Miramez
Os mundos transitórios são, por sua natureza especial,
perpetuamente destinados aos Espíritos errantes?
‒ Não, sua posição é
apenas temporária.
a. São eles ao mesmo tempo habitados por seres corpóreos?
‒ Não, sua
superfície é estéril. Os que os habitam não precisam de nada.
b. Essa esterilidade é permanente e se liga à sua natureza
especial?
‒ Não; são estéreis
transitoriamente.
c. Esses mundos seriam, então, desprovidos de belezas
naturais?
‒ A Natureza se
traduz pelas belezas da imensidade, que não são menos admiráveis do que as que
chamais belezas naturais.
d. Sendo transitório o estado desses mundos, a Terra terá
um dia de estar entre eles?
‒ Já esteve.
e. Em que época?
‒ Durante a sua
formação.
Nada existe de inútil na
Natureza: cada coisa tem a sua finalidade, a sua destinação; nada é vazio, tudo
é habitado, a vida se expande por toda parte. Assim durante a longa série de
séculos que se escoou antes da aparição do homem sobre a Terra durante os
lentos períodos de transição atestados pelas camadas geológicas, antes mesmo da
formação dos primeiros seres orgânicos, sobre essa massa informe, nesse árido
caos em que os elementos se confundiam não havia ausência de vida. Seres que
não tinham as nossas necessidades, nem as nossas sensações físicas, ali
encontravam refúgio. Deus quis que, mesmo nesse estado imperfeito, ela servisse
para alguma coisa. Quem, pois, ousaria dizer que entre os bilhões de mundos que
circulam na imensidade apenas um, e um dos menores, perdido na multidão, teve o
privilégio exclusivo de ser povoado? Qual seria a utilidade dos outros? Deus os
teria feito só para recrear os nossos olhos?
Suposição absurda,
incompatível com a sabedoria que brilha em todas as suas obras, inadmissível
quando se pensa em todas as que não podemos perceber. Ninguém poderá negar que
há, nesta ideia dos mundos ainda impróprios para a vida material e, entretanto
povoados de seres apropriados ao seu estado, alguma coisa de grande e sublime,
onde talvez se encontre a solução de muitos problemas. (Allan Kardec)
Questão 236/O Livro dos Espíritos
Deus, na sua grandiosidade e
sendo a Inteligência Suprema do Universo, não iria criar os mundos somente para
Sua satisfação e dos Espíritos; todos eles têm sua missão em variados esquemas
que o progresso aciona.
Os mundos transitórios, que
recebem Espíritos de todas as naturezas, evoluem com as almas que nele habitam
temporariamente. Nada estaciona; há leis para governar tudo que existe na
criação.
Os Espíritos errantes habitam
mundos nos quais, por vezes, permanecem em Espírito, visto que essas casas do
universo ainda não se encontram com capacidade para lhes fornecer corpos
materiais. Somente com a marca do tempo e as bênçãos do Criador eles vão se
preparando gradativamente para tal empreendimento. É, pois, a Geena[2]
tanto falada nos livros sagrados, capaz de educar as almas, ou dar algum toque
de transformação aos Espíritos endurecidos. São escolas divinas, na dignidade
do amor.
No entanto, nada no universo tem
somente uma utilidade; existem mundos habitados por uma gama de Espíritos
inferiores, onde eles tomam corpos materiais para se educarem com mais
eficiência. Como exemplo, mostramos a Terra: aí estão inúmeros desses Espíritos
aos quais se pode reconhecer pelos seus atos e pelas suas paixões desenfreadas,
principalmente nestes fins de tempos apocalípticos.
Basta um pouco de razão, para
que se possa cientificar dessas verdades anunciadas. Vários planetas, que
descrevem a órbita solar, são mundos que não têm condições de fornecer corpos
materiais para os Espíritos, porém se prestam como presídios onde a justiça
cobra de todos as reações aos seus feitos em outras casas planetárias.
As condições de todos os mundos
são temporárias, como as condições íntimas de todos os Espíritos, porque
constantemente estamos mudando de costumes, exigidos pelo progresso.
Somente Deus tem uma
estabilidade. Ele foi, é e será sempre o mesmo, naquilo que D'ele conhecemos.
Não existe acídia em nenhum dos mundos,
nem nas coisas criadas; tudo se encontra em pleno cinetismo, porque a vida é
movimento constante.
Os mundos, tanto na sua formação
como na sua decadência, servem como hospedaria para os Espíritos retardatários,
como oportunidade de educação e corrigenda.
Nada que existe se encontra na
inutilidade, por ser Deus a inteligência das inteligências e ser onisciente das
Suas criações. O Cristo de Deus, Governador da Terra, que assistiu a sua
formação, está sempre presente e consciente das suas transformações, observando
passo a passo o que pode mudar, porque, o que não deve ser, imediatamente será
transformado. Não se deve, portanto, temer a destruição total do planeta, pois
isso somente acontece na ideia dos homens que vivem no clima de um pária
subjugados pelo desânimo e ainda se esforçando para tirar da mente a vida que
continuam a viver.
Jesus se encontra na direção do
nosso planeta, e Ele sabe o que fazer com os cientistas na direção do nosso
planeta, de certos recursos da natureza para alarmarem as consciências que
trabalham para a paz dos povos. E o Evangelho é o antídoto de todas essas
forças negativas, bem como portador dos meios de fazer da Terra o paraíso onde
todos devem alcançar a felicidade, até mesmo os que nela não creem. Os mundos
habitados são escolas de Deus, para a libertação das almas.
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