terça-feira, 18 de outubro de 2022

METEMPSICOSE[1]

 

Allan Kardec

 

Conheceis a causa dos ruídos que nos chegam? dizia a Sra. Des Genêts. Será alguma nova cena de tigres enfurecidos, que esses senhores nos preparam?

– Sossegai, cara amiga, tudo está em segurança: os nossos vivos e os nossos mortos. Escutai a encantadora melodia do rouxinol, que canta no salgueiro! Talvez seja a alma de um dos nossos mártires, que plana em torno de nós sob essa forma amável. Os mortos têm esses privilégios; e eu de boa vontade me convenço de que eles voltam assim junto àqueles a quem amaram.

– Oh! se dissésseis a verdade! exclamou vivamente a senhora Des Genêts.

– Eu o creio sinceramente, disse a jovem duquesa. É tão bom acreditar nas coisas consoladoras! Aliás, meu pai, que é muito sábio, como não o ignorais, assegurou-me que esta crença tinha sido espalhada antigamente por grandes filósofos. O próprio Lesage também nela acredita.

 

Esta passagem é tirada de um romance-folhetim, intitulado: O calabouço da Torre dos Pinheiros, por Paulin Capmat, publicado pelo Liberté de 4 de novembro de 1867. Aqui a ideia não é tomada à Doutrina Espírita, porque esta, em todos os tempos, ensinou e provou que a alma humana não pode renascer num corpo animal, o que não impede que certos críticos, que não leram a primeira palavra do Espiritismo, repitam que ele professa a metempsicose[2]; mas é sempre o pensamento da alma individual sobrevivendo ao corpo, voltando sob uma forma tangível junto daqueles a quem amou. Se a ideia não é espírita, pelo menos é espiritualista, e melhor seria ainda crer na metempsicose do que não crer em nada. Essa crença, ao menos, não é desesperadora como o materialismo; nada tem de imoral, ao contrário; ela conduziu todos os povos que a professaram a tratar os animais com doçura e benevolência. Esta exclamação: É tão bom crer nas coisas consoladoras é o grande segredo do sucesso do Espiritismo.



[1] Revista Espírita – Maio/1868 – Allan Kardec

[2] Metempsicose ( grego : μετεμψύχωσις ), em filosofia, refere-se à transmigração da alma , especialmente sua reencarnação após a morte. Geralmente, o termo é derivado do contexto da filosofia grega antiga e foi recontextualizado por filósofos modernos como Arthur Schopenhauer [2] e Kurt Gödel ; [3] caso contrário, o termo " transmigração " é mais apropriado. A palavra desempenha um papel proeminente em James Joyce 's Ulysses e também está associada com Nietzsche . [4]Outro termo às vezes usado como sinônimo é palingênese .

Nenhum comentário:

Postar um comentário