Allan Kardec
Conheceis a causa dos ruídos que nos chegam? dizia a
Sra. Des Genêts. Será alguma nova cena de tigres enfurecidos, que esses
senhores nos preparam?
– Sossegai, cara amiga, tudo está em segurança: os nossos
vivos e os nossos mortos. Escutai a encantadora melodia do rouxinol, que canta
no salgueiro! Talvez seja a alma de um dos nossos mártires, que plana em torno
de nós sob essa forma amável. Os mortos têm esses privilégios; e eu de boa
vontade me convenço de que eles voltam assim junto àqueles a quem amaram.
– Oh! se dissésseis a verdade! exclamou vivamente a
senhora Des Genêts.
– Eu o creio sinceramente, disse a jovem duquesa. É tão
bom acreditar nas coisas consoladoras! Aliás, meu pai, que é muito sábio, como
não o ignorais, assegurou-me que esta crença tinha sido espalhada antigamente
por grandes filósofos. O próprio Lesage também nela acredita.
Esta passagem é tirada de um
romance-folhetim, intitulado: O calabouço da Torre dos Pinheiros, por
Paulin Capmat, publicado pelo Liberté de 4 de novembro de 1867. Aqui a
ideia não é tomada à Doutrina Espírita, porque esta, em todos os tempos,
ensinou e provou que a alma humana não pode renascer num corpo animal, o que
não impede que certos críticos, que não leram a primeira palavra do
Espiritismo, repitam que ele professa a metempsicose[2];
mas é sempre o pensamento da alma individual sobrevivendo ao corpo, voltando
sob uma forma tangível junto daqueles a quem amou. Se a ideia não é espírita,
pelo menos é espiritualista, e melhor seria ainda crer na metempsicose do que
não crer em nada. Essa crença, ao menos, não é desesperadora como o
materialismo; nada tem de imoral, ao contrário; ela conduziu todos os povos que
a professaram a tratar os animais com doçura e benevolência. Esta exclamação: É
tão bom crer nas coisas consoladoras é o grande segredo do sucesso do
Espiritismo.
[1] Revista Espírita – Maio/1868 – Allan Kardec
[2] Metempsicose ( grego : μετεμψύχωσις ), em filosofia,
refere-se à transmigração da alma , especialmente sua reencarnação após a
morte. Geralmente, o termo é derivado do contexto da filosofia grega antiga e
foi recontextualizado por filósofos modernos como Arthur Schopenhauer [2] e
Kurt Gödel ; [3] caso contrário, o termo " transmigração " é mais
apropriado. A palavra desempenha um papel proeminente em James Joyce 's Ulysses
e também está associada com Nietzsche . [4]Outro termo às vezes usado como
sinônimo é palingênese .
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