A irlandesa Geraldine Cummins
nasceu em 24 de janeiro de 1890, em Cork, República da Irlanda. Filha de
William Edward Ashley Cummins e de Jane Constable Hall.
Desafiou o senso corriqueiro ao
tratar de assuntos considerados intocáveis por sacerdotes de diversas
religiões.
Por intermédio de sua
Mediunidade foram dadas notícias e detalhes a respeito da vida de Jesus e de
Paulo, o apóstolo dos gentios.
Aqueles que foram analisar a
atuação da médium, com o objetivo de desmascará-la, encontraram tanta
sinceridade e espontaneidade que se propuseram a ler suas mensagens. Nelas
foram encontrados tantos detalhes envolvendo questões históricas, referências
geográficas e termos utilizados na antiga Palestina, que somente poderiam ter
sido utilizados por quem tivesse vivido ou conhecido profundamente aquela
região e os fatos que lá ocorreram.
Embora o conhecimento daqueles
fatos pudessem ser alcançados por algum estudante dedicado, este não era o caso
de Geraldine, que não se interessava por aqueles assuntos e nunca estivera no
Egito ou na Palestina.
As sessões de experimentação
foram iniciadas em 1923. Foi assim que Geraldine, que contava com a ajuda de
sua amiga E. B. Gibbes descobriu-se médium psicógrafa.
Durante dois anos elas
trabalharam em busca do desenvolvimento, até que, em 1925, surgiram mensagens
tratando de fatos ligados à história do Cristianismo primitivo, o autor delas
identificou-se pelo nome O Mensageiro.
Ernesto Bozzano
esteve acompanhando as reuniões para verificar sua performance mediúnica e
ressaltou que durante um semi-transe que dominou a médium ela escreveu com
incrível rapidez.
(...) 1.500 palavras eram ditadas, sem interrupção,
numa hora. Uma vez terminado o ditado, ele era imediatamente retirado, na ignorância
do seu conteúdo, com o fim de se evitarem interferências possíveis de sua
subconsciência[2].
No dia seguinte, Geraldine
retomava a mensagem exatamente do ponto que parara, mesmo não tendo tomado
conhecimento sobre o local da interrupção.
No dia 16 de março de 1926,
durante uma reunião, ela escreveu mil setecentos e cinquenta palavras em uma
hora e quinze minutos, com um detalhe: suas mensagens eram escritas à lápis, o
que tornava o processo mais lento.
O primeiro livro mediúnico que
ela recebeu foi “The Scripts of Cleophas[3]”
(Os Escritos de Cleofás). O orientador espiritual de Geraldine informou que se
tratava de suplementação do livro “Atos dos Apóstolos” e das epístolas de São
Paulo. Neste trabalho foram tratados assuntos do Cristianismo primitivo e do
trabalho dos apóstolos após a “morte” de Jesus, chegando até o momento em que
Paulo partiu da Beréia para Atenas. Esta obra foi enaltecida por representantes
do Protestantismo e do Catolicismo, pela clareza e detalhes que eram descritos
os fatos e lugares relativos à época em que a história se passou.
É necessário um esclarecimento:
Cleofás, a quem se referiu o título do primeiro livro, foi o discípulo para
quem Jesus se revelou no caminho para Emaús, após a crucificação.
Após este livro, ela deu
continuidade ao trabalho por meio do livro “Paul in Athens” (Paulo em Atenas) e
depois com “The Great Days of Ephesus” (Os Grandes Dias de Éfeso).
O quarto livro que ela
psicografou foi “The Road os Immortality” (A Estrada da Imortalidade), que foi
o resultado de uma série de comunicações do Espírito Frederich W. H. Myers.
Nele o pesquisador desencarnado dava uma visão do progresso do espírito humano,
indo ao encontro da eternidade. Oliver Lodge
prefaciou esta obra.
Em 1936, Geraldine protagonizou
um episódio que dividiu a opinião pública e se tornou uma fonte de
especulações, fornecendo “munição” para a imprensa sensacionalista. Ela afirmou
que estava recebendo mensagens enviadas pelo topógrafo e coronel inglês Percy
Harrison Fawcett.
A história de Percy H. Fawcett é
cercada de mistérios e controvérsias. Em 1925, quando ele já havia se
aposentado e estava interessado na descoberta de civilizações perdidas,
recebeu, de presente, uma estatueta de um ídolo em pedra negra, que tinha sua
provável origem no Brasil.
Ao consultar um médium, ele foi
convencido de que o artefato fora construído por membros de uma civilização que
habitava “um grande continente de forma irregular que estendia do litoral norte
da África à América do Sul”. O explorador acreditou que se tratava da
Atlântida, e que aquele objeto pertencera a remanescentes daquela cultura, que
ainda habitavam terras brasileiras.
Movido pela curiosidade, o
explorador veio para o Brasil e adquiriu um mapa antigo que mostrava uma cidade
sem nome localizada numa região inexplorada do Mato Grosso. Fawcett nomeou-a
como Cidade X, organizou uma expedição que incluía seu filho Jack Fawcett e se
embrenhou pela selva à procura da confirmação de suas suspeitas.
Em sua última carta dirigida à
sua esposa, o coronel escreveu a respeito de informações que obteve sobre uma
velha metrópole abandonada, localizada às margens de um lago. Depois disto
nunca mais se teve notícias confiáveis a respeito dos aventureiros.
Quando Geraldine divulgou seus
contatos com o coronel, ela afirmou que ele enviava suas mensagens em estado de
semiconsciência; estava ainda encarnado, mas bastante adoentado. Segundo a
médium, ele afirmou ter encontrado relíquias e disse que os objetos tinham
pertencido à civilização atlante. Ao final de quatro meses as mensagens foram
interrompidas.
Em 1948, a médium afirmou que
ele voltou a contatá-la, desta vez para informar que finalmente estava
desencarnado.
A sintonia de Geraldine com
Espíritos de pessoas que ficaram bastante conhecidas quando encarnadas não
parou por aí. Em 1957, ela informou que o Espírito que fora Winnifred
Coombe-Tennant e que tinha desencarnado em 1956, iniciou um contato que durou
cerca de dois anos e meio e resultou numa série de quarenta manuscritos.
A importância da médium na
Inglaterra pode ser medida pelo tratamento que Geraldine recebeu dos ingleses,
que a ela se dirigiam como “a maior psicógrafa do mundo”.
Geraldine faleceu em 24 de
agosto de 1969.
[1] http://www.autoresespiritasclassicos.com/Biografias%20Espiritas/Letras/Biografias%20Esp%C3%ADritas%20Gr%C3%A1tis-----Letra%20G.htm
[2] Trecho retirado do livro “As Mulheres Médiuns”, de
Carlos Bernardo Loureiro.
[3] The Scripts of Cleophas (1961).
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