quinta-feira, 10 de junho de 2021

MISSIONÁRIOS[1]

 

Miramez

 

As ocupações comuns nos parecem antes deveres do que missões propriamente ditas. A missão, segundo a ideia ligada a essa palavra, tem um sentido muito menos exclusivo e sobretudo menos pessoal. Desse ponto de vista, como se pode reconhecer que um homem tem uma missão real na Terra?

‒ Pelas grandes coisas que ele realiza, pelo progresso que faz os seus semelhantes realizarem.

Questão 575/O Livro dos Espíritos

 

Os verdadeiros missionários são fáceis de serem reconhecidos pelos seus feitos em favor da coletividade, no entanto, existem missionários menores, aos quais são entregues pequenas missões, mas de real valor, por dar segurança a certas pessoas que precisavam de amparo mais direto.

A missão é um dever, mas nem sempre o dever é uma missão. Todos nós temos, por exemplo, o dever de amar sem distinção a todos e a tudo para o nosso próprio bem; entretanto, o missionário de altas possibilidades faz do amor um instrumento de vida, de modo a atingir a humanidade, dando a ela mais vida, mais alegria e esperança em todas as suas atividades.

A missão tem o mesmo tamanho para todos; o missionário é que a faz crescer ou estabilizar.

Podemos lembrar, como exemplo, a vida de Francisco de Assis, que fez da sua missão uma força a atingir todos os povos, e que, ainda hoje, irradia-se em todas as nações, vibrando nos corações como se ele estivesse presente na Terra, animando um corpo físico.

O missionário, tudo que ele faz, tudo que ele idealiza, é em favor da coletividade; não o anima nada pessoal, pois ele destruiu no seu mundo íntimo o egoísmo e o orgulho, duas chagas terríveis da humanidade. Não podemos esquecer de falar que os caminhos do missionário são sempre cheios de espinhos. Todos eles sofrem as reações à ação benfeitora da sua presença e carregam um pouco da cruz coletiva.

Então, os principais sacerdotes o acusavam de muitas coisas. (Marcos, 15:3)

Nem o Mestre passou ileso da fúria negativa da força cármica que atuava nos sacerdotes, e como Ele era obediente ao Pai, aceitou sem reclamar o escárnio, as pedradas, a fúria que a ignorância faz surgir, e a própria cruz. A lei Lhe pediu que saísse do planeta onde veio, por misericórdia, para ensinar o amor, e Ele partiu, mas, deixou a grande lição escrita no coração da humanidade encarnada e desencarnada. Jesus foi um missionário direto de Deus, por amor ao Seu rebanho.

Querer saber a que classe de Espíritos podem pertencer os missionários implica em resposta de difícil determinação. A terminologia é variável como os idiomas da Terra; são denominações diversas e, por vezes, não traduzem os nossos sentimentos, mas, podemos dizer que missão existe de todos os tamanhos, desde quando elas constroem e ajudam as criaturas nas mudanças necessárias, onde o Evangelho de Jesus comanda e desperta os homens para a luz da verdade.

Podemos classificar o dever como sendo obrigações inerentes às nossas necessidades, onde o bem deixa a sua marca. A missão, pequena ou grande, é aquela que ultrapassa a nossa área, atingindo o próximo no que ele precisa para andar melhor. Quase sempre o missionário esquece a si mesmo, para beneficiar aos seus irmãos em sofrimentos, mas, o verdadeiro missionário cuida de si, dos seus inúmeros deveres e reúne suas forças por todos os meios possíveis e impossíveis aos olhos do mundo, avançando com alegria e amor, doando sempre para a paz de todas as criaturas. Por vezes, ele sacrifica sua vida para que todos possam viver bem, sempre no clima do amor.



[1] Filosofia Espírita – Volume 12 – João Nunes Maia

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