quinta-feira, 16 de março de 2023

A CRIAÇÃO DOS ESPÍRITOS[1]

 

Georgiana Houghton - "Glória a Deus" (1868)


Miramez

 

Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus?

Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.

Segundo o que acabais de dizer, os Espíritos, em sua origem, seriam como as crianças, ignorantes e inexperientes, só adquirindo pouco a pouco os conhecimentos de que carecem com o percorrerem as diferentes fases da vida?

Sim, a comparação é boa. A criança rebelde se conserva ignorante e imperfeita. Seu aproveitamento depende da sua maior ou menor docilidade. Mas, a vida do homem tem termo, ao passo que a dos Espíritos se prolonga ao infinito.

Questão 115/O Livro dos Espíritos

 

Os progressos usados por Deus para a criação das almas são engenhosos, no entanto, as explicações dadas - conhecidas de todos os Espíritos - são simples:

Deus cria os Espíritos simples e ignorantes, para que a perfeição venha pelo esforço de cada um, na urdidura do tempo.

O Senhor criou todos iguais, por ser um Pai amoroso e Santo, considerando todos como Seus filhos. Não existe imperfeição nas obras do Criador, por ser Ele perfeito. Entendamos a evolução dos Espíritos como despertamento dos valores imortais, que estão em estado latente em cada um de nós; e o próprio tempo está encarregado de nos acordar para a realidade da vida, mas, sendo ele lento, cabe a nós outros ajudar esse tempo, que é o mesmo Deus operante. Os nossos esforços serão compensados porque aceleramos nosso avanço e a ignorância fica tendo outro prazo.

Não é muito fácil verter as leis espirituais para a linguagem humana; encontramos inúmeras dificuldades, pela limitação das condições da Terra. A direção espiritual do planeta incumbiu, depois do advento da Doutrina Espírita, a Espíritos comprometidos, a tarefa de revelar em Espírito e Verdade algumas leis que sustentam a vida, a fim de que eles possam aumentar a fé e confiar mais nas forças do amor de Deus em favor de todas as criaturas. Ninguém fica órfão da assistência do Senhor.

Estamos esperando com muita alegria a abertura do terceiro milênio, para uma nova dinâmica do Amor, força essa capaz de estabelecer a tranquilidade da consciência. A falta do amor nos corações humanos é que predispõe muitos movimentos sociais a caminho errados, de modo a faltar o necessário para a maior parte dos seres humanos. Há carência de muita coisa na Terra e o ponto nevrálgico é a falta de saúde, por faltar o remédio principal: o entendimento. Podemos observar uma nação lutando contra outra, onde se perdem vidas e mais vidas, deixando um rastro de inumeráveis infortúnios por muitos e muitos anos, por simples carência de um perdão, de entendimento, por falta de Amor. A ciência, por enquanto, ainda não resolveu o problema primordial do homem: a cura integral, partindo da transformação para o bem.

Alicercemos o amor em nossas vidas em primeiro lugar, para depois, então, buscarmos o saber porque, com a sabedoria orientada por ele, poderemos atingir a Terra da Promissão ideada por Moisés, o paraíso visualizado pelos profetas e o céus dos cristãos; e ainda mais, a tranquilidade imperturbável da consciência, muito falada pelos Espíritos.

Todos devemos saber de onde viemos e para onde vamos. É muito justa essa especulação, mas, acima de tudo, procuremos entender o que devemos fazer hoje para não errarmos os caminhos, de modo a encontrarmos o Cristo em nós.

Ele como Mestre dos Mestres, sabe nos indicar onde está Deus e como encontrá-Lo permanentemente em nós.



[1] Filosofia Espírita – Volume 3 – João Nunes Maia

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