Eduardo Battel[2]
O conceito da reencarnação não é
exclusivo da Doutrina Espírita, ele existe há muito tempo e é descrito em várias
filosofias e religiões, mas o Espiritismo nos explica o porquê e como esse
processo ocorre. A questão número 171 de O
Livro dos Espíritos nos ensina sobre ele:
Todos os Espíritos
tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la pelas
provações da vida corpórea. Mas, em sua justiça, Ele lhes concede realizar, em
novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.
Se só existisse uma vida e quem
agisse de forma incorreta fosse condenado a sofrer, sendo castigado por toda a
eternidade, onde estaria a bondade de Deus? Se Jesus nos ensinou que devemos
perdoar todos os erros de nossos irmãos, seria Deus então inferior ao homem por
não fazer isso? Conforme nos disse Chico Xavier, na sua grandiosa sabedoria:
Sem a ideia da
reencarnação, sinceramente, com todo respeito às demais religiões, eu não vejo
uma explicação sensata, inclusive, para a existência de Deus.
Caso tivéssemos uma só vida
corpórea, nós seríamos criados por Deus antes dela. Por que algumas pessoas nascem
com um corpo biológico saudável, em um lar com pais amorosos e não tem grandes
dificuldades durante a sua existência e, já outros, nascem com defeitos
físicos, ou tem alguma doença grave já na infância, ficando com sequelas e
tendo uma existência breve ou vivem em uma condição social difícil, passando
por muitas tribulações? Por que Deus daria privilégios a alguns e dificuldades
a outros? Se só houvesse uma existência, seria Ele que escolheria quem teria
uma vida mais fácil ou mais difícil. Isso seria justo e imparcial? A única
coisa que explica essas e outras questões sobre nossas vidas é a reencarnação.
A doutrina da reencarnação
corresponde à ideia que fazemos da Justiça de Deus. Ela nos evidencia como O
Criador é infinitamente bom, justo, imparcial e ama a todos indistinta e
igualmente. Somos criados simples e ignorantes e temos o livre-arbítrio para
que sejamos livres. Porém, todos estamos submetidos às leis universais, como a
de causa e efeito ou plantio e colheita, ou seja, nós escolhemos o que iremos
plantar, mas colheremos obrigatoriamente tudo aquilo que plantarmos. Assim, os
percalços que todos nós temos e as adversidades pelas quais passamos, uns mais
outros menos, são em decorrência de nossas escolhas feitas em nossa atual ou em
pretéritas encarnações.
A pluralidade das nossas
existências nos oferece a oportunidade de evoluirmos conforme nos explica a
questão número 167 de O Livro dos
Espíritos: “Qual a finalidade da reencarnação? Resposta: Expiação,
melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a Justiça?”.
Quando desencarnamos, retornamos à dimensão Espiritual, ou Mundo dos Espíritos,
ficamos lá por determinado período e voltamos a nascer na dimensão material,
quantas vezes forem necessárias para a nossa evolução. Quando atingirmos um
determinado estágio evolutivo, não necessitaremos mais encarnar para
progredirmos, embora ainda possamos fazer isso, mas em caráter missionário.
Existem três tipos principais de
reencarnações e elas ocorrem de acordo com a nossa necessidade. Pode ser para expiação, que é o resgate, por meio da
dor, de erros cometidos em outras existências. Para provação, que são provas voluntariamente solicitadas pelo Espírito,
as quais, se bem suportadas, resultarão em seu progresso espiritual. E, por
último, em missão, que é a realização
de qualquer tarefa, de pequena ou grande relevância.
Todas as nossas encarnações são
planejadas, por nós ou por Espíritos que nos auxiliam. Nós nascemos com o corpo
que precisamos, na família correta, passamos por certas situações, convivemos
com determinadas pessoas, ou seja, tudo ocorre nas condições mais adequadas
para, muitas vezes, estarmos com as pessoas certas para ajustarmos os nossos
corações e resolvermos os nossos problemas. Na reencarnação ninguém erra de
endereço”.
Fonte: Agenda Espírita Brasil
[2] Frequentador do Centro Espírita Nova Luz e Centro
Espírita João Batista em Jundiaí/SP. Expositor Espírita. Coordenador da Liga de
Medicina e Espiritualidade da Faculdade de Medicina de Jundiaí, SP.
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