quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

CONSERVAÇÃO DO CORPO[1]

 

 "Visita do Médico" - Jan Steen

Miramez

 

A lei de conservação obriga-nos a prover as necessidades do corpo?

− Sim, pois sem a energia e a saúde o trabalho é impossível.

Questão 718/O Livro dos Espíritos

 

O corpo físico tem as suas necessidades, oriundas da sua constituição, e o Espírito que se serve dele é obrigado a cuidar do que ele precisa. A ciência da Terra reflete mais ou menos a ciência da alma, e a ciência do mundo deve estudar o complexo humano para compreender suas mais simples necessidades, revelando à massa humana o que precisa para viver bem.

Os dirigentes dos países, em futuro que não se encontra distante, passarão a cuidar mais da saúde da população nas bases naturais. Primeiramente, devem os governos investir nos homens, porque uma pátria de pessoas doentes quase nada pode fazer pelo crescimento de si própria. Compreendemos e nos fazemos compreender, que existe a força do carma em cada criatura, que cobra da alma os seus desleixes no passado, distante ou próximo. No entanto, existem muitas enfermidades que provêm da ignorância; cessando esta, os efeitos deixam de existir. Haja vista no passado a quantas mortificações certos religiosos obrigavam seus corpos a suportar para ganhar o céu. Muitos agiam assim, contrariando a natureza, exigindo do corpo o que ele não poderia dar; não falamos aqui de algumas privações que as mães passavam e por vezes passam, para alimentar seus filhos em crescimento; isto é diferente, é nobreza de caráter, entretanto, o que faziam na índia antiga os chamados faquires, as agressões por eles empregadas ao corpo por mera futilidade, e em muitas vezes para ganhar dinheiro, é o absurdo dos absurdos.

O corpo precisa de força e saúde, para o trabalho e mesmo para a alegria. Existe um ditado certo nos meios camponeses, que diz assim: "A alegria vem das tripas".

No momento da refeição, mesmo os mais carrancudos se alegram, quando têm fome, porque o alimento é abençoado e carrega consigo as energias para abastecer o corpo. Mas é bom não esquecer que o alimento deve ser orientado na quantidade e na qualidade, de acordo com a idade da criatura.

O Espírito se prepara no mundo espiritual em todas as teorias que as leis podem fornecer, sobre todas as coisas. Os próprios homens primitivos têm na mente o que devem comer e o momento do descanso. No entanto, o "civilizado" faz despertar o apetite por muitos meios, e a todo momento tem fome. Do hábito de comer, ele passa ao vício, e este traz consequências inabordáveis. O "civilizado", em muitos casos, tem olhos e não vê.

Vamos lembrar Marcos, no capítulo oito, versículo dezoito, quando Jesus fala com propriedade:

Tendo olhos não vedes? E tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais?

É preciso lembrar, pelo menos se esforçar para lembrar dos ensinamentos que sempre ouvimos, das coisas certas, e colocá-las em prática. A mente humana é tardia na assimilação da verdade; ouvem-se muitas vezes os ensinamentos e, às vezes leva-se anos e mais anos, séculos e mais séculos, por vezes milênios, para se colocarem em prática as regras que a natureza se ocupa em ensinar às criaturas.

Lembremo-nos de que não devemos praticar as mortificações nem para ir ao céu, nem para satisfação pela vaidade, e, muito pior, para ganhar dinheiro. Pagará caro aquele que usar mal as oportunidades em que deveria empregar o tempo no trabalho honesto. Deus não nos pede adoração, e sim, ação em todos os campos de atividades.



[1] Filosofia Espírita – Volume 15 − João Nunes Maia

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