Miramez
Há um número determinado de ordens ou de graus de
perfeição entre os Espíritos?
− É ilimitado o número dessas ordens, pois não há entre
elas uma linha de demarcação, traçada como barreira, de maneira que se podem
multiplicar ou restringir as divisões, à vontade. Não obstante, se
considerarmos os caracteres gerais, poderemos reduzi-las a três ordens
principais.
Na primeira ordem, podemos
colocar os que já chegaram a perfeição os Espíritos puros. Na segunda, estão os
que chegaram ao meio da escala, o desejo do bem é a sua preocupação. Na
terceira, os que estão ainda na base da escala, os Espíritos imperfeitos, que
se caracterizam pela ignorância, o desejo do mal e todas as más paixões que
lhes retardam o desenvolvimento. (Allan Kardec)
Questão 97/O Livro dos Espíritos
Dificilmente podemos traçar uma
escala evolutiva para os Espíritos, encarnados e desencarnados. As linhas
divisórias escapam à nossa análise; entretanto, podemos fazer, como fazem na
Terra sobre as classes, dividindo-as entre alta, média e baixa, sendo, para
todas elas, a escala infinita. Assim como o Espiritismo preocupou-se em se
lembrar das escalas dos espíritos, outras escolas espiritualistas também
fizeram as suas divisões, da maneira que acharam mais conveniente. No fundo,
nada muda sobre as leis naturais da vida.
Para melhor compreendermos o que
é um espírito, ou o que somos, é bom que nos conscientizemos disso: cada alma
se encontra em uma escala diferente.
Nunca dois Espíritos são
totalmente iguais, no que concerne à evolução: sempre existe algum traço de
diferença, mesmo entre os que têm perfeita sintonia espiritual.
Os que consideramos espíritos
perfeitos, o são em relação aos homens e não diante de Deus.
A perfeição universal, a pureza
total, somente o Senhor a possui, em todas as suas atribuições, portanto, não
temos meios para elaborar uma escala perfeita dos espíritos, o que, nos parece,
nem Deus a fez. Ele criou as leis e desde quando passamos a conhecê-las, vamos
entendendo o porquê de todas as coisas do universo.
O que Jesus fala no Evangelho,
que mesmo os escolhidos serão enganados, dá para percebermos o quanto ainda
somos inferiores. Somos escolhidos, por vezes, para determinada tarefa, porém,
temos muita ligação nas trevas, pelo passado ainda próximo ao nosso presente, e
é nessa influência que poderemos ser enganados: não pelos espíritos inferiores,
mas, por nossas inferioridades, que vibram em nossos caminhos.
A superioridade é demorada e
constitui a nossa conquista espiritual. É, pois, o resultado do esforço
individual, de passo a passo, e foi Nosso Senhor Jesus Cristo quem nos ofertou
todos os caminhos, nos mostrando a verdade e a vida, facilitando as nossas
escolhas; mas, o trabalho é nosso. Enquanto necessitarmos de vestir o burel de
carne, ainda estaremos longe da perfeição espiritual. Devemos nos preocupar
pouco com a escala a que pertencemos como espíritos, mas, dar uma demão à nossa
autoeducação em todos os sentidos, no que tange à moral; todavia, necessário se
faz que entendamos o que seja moral em primeiro lugar, para não cairmos em
piores condições. Se não tivermos estrutura para viver os altos preceitos do
Evangelho, será bem difícil apresentarmo-nos como mestres dos que procuram
aprender.
No mundo físico as divisões das
classes são determinadas pelo poder aquisitivo, e, mesmo assim, dificilmente
podes determinar a qual classe pertencem certas pessoas. No mundo moral, as
dificuldades são maiores, porque sempre escondemos o que de mal fazemos aos
nossos irmãos, e anunciamos com todo vigor algum dever, que não passa mesmo de
dever de cada alma. Deixemos quem quiser julgar a qual classe pertencemos, o
que não nos interessa muito. O que o Cristo nos ensina é escolher a melhor
parte, é trabalhar dentro do nosso mundo íntimo, por saber que o céu está em
nós, bastando encontrá-lo, e se o encontrarmos, certamente vamos encontrar Deus
e Cristo. Cada criatura, se desejar, pode analisar a si mesma, observando a que
faixa pertence na escala espiritual.
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