quinta-feira, 24 de março de 2022

DESCOBERTAS[1]

 

Miramez

 

Qual a razão por que a ideia de uma descoberta, por exemplo, surge ao mesmo tempo em muitos pontos?

− Já dissemos que, durante o sono, os Espíritos se comunicam entre si. Pois bem, quando o corpo desperta, o Espírito se recorda do que aprendeu, e o homem julga ter inventado. Assim, muitos podem encontrar a mesma coisa ao mesmo tempo. Quando dizeis que uma ideia está no ar, fazeis uma figura mais exata do que pensais; cada um contribui, sem o suspeitar, para propagá-la.

Nosso Espírito revela assim, muitas vezes, a outros Espíritos, e à nossa revelia, aquilo que constitui o objeto das nossas preocupações de vigília. (Allan Kardec)

Questão 419/O Livro dos Espíritos

 

A filosofia espírita nos ensina que ninguém descobre nada; tudo já se encontra descoberto, tudo já está feito por Deus. Somos apenas instrumentos da Divindade, para que fique mais visível o Seu amor para com todos os Seus filhos.

Os chamados Espíritos sábios, ao se desprenderem pelas portas do sono, reúnem-se, por consenso, no ambiente que lhes é próprio, para conversações acerca daquilo que lhes interessa mais. Aí são expostas ideias que lhes parecem mais avantajadas, como as descobertas, e pode ser que nessas conversas surja o que falta para alguns deles, no sentido de descobrirem o que está feito pela eternidade. Ao acordarem, lembram-se da chave que lhes faltava para completar seu ideal, e como foram muitos os que ali estiveram em assembleia, vindos de vários países, as descobertas, se assim podemos chamá-las, surgem simultaneamente em vários lugares do globo, uns mais atrasados e outros com certa dianteira, tudo de acordo com a percepção de cada criatura e determinação do plano espiritual.

Tudo já se encontra feito, descoberto para todos os Espíritos. Apenas falta visão e maturidade espiritual, para que aquilo que se encontra ligado à determinação superior possa ser dado a todos no momento certo, e ser feito melhor uso dos valores nas mãos da humanidade.

Podemos notar que, quando se dá uma descoberta em determinado país, mesmo que esse queira esconder suas façanhas, mesmo que as tranque com mil chaves, esse segredo, essas ideias se propagam. Primeiro, porque, é a vontade de Deus e, segundo, porque podemos trancar tudo, menos os pensamentos, que são forças livres, e esses chegam às mentes dos outros cientistas pela sutilidade da natureza, que fará o mesmo que aqueles que os descobriram em primeira mão. Nada fica escondido no grande laboratório da vida, nem o mal, nem o bem. Podemos esconder certos segredos, quando no corpo, porém, em Espírito a atitude é diferente, por estar sob a ação de leis mais livres, que não são as dos homens. Há de chegar o tempo em que essas leis livres de Deus possam ter ação entre as criaturas, e não se precisar de esconder nada, pois todos agirão com a simplicidade da criança configurada no Evangelho.

Na pauta da vida imortal, tudo está criado. Podemos ser, quando já preparados, cocriadores em alguns casos, sujeitos, ainda às retificações quando necessário. O mais, é receita do Criador Divino, que tudo faz pela nossa felicidade. Se descobrimos uma coisa que já se encontra feita há bilhões de anos, o que fizemos, senão sermos instrumentos da Divindade para aquela descoberta?

A Doutrina Espírita com Jesus concita os humanos para se reunirem em assembleias, levando a elas conversações edificantes, para que dali surjam ideias enobrecidas, e que possamos, pelo esforço em conjunto, descobrir o que está encoberto, visando ao bem estar das criaturas.

Que o Senhor nos ajude na grande obra da educação dos nossos sentimentos e na paz das nossas consciências.



[1] Filosofia Espírita – Volume 9 – João Nunes Maia

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