quinta-feira, 6 de abril de 2023

DUAS FORÇAS E UM COMANDO[1]

 


Miramez

 

Haveria, assim, dois elementos gerais do Universo; a matéria e o espírito?

− Sim, e acima de ambos Deus, o Criador, o pai de todas as coisas. Essas três coisas são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material é necessário ajuntar o fluido universal, que exerce o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, demasiado grosseira para que o espírito possa exercer alguma ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, se pudesse considerá-lo como elemento material, ele se distingue por propriedades especiais. Se fosse simplesmente matéria, não haveria razão para que o espírito não o fosse também. Ele está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria; susceptível, em suas inumeráveis combinações com esta, e sob a ação do espírito, de produzir infinita variedade de coisas, das quais não conheceis mais do que uma ínfima parte. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elemento, sendo o agente de que o espírito se serve, é o princípio sem o qual a matéria permaneceria em perpétuo estado de dispersão e não adquiriria jamais as propriedades que a gravidade lhe dá.

a. Será esse fluido o que designamos por eletricidade?

− Dissemos que ele é susceptível de inumeráveis combinações. O que chamais fluido elétrico, fluido magnético são modificações do fluido universal, que é, propriamente falando, uma matéria mais perfeita, mais sutil, que se pode considerar como independente.

Questão 27/O Livro dos Espíritos

 

A filosofia espírita é um assunto hiperfísico que enche a atmosfera de encantos e de esperança. A maior beleza dessa literatura é que ela nunca para no tempo nem no espaço, além de ser movida pelo progresso, que estimula e dá uma feição divina às revelações.

Há duas forças distintas, consubstanciadas no mesmo princípio, e um comando central com personalidade independente, como comando único de todas as coisas: matéria e Espírito, e Deus. Todavia, entre uns e outros, necessário se faz a existência de fluídos imponderáveis, cada vez mais puros, de conformidade com a pureza da forma ou da inteligência. Não podemos confundir essas divisões altamente distintas umas das outras, pelo seu modo de ser, pelas vibrações correspondentes ao estado em que se encontram, na posição de servos do Senhor.

Matéria é matéria, Espírito é Espírito e Deus é Deus, porém, a matéria vem do Espírito e o Espírito vem de Deus. Certos pormenores que desconhecemos, mais tarde nos serão revelados, quando a nossa evolução comportar tais segredos, na gravação das nossas necessidades. Por enquanto, devemos nos conformar com o que já nos foi dado através de inúmeras revelações e dados preciosos, por diversas vias que a Inteligência Suprema achou conveniente. Quando o discípulo está pronto, o mestre do Saber aparece, muitas vezes de forma surpreendente.

O homem inteligente deste fim de século está compreendendo a existência de fluído sutil na natureza, apresentando muitas escalas vibratórias, sentindo a comunicação deste fluído em todas as direções da vida. Ele é comandado pelo Espírito, mas, com alta ressonância da matéria. Ele é o intermediário entre um e outro, para que nada fique separado do comando central, que é Deus. Este fluído universal dimana do Criador na sua pureza virginal, e ao sair das sutilezas peculiares da sua fonte, começa a se transformar, obedecendo a regras e formando ambientes, sem que a nossa inteligência possa determinar os seus caminhos, por serem indescritíveis, até a matéria bruta de formas variadas.

Essas sendas percorridas pelo hálito divino, do Pai Celestial à matéria, e desta a Ele, nas inenarráveis corridas de transformações das essências, não se encontram ao nosso dispor para que possam ser reveladas. É bom e justo que esperemos, que elas surgirão na ordem que o mundo espiritual achar mais acertado.

Se a natureza física não dá saltos, a espiritual se movimenta com maior harmonia do que se pensa. Deus é a síntese de todas as harmonias.

Nas modificações da matéria, para que ela se expresse em natureza diferente, sendo no fundo o mesmo elemento primitivo, existe a mão divina, O divino laboratório dos movimentos e o milagre, aparecem pela vontade do Comando Maior. O homem de ciência deve e pode estudar essas combinações; no entanto, quanto mais sabe, na faixa evolutiva em que se encontra, mais sabe que ainda não aprendeu o suficiente. Vive no mundo das teorias, nos conceitos mutativos, por não ter encontrado ainda a verdade.

A mediunidade operante com Jesus Cristo poderá ser um fulcro de mutações dos fluídos e magnetismo de variadas ordens, que aos homens chegarão de todas as direções para corrigir os desequilíbrios de variadas características. A mente humana, adestrada nos conceitos do Divino Mestre, que exercita todos os dias as virtudes anunciadas por Jesus e por Ele vividas, fica capacitada para fazer do éter físico o magnetismo puro que restabelece todas as coisas e harmoniza todos os corpos, doando ainda, a todos os seres, uma cota de energia, donde nasce a maior esperança para os sofredores: a esperança de viver e confiar na vida e em Deus.

Essas transmutações nascem na fonte de um estado d’alma divino, que se chama Amor. A matéria e o Espírito são como que um corpo, onde se move o Comando Divino, na sua maior expressão de ser o que é.



[1] Filosofia Espírita – Volume 1 – João Nunes Maia

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