quinta-feira, 25 de março de 2021

PROGRESSO NO MUNDO TRANSITÓRIO[1]

 

Miramez

 

Os mundos transitórios são, por sua natureza especial, perpetuamente destinados aos Espíritos errantes?

‒ Não, sua posição é apenas temporária.

a. São eles ao mesmo tempo habitados por seres corpóreos?

‒ Não, sua superfície é estéril. Os que os habitam não precisam de nada.

b. Essa esterilidade é permanente e se liga à sua natureza especial?

‒ Não; são estéreis transitoriamente.

c. Esses mundos seriam, então, desprovidos de belezas naturais?

‒ A Natureza se traduz pelas belezas da imensidade, que não são menos admiráveis do que as que chamais belezas naturais.

d. Sendo transitório o estado desses mundos, a Terra terá um dia de estar entre eles?

‒ Já esteve.

e. Em que época?

‒ Durante a sua formação.

 

Nada existe de inútil na Natureza: cada coisa tem a sua finalidade, a sua destinação; nada é vazio, tudo é habitado, a vida se expande por toda parte. Assim durante a longa série de séculos que se escoou antes da aparição do homem sobre a Terra durante os lentos períodos de transição atestados pelas camadas geológicas, antes mesmo da formação dos primeiros seres orgânicos, sobre essa massa informe, nesse árido caos em que os elementos se confundiam não havia ausência de vida. Seres que não tinham as nossas necessidades, nem as nossas sensações físicas, ali encontravam refúgio. Deus quis que, mesmo nesse estado imperfeito, ela servisse para alguma coisa. Quem, pois, ousaria dizer que entre os bilhões de mundos que circulam na imensidade apenas um, e um dos menores, perdido na multidão, teve o privilégio exclusivo de ser povoado? Qual seria a utilidade dos outros? Deus os teria feito só para recrear os nossos olhos?

Suposição absurda, incompatível com a sabedoria que brilha em todas as suas obras, inadmissível quando se pensa em todas as que não podemos perceber. Ninguém poderá negar que há, nesta ideia dos mundos ainda impróprios para a vida material e, entretanto povoados de seres apropriados ao seu estado, alguma coisa de grande e sublime, onde talvez se encontre a solução de muitos problemas. (Allan Kardec)

Questão 236/O Livro dos Espíritos

 

Deus, na sua grandiosidade e sendo a Inteligência Suprema do Universo, não iria criar os mundos somente para Sua satisfação e dos Espíritos; todos eles têm sua missão em variados esquemas que o progresso aciona.

Os mundos transitórios, que recebem Espíritos de todas as naturezas, evoluem com as almas que nele habitam temporariamente. Nada estaciona; há leis para governar tudo que existe na criação.

Os Espíritos errantes habitam mundos nos quais, por vezes, permanecem em Espírito, visto que essas casas do universo ainda não se encontram com capacidade para lhes fornecer corpos materiais. Somente com a marca do tempo e as bênçãos do Criador eles vão se preparando gradativamente para tal empreendimento. É, pois, a Geena[2] tanto falada nos livros sagrados, capaz de educar as almas, ou dar algum toque de transformação aos Espíritos endurecidos. São escolas divinas, na dignidade do amor.

No entanto, nada no universo tem somente uma utilidade; existem mundos habitados por uma gama de Espíritos inferiores, onde eles tomam corpos materiais para se educarem com mais eficiência. Como exemplo, mostramos a Terra: aí estão inúmeros desses Espíritos aos quais se pode reconhecer pelos seus atos e pelas suas paixões desenfreadas, principalmente nestes fins de tempos apocalípticos.

Basta um pouco de razão, para que se possa cientificar dessas verdades anunciadas. Vários planetas, que descrevem a órbita solar, são mundos que não têm condições de fornecer corpos materiais para os Espíritos, porém se prestam como presídios onde a justiça cobra de todos as reações aos seus feitos em outras casas planetárias.

As condições de todos os mundos são temporárias, como as condições íntimas de todos os Espíritos, porque constantemente estamos mudando de costumes, exigidos pelo progresso.

Somente Deus tem uma estabilidade. Ele foi, é e será sempre o mesmo, naquilo que D'ele conhecemos.

Não existe acídia em nenhum dos mundos, nem nas coisas criadas; tudo se encontra em pleno cinetismo, porque a vida é movimento constante.

Os mundos, tanto na sua formação como na sua decadência, servem como hospedaria para os Espíritos retardatários, como oportunidade de educação e corrigenda.

Nada que existe se encontra na inutilidade, por ser Deus a inteligência das inteligências e ser onisciente das Suas criações. O Cristo de Deus, Governador da Terra, que assistiu a sua formação, está sempre presente e consciente das suas transformações, observando passo a passo o que pode mudar, porque, o que não deve ser, imediatamente será transformado. Não se deve, portanto, temer a destruição total do planeta, pois isso somente acontece na ideia dos homens que vivem no clima de um pária subjugados pelo desânimo e ainda se esforçando para tirar da mente a vida que continuam a viver.

Jesus se encontra na direção do nosso planeta, e Ele sabe o que fazer com os cientistas na direção do nosso planeta, de certos recursos da natureza para alarmarem as consciências que trabalham para a paz dos povos. E o Evangelho é o antídoto de todas essas forças negativas, bem como portador dos meios de fazer da Terra o paraíso onde todos devem alcançar a felicidade, até mesmo os que nela não creem. Os mundos habitados são escolas de Deus, para a libertação das almas.



[1] Filosofia Espírita – Volume 5 – João Nunes Maia

 

[2] Lugar de tormentos; Inferno; (figurado) Sofrimento, dor, tortura.

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