sexta-feira, 2 de abril de 2021

OUTRO LADO DA LEI DO TRABALHO: o VOLUNTÁRIO[1]

 

Merhy Seba

 

Quando alguém se propõe a uma tarefa voluntária, no campo do bem ao próximo, certamente, depois de algum tempo, não será mais o mesmo. Grandes e significativas transformações se operam em seu íntimo, em decorrência de sua sintonia com as faixas de vibrações amorosas emanadas das regiões mais sublimes do Universo.

É que o serviço voluntário propicia à pessoa que se exercitar pelos derivados do Amor que, segundo os Espíritos benfeitores apresentam várias vertentes: a Bondade, a Compaixão, a Tolerância, a Condescendência, a Generosidade… Assim, ao desejar prestar sua colaboração espontânea e sincera em favor do próximo, a criatura abrirá espaço para o exercício da caridade e, gradativamente, é tocada por valores morais que se interiorizam naturalmente em sua personalidade.

Toda ação realizada de coração repercute simultaneamente no autor e no destinatário, no entanto, quem se doa registra em seu Espírito a marca de sua atitude benevolente. Como desmembramento desse gesto de caridade, o indivíduo é impulsionado por uma força moral irresistível, que amplia os limites de sua ação no bem e passa a influenciar novos colaboradores por meio do contágio – fator de incontáveis disseminações de maus e bons hábitos humanos. A força do contágio é fundamental no processo de ensino-aprendizagem e transmissão de hábitos; a criança imita o que vê e pela ação constante de um ato acaba adquirindo hábitos.

Uma vez incorporada essa educação moral ao Espírito, a leitura do mundo passa a ter outros significados ao voluntário e, por consequência, as suas vivências são transferidas naturalmente a outros ambientes, como reflexo do seu caráter e de sua postura exemplar.

O primeiro agrupamento a sentir essa mudança altamente positiva é a sua micro e macro família, cujos membros percebem o novo comportamento e a nova postura, ao tratarem de assuntos, sobretudo, de natureza afetiva e transcendental. Essa é uma das estratégias que o Criador emprega para estimular os cooperadores do bem, multiplicando-os para a transformação moral e espiritual do Planeta, que já está em curso.

Os ensinamentos morais dos Espíritos benfeitores são unânimes em afirmar que o Amor, enquanto sentimento Divino Maior, desdobra-se em vários outros sentimentos, cujo acesso está ao alcance de todos: assim é que com o ato de ajudar, compreender, doar-se, perdoar, ser tolerante, compassivo, misericordioso, gentil e outras formas de estender as mãos a quem precisa, estaremos pondo em prática os derivados do Amor Divino.

Quando o homem conseguir conviver pacificamente com aqueles com quem divide o mesmo teto, ele já deu o primeiro passo para amar outras famílias e, assim, alcançar toda a Humanidade. Independente da dimensão da tarefa voluntária que venha a assumir e desempenhar, o mérito reside na maneira como ele a exerce, como coloca seu discernimento e sentimentos em cada situação.

A vivência no bem tem a capacidade de mudar o padrão moral do homem para melhor e, ao mudar o homem, a sociedade também sofrerá a transformação desejada.

Lembre-se de que, na tarefa de ajudar, o bem maior é sempre aquele que ainda está por fazer, à espera de nossa disposição[2].

Por vezes, podemos pensar que, ao nos vincularmos a um trabalho voluntário, estamos prestando a nossa ajuda aos outros, mas, na realidade, estamos sendo ajudados, sem perceber.

Porque nós somos cooperadores de Deus[3].

Pense nisso. Pense agora!

 

 

Artigo  publicado na Revista Atração, de Aracaju/Sergipe, ano 3, nº 35, de nov.2020.



[2] XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. O Espírito da Verdade. Por autores diversos. Rio de Janeiro: FEB, 1962. cap. 70.

[3] BÍBLIA, N. T. I Coríntios. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1966. cap. 3, vers. 9.

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