Jon McNaughton, "Tea Party"
J. Herculano Pires
Somos iguais perante a seara,
porque somos todos iguais perante o Senhor da Seara. Deus não faz acepção de
pessoas, nem de posições e muito menos de instituições. O item 5 do capítulo XX
de O Evangelho Segundo o Espiritismo estabelece esta condição essencial:
Felizes os que tiverem trabalhado o campo do Senhor com
desinteresse e movidos apenas pela caridade.
Emmanuel conclui a sua mensagem lembrando “que
toda pessoa é importante na edificação do Reino de Deus”.
Querer que não haja
discordâncias entre os que trabalham na divulgação e na sustentação da Doutrina
seria acalentar quimeras. Cada consciência humana, como ensina Hubert, é um
ponto na correnteza da duração. Cada um de nós está colocado num ângulo
determinado do eterno fluir da realidade. Cada qual, portanto, tem a sua
maneira própria de ver as coisas.
O Espiritismo nos ensina que nos
completamos uns aos outros pelas nossas diferenças. Mas se diferimos nos
acessórios, concordamos sempre no essencial. Por isso mesmo a caridade – que é
o amor em ação – deve eliminar as arestas do nosso personalismo, ensinando-nos
que todos somos importantes na busca e na conquista da verdade.
Claro que não devemos concordar
com tudo e tudo aprovar em silêncio, pois a tolerância de acomodação equivale a
cumplicidade com o erro. A crítica maldosa e orgulhosa, que condena tudo o que
é feito pelos outros, é a negação da caridade. Mas ai de nós se suprimirmos a
crítica do meio espírita! Porque é ela, quando sensata e sincera, a prática da
vigilância que Jesus ensinou e Paulo exemplificou. Como utilizar o “crivo da
razão”, de que nos fala Kardec, se abdicarmos do direito de pensar, que mais do
que um direito é um supremo dever do espírito?
Quando Emmanuel diz: “Guiar-se
pela misericórdia e não pela crítica” está se referindo à crítica negativa que
nasce do orgulho e não à crítica positiva que brota espontânea e necessária do
julgamento imparcial e fraterno, objetivando corrigir e portanto ajudar. O lema
“valorizar o esforço alheio” não implica a valorização dos erros e dos enganos
do próximo, mas o reconhecimento dos esforços feitos por todos a favor da causa
comum. Todos precisamos de misericórdia, mas a misericórdia, como Deus nos
mostra em sua lei de ação e reação, não é a aprovação de erros e ilusões – e
sim a correção e o esclarecimento.
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