Antônio Moris Cury - Dezembro/2018
Conhecemos algumas pessoas que
acham o trabalho pura perda de tempo. Outras, que se dizem religiosas, acham
que o trabalho é um castigo divino. Outras, ainda, que não o definem, mas que
têm urticária só em ouvir a palavra trabalho, tais o desapreço e a preguiça que
têm para com ele, nada obstante vejam que é o meio mais comum para obter o
ganha pão de cada dia, assim como conhecemos inumeráveis criaturas (que
certamente representam a maioria esmagadora da população) que têm prazer em
trabalhar, e através do trabalho obtêm o seu sustento e o de seus familiares,
de modo digno. Dão o melhor de si no desempenho de suas atividades, agindo com
boa vontade, com competência, com capricho, com esmero e com amor, na certeza
de estarem cumprindo, e bem, esta parte que lhes compete realizar.
Como se sabe, vivemos no planeta
Terra em regime de interdependência, de tal modo que todos dependemos uns dos
outros, direta ou indiretamente. Exatamente por essa razão todos os trabalhos
(todas as tarefas, todas as atividades, sejam quais forem), dos mais simples
aos mais complexos, são importantes, muito importantes, para que haja o
equilíbrio necessário e indispensável às relações humanas e sociais.
A veneranda Doutrina Espírita
deixa muito claro que o trabalho é uma Lei Natural e constitui uma necessidade:
O trabalho é Lei da Natureza, por isso mesmo constitui uma necessidade, e a
civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades
e os gozos[2].
E à questão: Por trabalho só se devem
entender as ocupações materiais?[3]
esclarece que não, que o Espírito trabalha assim como o corpo, acrescentando
algo da maior significância: Toda ocupação útil é trabalho3.
Sendo assim, aqueles que têm
aversão ao trabalho, que nele enxergam um castigo, e até mesmo um castigo
divino, ou para quem acha que trabalhar é pura perda de tempo, é de todo
conveniente registrar com ênfase que o trabalho é uma Lei da Natureza.
Acreditemos ou não, enxerguemos ou não, percebamos ou não, queiramos ou não,
fato é que somos regidos pelas Leis da Natureza, que valem e se aplicam a
todos, sem exceção, que são perfeitas e por isso mesmo imutáveis. Permitimo-nos
sugerir a leitura e o estudo da Lei do Trabalho[4],
composta por doze perguntas e respostas, acrescidas de comentário pessoal do
Professor Rivail, o nosso Allan Kardec, em O
Livro dos Espíritos, a fim de que nos inteiremos (e nos esclareçamos) de
seu valioso conteúdo e passemos a aplicá-lo em nosso dia a dia, podendo extrair
conclusões de enorme importância para a nossa atual existência terrena.
A civilização obriga o homem a
trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos2,
observação feita bem no começo da segunda metade do século XIX, época em que
nem mesmo a luz elétrica existia (Edson obteve a lâmpada incandescente apenas
em outubro de 1878). A afirmação estava
correta naquela altura do século XIX e, mais fácil de entender ainda, continua
correta no atual século XXI, diante do impressionante avanço da Ciência e da
Tecnologia, sobretudo nos últimos vinte e cinco anos. O surgimento da
Tecnologia da Informação, por exemplo, disseminada por todos os quadrantes da
Terra, obriga o ser humano a trabalhar mais, se e quando a desejar ter
disponível (e, muitas vezes na atualidade, passa a ser indispensável a sua
aquisição e utilização para o cumprimento das tarefas e dos compromissos
profissionais de variadíssima ordem) e, por esse modo, aumenta-lhe obrigatoriamente
a necessidade de trabalhar. Outras vezes, quando o uso dos equipamentos se
destina ao lazer e ao entretenimento, há o aumento da despesa com a sua
aquisição (o que exige mais trabalho) e também a fruição dos gozos
correspondentes.
Por outro lado, o trabalho,
qualquer trabalho, muito contribui para o nosso desenvolvimento, para o nosso
aperfeiçoamento pessoal e, como claramente explicado pelo Espiritismo, toda ocupação útil é trabalho, de tal
maneira que por trabalho não se devem entender apenas as ocupações materiais,
uma vez que o Espírito trabalha, assim como o corpo3.
Além do desafio que por si
representa, o trabalho exige de quem o realiza: conhecimento, atenção, cuidado,
esmero, aplicação, boa vontade, de tal modo que seja realizado do melhor jeito
possível, e de preferência que seja útil. Representa também a oportunidade de
aprender cada vez mais e melhor, com o que estaremos nos aperfeiçoando
continuamente, ainda que devagarinho, a pouco e pouco. Além de aprender, e
podemos aprender todos os dias, por menor que seja o aprendizado, o trabalho em
muito auxilia o desenvolvimento de nossa capacidade de pensar, da nossa
inteligência, do nosso discernimento.
Feliz, pois, quem trabalha, quem
pode trabalhar (porque suas forças o permitem). Ganha o pão de cada dia, de
modo respeitável e digno, que o sustenta e à sua família, cumpre a parte que
lhe cabe, é útil e cada vez mais útil à sociedade de que faz parte e, por
decorrência natural (repetimos para enfatizar e memorizar), aprimora a sua
capacidade de pensar e desenvolve cada vez mais a sua inteligência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário