Camilo Rodrigues Chaves
destacou-se como figura marcante no Espiritismo e na vida política de Minas
Gerais. Nasceu no dia 28 de julho de 1884 no povoado de Campo Belo do Prata
(hoje cidade de Campina Verde), Minas Gerais.
Aos nove anos de idade, seus
pais ‒ João Evangelista Rodrigues Chaves e Maria Matilde do Amaral Chaves ‒
consentiram que o Bispo de Goiás, Dom Eduardo Duarte Silva, o levasse para
Roma, onde seguiria a carreira eclesiástica, ingressando no Colégio Pio
Latino-Americano.
Formou-se na Universidade
Gregoriana do Vaticano, diplomando-se Doutor em Teologia, Filosofia, Ciências
Naturais e Matemática. Antes de receber a Ordem Eclesiástica, resolveu retornar
ao Brasil por sentir que não tinha vocação para o sacerdócio.
Casou-se com Damartina Teixeira
Chaves, com quem teve os filhos Hélio Chaves, Camilo Chaves Júnior e Fábio
Teixeira Rodrigues Chaves. Detentor de vasta cultura humanística, falava corretamente
as línguas italiana, francesa e espanhola, conhecendo também o latim clássico e
o grego antigo. Sua sensibilidade artística permitia-lhe executar ao piano, com
admirável perfeição, obras de consagrados mestres da música universal. Foi
ainda orador, poeta, escritor, jornalista, comerciante, fazendeiro e advogado.
Sua primeira obra literária ‒
Caiapônia, cujo subtítulo “Romance da Terra e do Homem do Brasil Central”
define-lhe o conteúdo ‒, teve notável acolhida no mundo intelectual. Foi
vereador, deputado e senador ao antigo Congresso Mineiro, quando se dedicou às
lides políticas, desfrutando grande prestígio em todo o Estado de Minas Gerais.
Como Deputado Estadual,
conseguiu para Uberlândia, no governo do então Presidente do Estado, Dr.
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, a criação do Ginásio Mineiro de Uberlândia,
que tem prestado relevantes serviços nas áreas educacional e cultural. Desse
estabelecimento de ensino saíram diversos alunos que ocuparam cargos
proeminentes, como governadores de Minas, de Goiás, deputados, médicos,
advogados, engenheiros, odontólogos, industriais, comerciantes, prefeitos e
vereadores.
Levou, ainda para Uberlândia, a
Fazenda Experimental da Semente. Foi professor no Liceu de Uberlândia e no
Colégio Nossa Senhora das Lágrimas. Na Revolução de 1930, foi escolhido
Comandante Chefe das Forças Revolucionárias do Triângulo Mineiro, com grande
atuação na defesa do território mineiro.
Porém, Chaves resolveu abandonar
a política para dedicar-se às letras e à divulgação da Doutrina Espírita,
escrevendo o extraordinário romance histórico Semíramis, rainha da Assíria e
Babilônia, do Súmer e Akad, cuja terceira e última edição apareceu em 1989 pela
editora LAKE, de São Paulo. Nesta obra, em que resgata a memória da soberana
que elevou Babilônia ao pináculo da glória, exibe, em linguagem amena e
apurada, a segurança de impecável trabalho de pesquisa, inspirado, quem sabe,
pelo afloramento de antigas reminiscências arquivadas nos escaninhos do
subconsciente.
Camilo Chaves exerceu mandato
como Presidente da União Espírita Mineira de 1945 até fevereiro de 1955, com
atuação marcada pelo dinamismo e dedicação à Doutrina Espírita. Durante sua
gestão, foi iniciada a construção da atual sede da UEM, cuja inauguração se deu
no dia 18 de abril de 1956 pelo seu sucessor na Presidência da Federativa: Dr.
Bady Elias Curi.
Também por iniciativa sua foi
criado o Ginásio Espírita “O Precursor”, situado em ponto nobre de Belo
Horizonte, educandário modelo que seria, no sonho de seu idealizador, “o
embrião da futura Universidade Espírita de Minas Gerais”. Inaugurou na União
Espírita Mineira a Assistência Dentária e a Farmácia Homeopática, serviços
gratuitos para milhares de necessitados.
Fez circular com regularidade “O
Espírita Mineiro”, elaborou novo Estatuto e ampliou os Departamentos da
Entidade, como o Departamento Estadual da Mocidade Espírita e do Conselho
Federativo Estadual, obedecidas as normas constantes do Pacto Áureo de
Unificação. Promoveu o II Congresso Espírita Mineiro, quando foi aprovada a Declaração
de Princípios Espíritas.
Além de presidente da União
Espírita Mineira por dez anos consecutivos, foi fundador do Cenáculo Espírita
Tiago, o Maior, Presidente de Honra do Centro Espírita “Amor e Caridade”,
fundador da Sociedade de Amparo à Pobreza, mais conhecida como “Sopa dos
Pobres”, e conselheiro, sócio e irmão benemérito de várias sociedades espíritas
que lhe adotaram o nome.
Sua desencarnação, aos 70 anos,
em 3 de fevereiro de 1955, teve grande repercussão em toda Minas Gerais. A
Academia Mineira de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico, dos quais
fazia parte, prestaram homenagens de pesar ao escritor e intelectual de renome.
A Assembleia Legislativa também o homenageou pela voz de vários deputados,
tendo o Governador do Estado decretado luto oficial.
Mensagens de sua autoria ‒
recebidas até 1988 pela psicografia do médium Giva Teixeira de Oliveira, no
Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, em Campina Verde/MG ‒ foram reunidas no
livro “De Mãos Dadas Caminhamos Juntos”, produzido pela EGIL – Editora Gráfica
de Ituiutaba Ltda.
A personalidade de homem
público, cultor das letras e das atividades espirituais, fez de Camilo Chaves
figura de saudosa memória, deixando marcos duradouros e inesquecíveis em todos
os setores da vida humana.
Fonte: Jornal “O Espírita
Mineiro” (março/abril - 2003).
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