quinta-feira, 27 de julho de 2023

O LIVRE EXERCÍCIO[1]

 

Miramez

 

O livre exercício das faculdades da alma está subordinado ao desenvolvimento dos órgãos?

Os órgãos são os instrumentos da manifestação das faculdades da alma, manifestação que se acha subordinada ao desenvolvimento e ao grau de perfeição dos órgãos, como a excelência de um trabalho o está à da ferramenta própria à sua execução.

Questão 369 / O Livro dos Espíritos

 

O livre exercício das faculdades da alma depende, de certo modo, da evolução dos órgãos, pois eles são o instrumento desse exercício.

Todos nós, encarnados e desencarnados, temos uma consciência instintiva, de modo a comandar todos os corpos, em se falando dos seus departamentos de vida, porém, é a mente central a senhora de todo o complexo, que pode dar ordens para serem executadas no adestramento de todos os órgãos. Isso é divino e pode ser comprovado: basta dar ordens aos nossos órgãos e eles obedecerão. Nesse exercício eles ganham mais amplitude de evolução nos seus comportamentos, de sorte a oferecer ao Espírito melhores funções, para que este manifeste com mais facilidade as suas faculdades.

A própria faculdade se apoia no físico. Certamente que é valor do Espírito, mas, corre pelos canais fisiológicos, obedecendo a certas leis. É o relacionamento entre os dois mundos. Tudo o que existe se comunica com seu semelhante, dentro do padrão a que pertence. Nada existe isolado. As linhas de entendimentos são diversas, na diversidade da inteligência.

Quando o Espírito da Verdade respondeu a Allan Kardec que o Espírito intelectualiza a matéria, foi no sentido de que a matéria tem suas possibilidades, bastando que seja movida pela inteligência espiritual. Essa é uma verdade que se encontrava escondida nas obras do tempo e que o espiritismo veio trazer à luz, colocá-la em cima do velador. A alma, para se manifestar no mundo físico, certamente que precisa de instrumentos compatíveis com tal empreendimento, e o instrumento, ou instrumentos, são os órgãos que, quando estão em plena harmonia, proporcionam um desempenho sem embaraços.

O Codificador do Espiritismo somente pôde fazer seu trabalho magistral encontrando médiuns com grandes recursos mediúnicos, para corresponderem às necessidades da época, e seus órgãos estavam livres como instrumento para os Espíritos falarem aos homens, compondo-se, assim, os livros da codificação. A continuação da Doutrina carece de outros medianeiros, para que surjam novas revelações acerca da vida, para que os homens vejam o Cristo onde Ele sempre está, como dirigente do planeta e como Caminho, Verdade e Vida. Haveremos de passar por Ele para sentirmos a luz de Deus em nossos corações.

É necessário um corpo bem adestrado, acostumado com vibrações elevadas, para servir de instrumento aos benfeitores espirituais, bem como para a manifestação dos próprios e, consequentemente dos valores conquistados. Se há embaraço do corpo para o Espírito manifestar seus dons, ao mesmo tempo isso é oportunidade para trabalhar pela evolução do mesmo. Lembremos da fala de Paulo, o apostolo: “Em tudo dai graças”.



[1] Filosofia Espírita – Volume 8 – João Nunes Maia

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