Miramez
Por uma conduta perfeita podemos vencer já nesta vida
todos os graus e tornar-nos Espírito puro, sem passar pelos intermediários?
‒ Não, pois o que o
homem julga perfeito está longe da perfeição: há qualidades que ele desconhece
e nem pode compreender. Pode ser tão perfeito quanto a sua natureza eterna o
permita, mas esta não é a perfeição absoluta. Da mesma maneira que uma criança,
por mais precoce que seja, deve passar pela juventude, antes de chegar à
maturidade, e um doente deve passar pela convalescença, antes de recuperar a
saúde. Além disso, o Espírito deve adiantar-se em conhecimento e moralidade, e
se ele não progrediu senão num sentido, é necessário que o faça no outro, para
chegar ao alto da escala. Entretanto, quanto mais o homem se adianta na vida
presente, menos longas e penosas serão as provas seguintes.
a. O homem pode assegurar-se nesta vida uma existência
futura menos cheia de amarguras?
‒ Sim, sem dúvida,
pode abreviar o caminho e reduzir as dificuldades. Somente o desleixado fica
sempre no mesmo ponto.
Questão 192/O Livro dos Espíritos
Existem os degraus, como sendo
escala de ascensão, para todos os Espíritos no universo de Deus. Ninguém pode,
e a razão não ensina o contrário, em somente uma existência, aperfeiçoar-se em
todos os rumos. São necessários milhares e milhares delas, com acertos e
desacertos, aprendendo e colhendo experiências para o grande celeiro da vida.
Em uma só encarnação, a alma não
tem condições de alcançar a perfeição. Seria um contrassenso, uns passarem por
caminhos tortuosos, sofrendo e disciplinando-se, e outros tomarem uma evolução
reta e com poucos anos atingirem a angelitude. A evolução, ou o despertamento
do Espírito, se processa de letra a letra, de passo a passo, de reencarnação a
reencarnação.
Não haveria mérito algum para o
Espírito se Deus já o fizesse em seu completo despertamento espiritual.
Certamente que ele nos fez simples e ignorantes, contudo, os valores que
carregamos desde a nossa formação se encontram em estado de sono, uns mais e
outros menos, de acordo com a evolução de cada um. O Espírito mais velho,
logicamente, tem mais experiência do que o mais novo, mas, todos têm as mesmas
oportunidades de ascender para o infinito. A casa do Pai é grandiosa, e acolhe
todos os filhos, dando a cada qual o que ele merece na pauta do seu
despertamento espiritual.
O estudante da Doutrina dos
Espíritos deve orar, meditar nas leis espirituais que, gradativamente, vão
trazendo ao seu conhecimento os segredos da vida, e quando passa a conhecê-los,
a liberdade vai chegando em seu coração.
Na nossa caminhada espiritual
existe algo que deve ser feito por nós, e às vezes esse algo nos pede esforço e
sacrifício, renúncia e coragem para vencer problemas inúmeros. A nossa tarefa é
lutar, lutar todos os dias, porque toda a luz nasce do movimento e a inércia é
a treva no caminho. Tudo que se faz bem feito, parte de um princípio: gradatividade.
Se queres fazer as coisas de uma
só vez, sem obedecer à sequência estipulada pela harmonia divina, nada fazes
bem. Até a criação de Deus, na sua grandiosidade, rompe em harmonia e dentro da
Sua criatividade, Ele trabalha sempre e nada faz de uma vez. Nada se faz, tornamos
a repetir, com passe de mágica; mesmo a nossa cooperação, naquilo que devemos
cooperar, deve ser feita de acordo com as nossas forças, e o Senhor não nos
pede mais, somente o que suportamos em caminho, porém, não devemos fazer menos
do que podemos fazer.
O Espírito, desde a sua gênese,
vem se despertando lentamente pelos processos estabelecidos pela lei do
progresso e, quando chega a razão, aparece a sua parte a ser feita, e que ele
deve fazer no âmbito das suas possibilidades. Deus criou a vida e leis para
serem obedecidas; Deus criou os mundos e leis que os governam, assegurando a
harmonia universal.
Lembremo-nos todos os dias da gradatividade; nunca parar, mas jamais
crescer desordenadamente, sem as possíveis seguranças, como viajores de Deus e
de Cristo.
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