quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

FRUTOS PERFEITOS[1]

 

Miramez

 

Porque a civilização não realiza imediatamente todo o bem que ela poderia produzir?

₋ Porque os homens ainda não se encontram em condições, nem dispostos a obter esse bem.

Não seria ainda porque, criando necessidades novas, ela excita novas paixões?

₋ Sim, e porque todas as faculdades do Espírito não progridem ao mesmo tempo; é necessário tempo para tudo. Não podeis esperar frutos perfeitos de uma civilização incompleta.

Questão 792 / O Livro dos Espíritos

 

O aperfeiçoamento das é lento, que se reajusta como condicionamento espiritual, em experiências de passo a passo. Já falamos muitas vezes que Deus colocou, por amor, no centro da vida de cada Espírito, dons, todos iguais, e esses dons se despertam nos Espíritos lentamente, pela força do tempo. À medida que o homem cresce, eles vão se irradiando, de forma que o ambiente da alma faz lembrar o ambiente de Deus, seu criador.

A civilização não pode, de uma vez, ou em pouco tempo, iluminar o Espírito. Esse processo estaria fora da lei que assegura a gradatividade para tudo e o Espírito faz parte do todo, que deve obedecer às mesmas leis estabelecidas pelo Criador. A civilização que começa, a despontar em uma nação não pode dotar imediatamente essa nação das duas qualidades espirituais: moral e sabedoria. O trabalho é fruto de milênios e a marcha da civilização obedece a uma certa ordem, para desabrochar seus valores reais. É para tanto que existe a lei de reencarnação, onde os Espíritos voltam à Terra com novas roupas, quantas vezes forem necessárias, e cada vez avançam um pouco no seu aprimoramento espiritual.

A história nos informa que são necessários os flagelos, os dilúvios, as catástrofes coletivas e individuais, para um acerto de consciência da civilização a cada criatura. Até para receber o bem em certa escala é preciso preparação, para que esse bem não se converta imediatamente em mal. Vamos ler Marcos, no capítulo quinze, versículo quinze:

Então Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhe Barrabás; após mandar açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado.

Quando o Mestre dos mestres já tinha terminado a Sua mensagem aos homens, esses mesmos homens deveriam aproveitar a misericórdia recebida, agradecendo com glória a presença do Céu na Terra, mas a falta de preparo da humanidade fez Pilatos soltar o que os seres humanos pediam, adquirindo um carma mais pesado, para entrar em duros testemunhos no futuro e aprenderem com mais eficiência as mensagens do Senhor sobre a vida.

É desta maneira que a civilização não pode, de uma só vez, aperfeiçoar os seres humanos sem os devidos preparos espirituais, que somente o tempo pode fazer amadurecer. Jesus era consciente disso, e chegou a profetizar o que os homens fariam d'Ele. Assim previam, também, certos profetas, séculos antes do Mestre.

As faculdades do Espírito desabrocham lentamente, dentro da lei do progresso. Se pudesse ser de outra forma, Deus não deixaria assim acontecer. Isso ocorre em todos os mundos habitados por Espíritos encarnados e mesmo desencarnados. Eles todos obedecem à lei do progresso, que garante a elevação de toda a casa de Deus.

De uma civilização incompleta não se pode esperar perfeição, no entanto, a civilização atual é um começo, de maneira a levar a alma a chegar algum dia a reunir todos os seus valores e tornar-se um sol em favor dela mesma. Tudo que fazemos de bem, é para a nossa própria paz.



[1] Filosofia Espírita – Volume 16 – João Nunes Maia

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