quinta-feira, 3 de setembro de 2020

INSTINTO DE CONSERVAÇÃO[1]

 


Miramez

 

Não há nas plantas, como nos animais, um instinto de conservação que as leva a procurar aquilo que lhes pode ser útil e a fugir do que lhes pode prejudicar?

‒ Há, se o quiserdes, uma espécie de instinto: isso depende da extensão que se atribua a essa palavra; mas é puramente mecânico. Quando, nas reações químicas, vedes dois corpos se unirem, é que eles se afinam, quer dizer, que há afinidade entre eles; mas não chamais a isso de instinto.

Questão 590/O Livro dos Espíritos

 

As árvores não têm um instinto de conservação como se opera nos animais, e mesmo nos homens; o "instinto" nelas é mais mecânico, no entanto, ele cresce no desenvolvimento das formas que, aos olhos humanos, é imperceptível.

Todos os reinos da natureza buscam o mais alto. Em toda a extensão do universo se nota essa força poderosa que a tudo arrasta, que a tudo comanda. O pensamento de Deus programa toda a vida no fluido cósmico, ou seja, no hálito divino, que se renova na sua circulação universal, em tudo penetrando, assegurando assim o bem-estar, a harmonia em todas as coisas. Essa programação de vida é assimilada por tudo o que existe, e essa assimilação é de acordo com o crescimento de quem respira. Do átomo até ao homem, e deste até aos anjos, a bênção é para todos, porém, cada um recebe o que precisa receber. Essa é a justiça, o amor.

Se queres pensar que as árvores têm instinto de conservação, podes pensá-lo; no entanto, deves observar que isso ocorre em dimensão diferente dos animais. Em tudo penetra a inteligência divina, comandando todos os elementos nos seus devidos lugares, para que haja ordem nas formas. Observa a química: quando os corpos se repelem ou se atraem, é o mecanismo da vida que se expande em todas as direções. Daí é que se parte para o crescimento em busca do que o homem possui e os anjos conquistaram. É nesse sentido que devemos respeitar tudo o que nos cerca, por ter saído do mesmo foco que nós outros.

O amor é tão grande, que tudo que existe e a que nos dedicamos, nos responde com o amor, nos responde com perfeita troca de elementos sutis à percepção comum. O amor é a semente divina que devemos semear, porque a colheita não pode ser, por justiça, a mesma de quem não se preocupou em plantar. Se os minerais, plantas e animais estão na nossa retaguarda, porque não ajudar esses reinos a subir a escada que já palmilhamos, se os que estão em nossa frente estão sempre nos dando as mãos? Se Deus é amor, o nosso dever é amar a Ele sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, para que a vida se expresse como luz nos nossos caminhos.

Cada planta é um laboratório divino, na divina seara do Senhor. Ela sabe selecionar os elementos que lhe possam sustentar a vida. Um pé de laranja não dá abacaxi, mesmo que estiverem juntos no mesmo campo e irrigados com a mesma água, soprados pelo mesmo ar e adubados pelo mesmo adubo. É o mecanismo do seu mundo oculto, é o comando de Deus pelos Seus recursos espirituais. Os agentes da vida maior estão espalhados em toda a criação, e eles entendem como se deve fazer e comandar, em nome do Criador, em se falando no crescimento das coisas. São poucos, mas esses tiraram a nota máxima na universidade da Terra, usando um corpo físico. A missão não é somente no mundo religioso, o mesmo ocorre com diversos trabalhos artísticos, e muitas descobertas científicas. Os missionários são diversos no mundo inteiro, operando em fatores diferentes, para ajudar ao progresso e sustentar, de certa forma, a existência de Deus e a presença dos Seus agentes de luz, nos caminhos dos homens.



[1] Filosofia Espírita – Volume 12 – João Nunes Maia

Nenhum comentário:

Postar um comentário