sexta-feira, 27 de novembro de 2020

CONSCIÊNCIA[1]

 


Antônio Moris Cury – Agosto 2019

 

Um ser humano que não saiba ler nem escrever, não tenha acesso a nenhum tipo de informação por rádio, televisão, jornal, revista, telefone, internet etc., nada obstante sabe quando fez uma escolha, quando tomou uma decisão, certa ou errada.

Por quê? Simplesmente porque a sua consciência registra e aponta intimamente o acerto ou o erro. Não por acaso, a Lei de Deus está escrita na consciência[2], de tal maneira que a consciência é, assim, o grande tribunal de cada um de nós. No plano físico, os outros podem não perceber, nós podemos esconder, não revelar, mas o fato é que sabemos, e muito bem, quando erramos ou quando acertamos e, por acréscimo e também por decorrência, se prejudicamos ou se causamos danos, ou não, a outrem.

Neste ponto, interessante reproduzir aqui[3]:

 

Como se pode definir a justiça?

A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais.

Que é o que determina esses direitos?

Duas coisas: a lei humana e a lei natural. Tendo os homens formulado leis apropriadas a seus costumes e caracteres, elas estabeleceram direitos mutáveis com o progresso das luzes. Vede se hoje as vossas leis, aliás imperfeitas, consagram os mesmos direitos que as da Idade Média. Entretanto, esses direitos antiquados, que agora se vos afiguram monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. Nem sempre, pois, é acorde com a justiça o direito que os homens prescrevem. Ademais, este direito regula apenas algumas relações sociais, quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência.

 

Assim, observa-se que se a escolha que fizermos ou a decisão que tomarmos implicar desrespeito aos direitos alheios, estaremos, por isso mesmo, cometendo uma infração, uma injustiça, a ser obrigatoriamente resolvida e reparada mais tarde, nesta ou em outra reencarnação.

As leis humanas são elaboradas de acordo com os costumes e caracteres de cada época e, por esta e por outras razões, são mutáveis, notadamente pelo avanço do progresso em geral, e das Ciências e Tecnologias em particular (sobretudo nos últimos vinte e cinco anos), o que, por si, demonstra a sua mutabilidade e a sua imperfeição.

Já, ao contrário, as Leis Naturais, que valem para todos no planeta Terra ou noutros mundos habitados do Universo (ou dos outros Universos, para quem entenda e admita que há mais de um Universo), são imutáveis exatamente porque são perfeitas, e no que é perfeito não se mexe. A toda evidência, a perfeição afasta qualquer necessidade de mudança.

O texto antes reproduzido, com precisão, afirma que este direito regula apenas algumas relações sociais, quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência, confirmando, em outras palavras, que a consciência é o grande tribunal de cada um de nós.

Daí a enorme importância de pensar e agir de conformidade com a nossa consciência, tornando-nos pessoas melhores a cada dia, procurando não prejudicar nem causar dano a quem quer que seja, procurando ser úteis e cada vez mais úteis onde quer que nos encontremos, sendo cumpridores da parte que nos cabe realizar e fazendo-a do melhor modo ao nosso alcance, optando, enfim, pela prática do Bem sempre, em qualquer circunstância ou situação, por mais grave que pareça ou que de fato seja.

A consciência tranquila traz leveza ao nosso coração, à nossa alma, aumenta consideravelmente o nosso nível de confiança e renova a certeza de que dias melhores seguramente advirão, a começar pelo nosso empenho na construção e na conquista da felicidade, que naturalmente será a compatível com o denominado planeta azul em que agora nos encontramos.



[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 93. Ed. Rio de Janeiro: FEB, pt. 3, cap. I, q. 621.

[3] Idem, cit. pt. 3, cap. XI, q. 875 e 875-a.

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