Miramez
Qual pode ser a natureza da missão do conquistador, que só
tem em vista satisfazer a sua ambição e para atingir o alvo não recua diante de
nenhuma calamidade?
‒ Ele não é, na
maioria das vezes, mais do que um instrumento de que Deus se serve para o
cumprimento dos seus desígnios. Essas calamidades são muitas vezes o meio de
fazer avançar mais rapidamente um povo.
Aquele que é instrumento dessas calamidades passageiras
nada tem com o bem que delas resulta, pois só se propõe um alvo pessoal; não
obstante, aproveitará desse bem?
‒ Cada um é
recompensado segundo as suas obras, o bem que desejou fazer e a orientação de
suas intuições.
Os Espíritos encarnados têm
ocupações inerentes à sua existência corporal. No estado errante ou de
desmaterialização, suas ocupações são proporcionadas ao seu grau de
adiantamento.
Uns percorrem os mundos,
instruindo-se e preparando-se para uma nova encarnação.
Outros, mais avançados,
ocupam-se do progresso dirigindo os acontecimentos e sugerindo pensamentos
favoráveis; assistem aos homens de gênio que concorrem para o adiantamento da
humanidade.
Outros se encarnam com uma
missão de progresso.
Outros tomam sob a sua
tutela indivíduos, famílias, aglomerações humanas, cidades e povos dos quais se
tornam anjos da guarda, gênios protetores e Espíritos familiares.
Outros, enfim, presidem aos
fenômenos da Natureza, dos quais são os agentes diretos.
Os Espíritos comuns se
imiscuem nas ocupações e divertimentos dos homens.
Os Espíritos impuros ou
imperfeitos esperam, em sofrimentos e angústias, o momento em que praza a Deus
conceder-lhes os meios de se adiantarem. Se fazem o mal, é pelo despeito de
ainda não poderem gozar do bem. (Allan Kardec)
Questão 584 / O Livro dos Espíritos
Se tudo que acontece é pela
permissão de Deus, o conquistador tem alguma coisa para fazer em favor dos que
ainda não desejam andar pela força do progresso. Vamos tomar como modelo
Napoleão Bonaparte, que libertou a França do jugo venenoso das linhas
conservadoras, que tinham como deus o líder do conservadorismo que entravava o
progresso do saber.
Napoleão foi um missionário para
libertar o pensamento na França, como ocorreu com Joana D'Arc; os dois, em tempos
diferentes, tiveram o mesmo objetivo. No entanto, a sua libertação depende dos
sentimentos que os conduziram nos movimentos que encadearam contra determinados
povos. As conquistas de Napoleão favoreceram até o Brasil, que teve um
incentivo para sua liberdade.
Os povos chegam a certo ponto de
ignorância sobre ás leis de Deus, que os Espíritos superiores provocam muitas
tempestades sobre eles para acordarem, de modo a conhecerem Deus e a Sua
justiça. A Historia Universal está repleta destes fatos, para que possamos
compreender a vontade soberana.
Se queres aproximar-te mais da
Divindade, e ter olhos para ver o que Ela faz por ti no silêncio, faze o que o
apóstolo Mateus anotou no Evangelho, no capítulo vinte e cinco, versículo
trinta e seis:
Estava nu, e me vestistes; enfermo, e me
visitastes; preso, e fostes ver-me.
Vamos ser missionário em nosso
mundo íntimo, conquistadores de nós mesmos, que seremos livres para sempre de
todas as opressões da vida. O Evangelho salienta a caridade como sendo a tábua
de salvação do Espírito. As guerras estão no mundo devassando os continentes e
fazendo sofrer grande parte da humanidade, por falta do Evangelho no coração
dos homens.
Quando eles voltarem para Jesus
com todo amor, passando a viver os Seus ensinamentos, começarão a conhecer a si
mesmos, e procurarão gastar todo o tempo que lhes sobra em reformarem suas
próprias condutas.
O fim dos tempos maus está
próximo; devemos cooperar para que esse tempo venha logo, desta forma as
guerras se tornarão em paz, os canhões se transformarão em ferramentas para a
lavoura, e os aviões em motivo de lazer e comércio; o ódio em amor, a tristeza
em alegria, tudo para o bem da coletividade. A Terra, de mundo de provas e
expiações, se tornará um mundo de paz e de fertilidade espiritual, onde todos
se entendem, onde países entrelaçam as mãos na verdadeira fraternidade
universal, onde tudo é de todos, como filhos do mesmo Pai.
A missão dos espíritas é
conquistar corações não somente com as palavras, mas igualmente, e até muito
mais, com o exemplo de vida que deve levar. O conquistador que visa somente ao
seu bem pessoal e ao dos seus amigos e parentes, certamente que irá responder
pelo que fez de errado.
O conquistador missionário é o
que se propõe a melhorar a sociedade e trabalhar para o bem coletivo,
harmonizando-se com todos os povos. A palavra missão, devemos empregar somente
para o bem, sem exigências, porque ela é alicerçada no amor.
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