Allan Kardec
(Sociedade de Paris, 16 de outubro de 1868 – Médium:
Sr. Bertrand)
Se pudésseis ver o recolhimento dos Espíritos de todas
as ordens que assistem às vossas sessões, durante a leitura de vossas preces,
não só ficaríeis tocados, mas envergonhados de ver que o vosso recolhimento,
que apenas qualifico de silêncio, está bem longe de aproximar-se do dos
Espíritos, um bom número dos quais vos são inferiores.
O que chamais vos recolherdes durante a leitura de
vossas belas preces, é observar um silêncio que ninguém perturba; mas se os
vossos lábios não se mexem, se o vosso corpo está imóvel, vosso Espírito
vagueia e deixa de lado as sublimes palavras que deveríeis pronunciar do mais
profundo do vosso coração, a elas vos assimilando pelo pensamento.
Vossa matéria observa o silêncio; certamente, dizer o
contrário, seria vos injuriar; mas o vosso Espírito tagarela não o observa e
perturba, neste instante, por vossos pensamentos diversos, o recolhimento dos
Espíritos que vos rodeiam. Ah! Se os vísseis prosternados diante do Eterno,
pedindo a realização de cada uma das palavras que ledes, vossa alma ficaria
comovida e, lamentando sua pouca atenção passada, faria um exame de consciência
e pediria a Deus, de todo coração, a realização dessas mesmas palavras, que
apenas pronunciava com os lábios. Pediríeis aos Espíritos que vos tornasse
dóceis aos seus conselhos; e eu, Espírito que vos falo, após a leitura de
vossas preces, e das palavras que acabo de repetir, poderia assinalar mais de
um que daqui sairá muito pouco dócil aos conselhos que acabo de dar e com
sentimentos muito pouco caridosos para com o próximo.
Talvez eu seja um pouco duro; mas creio não o ser senão
para os que o merecem, e cujos mais secretos pensamentos não podem ser ocultos
aos Espíritos. Assim, só me dirijo aos que aqui vêm pensando em qualquer outra
coisa senão nas lições que aqui devem buscar e nos sentimentos que aqui devem
trazer.
Mas os que oram do fundo da alma orarão também, após a leitura
de minha comunicação, por aqueles que vêm aqui e daqui partem sem terem orado.
Seja como for, peço aos que tiverem a bondade de me
escutar, que continuem a pôr em prática os ensinamentos e os conselhos dos
Espíritos; a isto vos convido no seu interesse, pois não sabem tudo o que podem
perder não o fazendo.
De Courson
Nenhum comentário:
Postar um comentário