quinta-feira, 8 de setembro de 2022

VISÃO DOS MUNDOS ELEVADOS[1]

 

Miramez

 

O Espírito do extático penetra realmente nos mundos superiores?

− Sim, ele os vê e compreende a felicidade dos que os habitam: é por isso que desejaria permanecer neles. Mas há mundos inacessíveis aos Espíritos que não estão bastante depurados.

Questão 440/O Livro dos Espíritos

 

O Espírito do extático vê mundos adiantados e sente à vontade de neles habitar, e seu desejo é tão grande que ele poderia desencarnar, se não fosse a assistência dos benfeitores espirituais que o atendem, pelos compromissos assumidos desde o início da sua reencarnação na Terra. Todavia, mesmo que tivesse permissão para ir para um mundo de alta elevação moral, ele não o poderia, dado a sua evolução não suportar essa moradia. Para reencarnar em um mundo altamente evoluído, necessário se faz que tenhamos evolução para tal empreendimento. É por isso que não é permitido que o extático entre em transe para observar esses mundos sempre, pois poderia passar a atrofiar seu corpo e acabar desencarnando, quando, então, não iria para aquele mundo que desejava, porque não basta somente o desejo; é preciso que se seja igual aos que ali se encontram.

Muitas pessoas reclamam sempre porque não têm sonhos nem lembranças, ao acordarem, das colônias espirituais onde se pode sentir a felicidade. Eis aí a resposta: se todas as noites tivessem sonhos conscientes dessas estâncias espirituais felizes, ao chegarem ao corpo lhes assomaria n’alma a tristeza de viver em um mundo inferior, e passariam, como já falamos, a atrofiar suas próprias faculdades, acabando por passar para o outro lado sem, contudo, ter condições de viver nos ambientes dos quais tiveram sonhos ou notícias, por intermédio dos Espíritos.

Tudo tem de obedecer a uma relatividade espiritual, para que haja o equilíbrio. Não se pode andar com a velocidade da luz, enquanto se for das trevas. Em O Livro dos Espíritos não fala o Espírito que responde à pergunta, que o extático penetra nos mundos superiores e, sim, que ele vê esses mundos. Dilata-se a sua visão, pela faculdade que possui, e ele vê o mundo, como estância de luz que fascina os sentimentos. A resposta também não diz que não poderemos algum dia morar nesses mundos; depende da nossa evolução espiritual. Algum dia estaremos sendo remanejados para tais planetas, que mais parecem mundos fluídicos, devido igualmente à purificação da matéria. Fluidos sutis interpenetram essas casas de Deus, onde todas as almas fizeram esforços para despertar as suas faculdades.

No extático que se integrou nos ensinamentos de Jesus, que passou a viver o amor e a caridade todos os dias, as qualidades espirituais vão desabrochando, crescendo para Deus, de modo que a sua visão alcança as belezas imortais da vida universal, e Deus palpitará com mais fulgor na cidade do seu coração.

O Cristo Jesus foi uma notícia de Deus para a humanidade, de que existem mundos de ventura, para serem entregues a todos os Seus filhos que fizerem jus à Sua morada, onde reina a mais pura fraternidade. Conhecendo o Evangelho e começando a vivê-lo, nós entenderemos a felicidade dos que moram nesses mundos de luz, e reconheceremos a felicidade dos nossos irmãos mais velhos, que conquistaram a paz.

A purificação das almas é bem demorada, mas não é impossível, e depois de purificadas não regridem; avançam sempre na condição de estrelas de luz a iluminar os próprios mundos e a ajudar aos que se encontram na retaguarda. Eis o de que precisamos alcançar com Jesus, para encontrar Deus mais visível dentro de nós.



[1] Filosofia Espírita – Volume 9 −  João Nunes Maia

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