Umberto Fabbri - maio/2023
A vida não é só feita de
momentos abundantes, de marés calmas, em que somos felizes e alegres e que
gozamos de boa saúde. Ela também se constitui de momentos difíceis,
aterrorizantes, incertos, da culpa, da falta, da revolta. São as marés altas,
tempestuosas, em que pensamos não ser possível sobreviver, momentos em que
nossas angústias, medos e revoltas parecem tentar nos afundar, nos afogar em
nosso pessimismo, egoísmo, baixa autoestima, momentos em que sentimos a morte
eminente de nossas forças.
No mar da vida somos todos
marinheiros. Alguns mais experientes, outros ainda aprendizes na arte de
navegar, mas somente navegando é que aprendemos a enfrentar as grandes ondas,
as tempestades.
Os mais preparados, apesar do
medo e do desconforto, enfrentam e lutam para ter foco, resistindo às grandes
marés e temporais. Já os menos avisados pedem a Deus que os retirem das chuvas,
esquecendo-se de que estão ali para ganharem habilidades de marinheiros
experientes.
Jesus, quando anda sobre as
águas no episódio da tempestade, indo ao socorro dos Apóstolos, não acalma o
mar, mas caminha sobre ele, demonstrando nossa capacidade de nos colocarmos
interiormente acima dos temporais.
Quando encoraja Pedro a ir ao
Seu encontro, ensina que ele também possuía condições para isso, mas, ao ter
medo dos ventos, afunda.
Vejamos que essa passagem nos
ensina muito sobre o auxílio permanente do Alto e de que as potencialidades
estão em nós, necessitando ser exercitadas para que se transformem em
habilidades.
Dizem que marés calmas não
produzem bons marinheiros, pois não ensinam como enfrentar as dificuldades.
Jesus não acalma o mau tempo, mas o encara, nos orientando a enfrentar as
tempestades de fora com a paz de dentro, e este é um grande desafio de
confiança, de inteligência emocional.
Não procuremos as tempestades,
não criemos as tempestades, mas se elas vierem ao nosso encontro, nos
esforcemos para encará-las com fé, empenho e esperança.
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