segunda-feira, 8 de agosto de 2022

GERALDINE CUMMINS[1]

 

 

A irlandesa Geraldine Cummins nasceu em 24 de janeiro de 1890, em Cork, República da Irlanda. Filha de William Edward Ashley Cummins e de Jane Constable Hall.

Desafiou o senso corriqueiro ao tratar de assuntos considerados intocáveis por sacerdotes de diversas religiões.

Por intermédio de sua Mediunidade foram dadas notícias e detalhes a respeito da vida de Jesus e de Paulo, o apóstolo dos gentios.

Aqueles que foram analisar a atuação da médium, com o objetivo de desmascará-la, encontraram tanta sinceridade e espontaneidade que se propuseram a ler suas mensagens. Nelas foram encontrados tantos detalhes envolvendo questões históricas, referências geográficas e termos utilizados na antiga Palestina, que somente poderiam ter sido utilizados por quem tivesse vivido ou conhecido profundamente aquela região e os fatos que lá ocorreram.

Embora o conhecimento daqueles fatos pudessem ser alcançados por algum estudante dedicado, este não era o caso de Geraldine, que não se interessava por aqueles assuntos e nunca estivera no Egito ou na Palestina.

As sessões de experimentação foram iniciadas em 1923. Foi assim que Geraldine, que contava com a ajuda de sua amiga E. B. Gibbes descobriu-se médium psicógrafa.

Durante dois anos elas trabalharam em busca do desenvolvimento, até que, em 1925, surgiram mensagens tratando de fatos ligados à história do Cristianismo primitivo, o autor delas identificou-se pelo nome O Mensageiro.

Ernesto Bozzano esteve acompanhando as reuniões para verificar sua performance mediúnica e ressaltou que durante um semi-transe que dominou a médium ela escreveu com incrível rapidez.

(...) 1.500 palavras eram ditadas, sem interrupção, numa hora. Uma vez terminado o ditado, ele era imediatamente retirado, na ignorância do seu conteúdo, com o fim de se evitarem interferências possíveis de sua subconsciência[2].

No dia seguinte, Geraldine retomava a mensagem exatamente do ponto que parara, mesmo não tendo tomado conhecimento sobre o local da interrupção.

No dia 16 de março de 1926, durante uma reunião, ela escreveu mil setecentos e cinquenta palavras em uma hora e quinze minutos, com um detalhe: suas mensagens eram escritas à lápis, o que tornava o processo mais lento.

O primeiro livro mediúnico que ela recebeu foi “The Scripts of Cleophas[3]” (Os Escritos de Cleofás). O orientador espiritual de Geraldine informou que se tratava de suplementação do livro “Atos dos Apóstolos” e das epístolas de São Paulo. Neste trabalho foram tratados assuntos do Cristianismo primitivo e do trabalho dos apóstolos após a “morte” de Jesus, chegando até o momento em que Paulo partiu da Beréia para Atenas. Esta obra foi enaltecida por representantes do Protestantismo e do Catolicismo, pela clareza e detalhes que eram descritos os fatos e lugares relativos à época em que a história se passou.

É necessário um esclarecimento: Cleofás, a quem se referiu o título do primeiro livro, foi o discípulo para quem Jesus se revelou no caminho para Emaús, após a crucificação.

Após este livro, ela deu continuidade ao trabalho por meio do livro “Paul in Athens” (Paulo em Atenas) e depois com “The Great Days of Ephesus” (Os Grandes Dias de Éfeso).

O quarto livro que ela psicografou foi “The Road os Immortality” (A Estrada da Imortalidade), que foi o resultado de uma série de comunicações do Espírito Frederich W. H. Myers. Nele o pesquisador desencarnado dava uma visão do progresso do espírito humano, indo ao encontro da eternidade. Oliver Lodge prefaciou esta obra.

Em 1936, Geraldine protagonizou um episódio que dividiu a opinião pública e se tornou uma fonte de especulações, fornecendo “munição” para a imprensa sensacionalista. Ela afirmou que estava recebendo mensagens enviadas pelo topógrafo e coronel inglês Percy Harrison Fawcett.

A história de Percy H. Fawcett é cercada de mistérios e controvérsias. Em 1925, quando ele já havia se aposentado e estava interessado na descoberta de civilizações perdidas, recebeu, de presente, uma estatueta de um ídolo em pedra negra, que tinha sua provável origem no Brasil.

Ao consultar um médium, ele foi convencido de que o artefato fora construído por membros de uma civilização que habitava “um grande continente de forma irregular que estendia do litoral norte da África à América do Sul”. O explorador acreditou que se tratava da Atlântida, e que aquele objeto pertencera a remanescentes daquela cultura, que ainda habitavam terras brasileiras.

Movido pela curiosidade, o explorador veio para o Brasil e adquiriu um mapa antigo que mostrava uma cidade sem nome localizada numa região inexplorada do Mato Grosso. Fawcett nomeou-a como Cidade X, organizou uma expedição que incluía seu filho Jack Fawcett e se embrenhou pela selva à procura da confirmação de suas suspeitas.

Em sua última carta dirigida à sua esposa, o coronel escreveu a respeito de informações que obteve sobre uma velha metrópole abandonada, localizada às margens de um lago. Depois disto nunca mais se teve notícias confiáveis a respeito dos aventureiros.

Quando Geraldine divulgou seus contatos com o coronel, ela afirmou que ele enviava suas mensagens em estado de semiconsciência; estava ainda encarnado, mas bastante adoentado. Segundo a médium, ele afirmou ter encontrado relíquias e disse que os objetos tinham pertencido à civilização atlante. Ao final de quatro meses as mensagens foram interrompidas.

Em 1948, a médium afirmou que ele voltou a contatá-la, desta vez para informar que finalmente estava desencarnado.

A sintonia de Geraldine com Espíritos de pessoas que ficaram bastante conhecidas quando encarnadas não parou por aí. Em 1957, ela informou que o Espírito que fora Winnifred Coombe-Tennant e que tinha desencarnado em 1956, iniciou um contato que durou cerca de dois anos e meio e resultou numa série de quarenta manuscritos.

A importância da médium na Inglaterra pode ser medida pelo tratamento que Geraldine recebeu dos ingleses, que a ela se dirigiam como “a maior psicógrafa do mundo”.

Geraldine faleceu em 24 de agosto de 1969.



[2] Trecho retirado do livro “As Mulheres Médiuns”, de Carlos Bernardo Loureiro.

[3] The Scripts of Cleophas (1961).

Nenhum comentário:

Postar um comentário