sábado, 17 de julho de 2021

MARIDO E FILHOS NÃO PRECISAM DE UMA MÉDIUM EM CASA[1]

 


Daniela Migliari - 04.07.2021

 

“Já vivemos muitas vezes. Estamos com as pessoas certas para ajustarmos os nossos corações e solucionarmos os nossos problemas. Na reencarnação, ninguém erra de endereço”.

 

A frase de Francisco Cândido Xavier contém o mapa para acessar o tesouro de nossa evolução. É no recanto do lar que repousa nossa maior missão. Salvo alguns irmãos de caminhada, cuja tarefa espiritual já se vê ampliada para o serviço junto à família humana, a imensa maioria de nós encontra, na consanguinidade, sua maior e mais importante escola.

Em “Jesus no Lar”, de Néio Lúcio, com psicografia de Chico Xavier, o próprio Cristo nos convoca – logo no primeiro texto do livro – a internalizar essa verdade que, de tão próxima, chega a ser óbvia:

“A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se não nos habituamos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante”?

O assunto é incômodo para todos aqueles que escolheram no serviço abnegado e na prática da caridade, o seu leme de navegação. São tantas e inúmeras as tarefas nos centros e igrejas, que as pessoas saem de suas casas cedo e retornam tarde, deixando esposos entregues à solidão, filhos sentindo-se abandonados.

O trabalho em sociedade é fundamental, escola maravilhosa, a ser vivida sim, mas, antes de tudo, com lúcido equilíbrio, para que não se transforme num instrumento de fuga do compromisso no lar. Esse alerta no auxilia a lembrar sempre que a caridade mais urgente às nossas almas é a caridade moral a ser praticada com todos, mas especialmente, com o nosso próximo mais próximo.

A advertência não tem o intuito de julgar ou rotular os trabalhadores incansáveis que desenvolvem suas tarefas com amor. Mas trazer à tona uma reflexão para descobrir se os nossos desafios domésticos estão recebendo a mesma entrega e dedicação que oferecemos nas esferas fora de casa.

Muitas vezes, deixamos de abrir os olhos e perceber que o local que mais necessita de nossa atenção e serviço espiritual está ao lado, bem junto de nós: maridos, esposas, filhos, pais, irmãos.

Em minha experiência pessoal, no afã da descoberta da doutrina bendita e da mediunidade abençoada, dei início a um profundo mergulho nos estudos. Ouvindo palestras a todo instante, maravilhada, inebriada de luz! Quanta paz, quanta benção… Porém, acabava por me isolar no exagero, e isso causa desequilíbrios familiares.

Por outro lado, percebo que a atuação em conjunto, no Evangelho no Lar, nas idas às aulas de evangelização, nas visitas a orfanatos com todos reunidos, a família vai ficando mais forte e unida. Aos poucos, o equilíbrio vai chegando, e os trabalhos que realizo sozinha foram restringindo-se a horários em que minha ausência não prejudica o núcleo.

Esse cuidado de harmonização trouxe mais felicidade e paz para todos. E mais tempo com aqueles que são os instrumentos do mais profundo serviço, ao qual a vida nos convida a todo instante. O trabalho nas casas de estudo espiritual serve de combustível para que o amor se amplie nas relações familiares. Isso acontece, por exemplo, quando buscamos nos inspirar na postura de um sábio dialogador para conseguir orientar uma criança com paciência e amor incondicional.

Cônjuges e filhos não precisam de uma médium em casa, nem de um palestrante ou evangelizador, ainda que reconheçam o quanto essas práticas trazem um bem imenso às nossas vidas. Eles precisam, antes de mais nada, de esposas, maridos, filhos e pais que encontram no terreno do lar, o arado perfeito para colocar em ação o plantio do amor e da coerência com seus ideais espirituais.

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