Vania Mugnato de Vasconcelos – maio/2022
Há uma aura, uma espécie de
vibração no ar envolvendo toda a Terra e provocando aumento do medo, da
ansiedade, tristeza, agressividade e outras emoções contraproducentes que
adoecem o corpo e a alma. Embora os problemas mundiais e locais não sejam
nenhuma novidade, vemos um acirramento desses sentimentos negativos que
atordoam a todos.
Poucos passam ilesos por esse
turbilhão de ações e emoções que mais parecem mil formas de uma guerra
invisível de caráter emocional, material, e espiritual, esta, aliás, a luta que
a humanidade vem travando mais intensamente neste século, provocada pela
celeridade da transformação planetária terrena, que passa de mundo de expiações
para de regeneração.
Há em curso um processo seletivo
que define em que tipo de mundo merecemos viver. O que deveria acontecer de
modo natural e simples, pois o progresso acontece pela força das leis naturais,
tornou-se complexo, especialmente pelo distanciamento da humanidade da fé em
valores superiores que motivam para o trabalho, a vigilância, a oração e a
confiança, uma vez que quando fizermos a nossa parte, a de Deus será feita
também.
Se tornou intrincado até mesmo
manifestar pensamentos, opiniões. Uma vez que todos se mostram exatamente como
são, sem as máscaras da discrição e até da civilidade, há quem se veja no
direito de falar e fazer o que entende melhor, mesmo que isso signifique
tripudiar sobre os que estão a sua volta.
Direitos óbvios como ter um
ponto de vista e expô-lo, discutir civilizadamente, estão sendo deteriorados
rapidamente pela cultura do cancelamento, aquela que destrói através da
humilhação, perseguição, ironia ou agressões diversas. Com o cancelamento nas
relações humanas, a alma do fraco também é corroída e muitos se abalam de forma
irremediável.
Onde isso vai parar? E como
superar? Não há uma resposta no campo estritamente material. É preciso agir,
mas a fé na justiça e no futuro deve acompanhar as ações. Para lidar com pessoas
que pretendem ser possuidoras da verdade e ditadoras da consciência alheia, é
necessário equilíbrio espiritual, além do moral que leva ao autorrespeito e
amor.
Há dois mil anos Jesus deixou
conteúdos importantes para a humanidade, e suas parábolas alertaram para
momentos e situações que poderíamos vencer com prudência, responsabilidade,
coragem, oração e vigilância. Dentre tais alertas um chama especial atenção,
contido na parábola do joio e do trigo (Mateus 13:24-30).
Nela o Cristo conta que numa terra
fértil foi semeada boa semente, o trigo, que é alimento. Num momento de
distração o inimigo veio e jogou a má semente, o joio, planta venenosa parecida
com a primeira enquanto ainda tenra. Descoberto o problema, os empregados
perguntaram se deveriam arrancar o joio, ao que o dono das terras diz “não”. A
orientação foi que deixassem as plantas crescerem juntas até que frutificassem,
só então o joio seria separado e jogado fora. Esse cuidado protegeria o trigo,
para que não se corresse o risco de ser desprezado indevidamente.
Nossa nave mãe, a Terra, é um
astro que se despede do status de mundo de expiações e adentra ao processo de
implantação do planeta de regeneração, pois não poderia estagnar eternamente
quando é regido, como tudo, pela lei imutável do progresso, criada por Deus.
Paralelamente ao progresso material, a humanidade terrena precisa se adequar ao
novo status evolutivo do seu lar, mas isso não ocorre de um dia para outro, nem
com todos de uma vez só, necessitando do tempo e das experiências para que
todos frutifiquem assinalando aquilo que são.
O alerta do Cristo aponta que as
sementes são as almas ligadas à Terra, as quais estão amadurecendo sob os
estímulos das experiências encarnatórias e, com cada vez mais liberdade de
mostrar seus frutos – suas palavras, condutas –, apresentando-se como seres que
produzem o bem ou o mal, portanto, que despontam como trigo ou joio.
Muitos dizem ter fé e se a tem
não deveriam duvidar. A complexidade do mundo atual e das relações humanas
mostra que a Terra está em amplo processo de reforma, onde o que não presta
precisa ser separado do que é útil, o que é compatível deve se manter neste lar
planetário enquanto o que não é será classificado e transferido para futura
residência em mundos mais arcaicos, onde o progresso seguirá no ponto da
maturidade de sua humanidade, dentro das leis divinas.
Isso está acontecendo
independente de nossa crença nessa verdade. O que importa é que temos nas mãos
a oportunidade de decidir nosso futuro por muito e muito tempo. E perante esse
ensejo, feliz daquele que tem fé na justiça e no amor do Criador, e que aceita
o desafio de superação pessoal e contribuição para renovar o mundo que o
acolhe.
Tenha fé.
Não duvide.
E se quiser saber um pouquinho
mais sobre mundos de expiações e provas, e mundos de regeneração, leia o
Capítulo III da obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.
Nenhum comentário:
Postar um comentário