quinta-feira, 23 de setembro de 2021

MISSÃO DO CONQUISTADOR[1]

 

Miramez

 

Qual pode ser a natureza da missão do conquistador, que só tem em vista satisfazer a sua ambição e para atingir o alvo não recua diante de nenhuma calamidade?

‒ Ele não é, na maioria das vezes, mais do que um instrumento de que Deus se serve para o cumprimento dos seus desígnios. Essas calamidades são muitas vezes o meio de fazer avançar mais rapidamente um povo.

Aquele que é instrumento dessas calamidades passageiras nada tem com o bem que delas resulta, pois só se propõe um alvo pessoal; não obstante, aproveitará desse bem?

‒ Cada um é recompensado segundo as suas obras, o bem que desejou fazer e a orientação de suas intuições.

Os Espíritos encarnados têm ocupações inerentes à sua existência corporal. No estado errante ou de desmaterialização, suas ocupações são proporcionadas ao seu grau de adiantamento.

Uns percorrem os mundos, instruindo-se e preparando-se para uma nova encarnação.

Outros, mais avançados, ocupam-se do progresso dirigindo os acontecimentos e sugerindo pensamentos favoráveis; assistem aos homens de gênio que concorrem para o adiantamento da humanidade.

Outros se encarnam com uma missão de progresso.

Outros tomam sob a sua tutela indivíduos, famílias, aglomerações humanas, cidades e povos dos quais se tornam anjos da guarda, gênios protetores e Espíritos familiares.

Outros, enfim, presidem aos fenômenos da Natureza, dos quais são os agentes diretos.

Os Espíritos comuns se imiscuem nas ocupações e divertimentos dos homens.

Os Espíritos impuros ou imperfeitos esperam, em sofrimentos e angústias, o momento em que praza a Deus conceder-lhes os meios de se adiantarem. Se fazem o mal, é pelo despeito de ainda não poderem gozar do bem. (Allan Kardec)

Questão 584 / O Livro dos Espíritos

 

Se tudo que acontece é pela permissão de Deus, o conquistador tem alguma coisa para fazer em favor dos que ainda não desejam andar pela força do progresso. Vamos tomar como modelo Napoleão Bonaparte, que libertou a França do jugo venenoso das linhas conservadoras, que tinham como deus o líder do conservadorismo que entravava o progresso do saber.

Napoleão foi um missionário para libertar o pensamento na França, como ocorreu com Joana D'Arc; os dois, em tempos diferentes, tiveram o mesmo objetivo. No entanto, a sua libertação depende dos sentimentos que os conduziram nos movimentos que encadearam contra determinados povos. As conquistas de Napoleão favoreceram até o Brasil, que teve um incentivo para sua liberdade.

Os povos chegam a certo ponto de ignorância sobre ás leis de Deus, que os Espíritos superiores provocam muitas tempestades sobre eles para acordarem, de modo a conhecerem Deus e a Sua justiça. A Historia Universal está repleta destes fatos, para que possamos compreender a vontade soberana.

Se queres aproximar-te mais da Divindade, e ter olhos para ver o que Ela faz por ti no silêncio, faze o que o apóstolo Mateus anotou no Evangelho, no capítulo vinte e cinco, versículo trinta e seis:

Estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.

Vamos ser missionário em nosso mundo íntimo, conquistadores de nós mesmos, que seremos livres para sempre de todas as opressões da vida. O Evangelho salienta a caridade como sendo a tábua de salvação do Espírito. As guerras estão no mundo devassando os continentes e fazendo sofrer grande parte da humanidade, por falta do Evangelho no coração dos homens.

Quando eles voltarem para Jesus com todo amor, passando a viver os Seus ensinamentos, começarão a conhecer a si mesmos, e procurarão gastar todo o tempo que lhes sobra em reformarem suas próprias condutas.

O fim dos tempos maus está próximo; devemos cooperar para que esse tempo venha logo, desta forma as guerras se tornarão em paz, os canhões se transformarão em ferramentas para a lavoura, e os aviões em motivo de lazer e comércio; o ódio em amor, a tristeza em alegria, tudo para o bem da coletividade. A Terra, de mundo de provas e expiações, se tornará um mundo de paz e de fertilidade espiritual, onde todos se entendem, onde países entrelaçam as mãos na verdadeira fraternidade universal, onde tudo é de todos, como filhos do mesmo Pai.

A missão dos espíritas é conquistar corações não somente com as palavras, mas igualmente, e até muito mais, com o exemplo de vida que deve levar. O conquistador que visa somente ao seu bem pessoal e ao dos seus amigos e parentes, certamente que irá responder pelo que fez de errado.

O conquistador missionário é o que se propõe a melhorar a sociedade e trabalhar para o bem coletivo, harmonizando-se com todos os povos. A palavra missão, devemos empregar somente para o bem, sem exigências, porque ela é alicerçada no amor.



[1] Filosofia Espírita – Volume 12 – João Nunes Maia

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