falar.
Por enquanto, você precisa aprender a obediência para que Deus, um dia, conceda
ao seu caminho a confiança dos outros.
Desde essa noite, Chico calou-se
e Dona Maria João de Deus passou algum tempo sem fazer-se visível.
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