sábado, 3 de junho de 2023

A TEMPESTADE, O MARINHEIRO E JESUS[1], [2]

 


Umberto Fabbri - maio/2023

 

A vida não é só feita de momentos abundantes, de marés calmas, em que somos felizes e alegres e que gozamos de boa saúde. Ela também se constitui de momentos difíceis, aterrorizantes, incertos, da culpa, da falta, da revolta. São as marés altas, tempestuosas, em que pensamos não ser possível sobreviver, momentos em que nossas angústias, medos e revoltas parecem tentar nos afundar, nos afogar em nosso pessimismo, egoísmo, baixa autoestima, momentos em que sentimos a morte eminente de nossas forças.

No mar da vida somos todos marinheiros. Alguns mais experientes, outros ainda aprendizes na arte de navegar, mas somente navegando é que aprendemos a enfrentar as grandes ondas, as tempestades.

Os mais preparados, apesar do medo e do desconforto, enfrentam e lutam para ter foco, resistindo às grandes marés e temporais. Já os menos avisados pedem a Deus que os retirem das chuvas, esquecendo-se de que estão ali para ganharem habilidades de marinheiros experientes.

Jesus, quando anda sobre as águas no episódio da tempestade, indo ao socorro dos Apóstolos, não acalma o mar, mas caminha sobre ele, demonstrando nossa capacidade de nos colocarmos interiormente acima dos temporais.

Quando encoraja Pedro a ir ao Seu encontro, ensina que ele também possuía condições para isso, mas, ao ter medo dos ventos, afunda.

Vejamos que essa passagem nos ensina muito sobre o auxílio permanente do Alto e de que as potencialidades estão em nós, necessitando ser exercitadas para que se transformem em habilidades.

Dizem que marés calmas não produzem bons marinheiros, pois não ensinam como enfrentar as dificuldades. Jesus não acalma o mau tempo, mas o encara, nos orientando a enfrentar as tempestades de fora com a paz de dentro, e este é um grande desafio de confiança, de inteligência emocional.

Não procuremos as tempestades, não criemos as tempestades, mas se elas vierem ao nosso encontro, nos esforcemos para encará-las com fé, empenho e esperança.

 



[2] Transcrito, sob licença, do Jornal Correio Fraterno, de novembro 2022.

Nenhum comentário:

Postar um comentário