quinta-feira, 19 de maio de 2022

A ESCALA EVOLUTIVA[1]

 

Miramez

 

Há um número determinado de ordens ou de graus de perfeição entre os Espíritos?

− É ilimitado o número dessas ordens, pois não há entre elas uma linha de demarcação, traçada como barreira, de maneira que se podem multiplicar ou restringir as divisões, à vontade. Não obstante, se considerarmos os caracteres gerais, poderemos reduzi-las a três ordens principais.

Na primeira ordem, podemos colocar os que já chegaram a perfeição os Espíritos puros. Na segunda, estão os que chegaram ao meio da escala, o desejo do bem é a sua preocupação. Na terceira, os que estão ainda na base da escala, os Espíritos imperfeitos, que se caracterizam pela ignorância, o desejo do mal e todas as más paixões que lhes retardam o desenvolvimento. (Allan Kardec)

Questão 97/O Livro dos Espíritos

 

Dificilmente podemos traçar uma escala evolutiva para os Espíritos, encarnados e desencarnados. As linhas divisórias escapam à nossa análise; entretanto, podemos fazer, como fazem na Terra sobre as classes, dividindo-as entre alta, média e baixa, sendo, para todas elas, a escala infinita. Assim como o Espiritismo preocupou-se em se lembrar das escalas dos espíritos, outras escolas espiritualistas também fizeram as suas divisões, da maneira que acharam mais conveniente. No fundo, nada muda sobre as leis naturais da vida.

Para melhor compreendermos o que é um espírito, ou o que somos, é bom que nos conscientizemos disso: cada alma se encontra em uma escala diferente.

Nunca dois Espíritos são totalmente iguais, no que concerne à evolução: sempre existe algum traço de diferença, mesmo entre os que têm perfeita sintonia espiritual.

Os que consideramos espíritos perfeitos, o são em relação aos homens e não diante de Deus.

A perfeição universal, a pureza total, somente o Senhor a possui, em todas as suas atribuições, portanto, não temos meios para elaborar uma escala perfeita dos espíritos, o que, nos parece, nem Deus a fez. Ele criou as leis e desde quando passamos a conhecê-las, vamos entendendo o porquê de todas as coisas do universo.

O que Jesus fala no Evangelho, que mesmo os escolhidos serão enganados, dá para percebermos o quanto ainda somos inferiores. Somos escolhidos, por vezes, para determinada tarefa, porém, temos muita ligação nas trevas, pelo passado ainda próximo ao nosso presente, e é nessa influência que poderemos ser enganados: não pelos espíritos inferiores, mas, por nossas inferioridades, que vibram em nossos caminhos.

A superioridade é demorada e constitui a nossa conquista espiritual. É, pois, o resultado do esforço individual, de passo a passo, e foi Nosso Senhor Jesus Cristo quem nos ofertou todos os caminhos, nos mostrando a verdade e a vida, facilitando as nossas escolhas; mas, o trabalho é nosso. Enquanto necessitarmos de vestir o burel de carne, ainda estaremos longe da perfeição espiritual. Devemos nos preocupar pouco com a escala a que pertencemos como espíritos, mas, dar uma demão à nossa autoeducação em todos os sentidos, no que tange à moral; todavia, necessário se faz que entendamos o que seja moral em primeiro lugar, para não cairmos em piores condições. Se não tivermos estrutura para viver os altos preceitos do Evangelho, será bem difícil apresentarmo-nos como mestres dos que procuram aprender.

No mundo físico as divisões das classes são determinadas pelo poder aquisitivo, e, mesmo assim, dificilmente podes determinar a qual classe pertencem certas pessoas. No mundo moral, as dificuldades são maiores, porque sempre escondemos o que de mal fazemos aos nossos irmãos, e anunciamos com todo vigor algum dever, que não passa mesmo de dever de cada alma. Deixemos quem quiser julgar a qual classe pertencemos, o que não nos interessa muito. O que o Cristo nos ensina é escolher a melhor parte, é trabalhar dentro do nosso mundo íntimo, por saber que o céu está em nós, bastando encontrá-lo, e se o encontrarmos, certamente vamos encontrar Deus e Cristo. Cada criatura, se desejar, pode analisar a si mesma, observando a que faixa pertence na escala espiritual.



[1] Filosofia Espírita – Volume 2 – João Nunes Maia

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