Miramez
Não há nas plantas, como nos animais, um instinto de
conservação que as leva a procurar aquilo que lhes pode ser útil e a fugir do
que lhes pode prejudicar?
‒ Há, se o
quiserdes, uma espécie de instinto: isso depende da extensão que se atribua a
essa palavra; mas é puramente mecânico. Quando, nas reações químicas, vedes
dois corpos se unirem, é que eles se afinam, quer dizer, que há afinidade entre
eles; mas não chamais a isso de instinto.
Questão 590/O Livro dos Espíritos
As árvores não têm um instinto
de conservação como se opera nos animais, e mesmo nos homens; o
"instinto" nelas é mais mecânico, no entanto, ele cresce no
desenvolvimento das formas que, aos olhos humanos, é imperceptível.
Todos os reinos da natureza
buscam o mais alto. Em toda a extensão do universo se nota essa força poderosa
que a tudo arrasta, que a tudo comanda. O pensamento de Deus programa toda a
vida no fluido cósmico, ou seja, no hálito divino, que se renova na sua
circulação universal, em tudo penetrando, assegurando assim o bem-estar, a
harmonia em todas as coisas. Essa programação de vida é assimilada por tudo o
que existe, e essa assimilação é de acordo com o crescimento de quem respira.
Do átomo até ao homem, e deste até aos anjos, a bênção é para todos, porém,
cada um recebe o que precisa receber. Essa é a justiça, o amor.
Se queres pensar que as árvores
têm instinto de conservação, podes pensá-lo; no entanto, deves observar que
isso ocorre em dimensão diferente dos animais. Em tudo penetra a inteligência
divina, comandando todos os elementos nos seus devidos lugares, para que haja
ordem nas formas. Observa a química: quando os corpos se repelem ou se atraem,
é o mecanismo da vida que se expande em todas as direções. Daí é que se parte
para o crescimento em busca do que o homem possui e os anjos conquistaram. É
nesse sentido que devemos respeitar tudo o que nos cerca, por ter saído do
mesmo foco que nós outros.
O amor é tão grande, que tudo
que existe e a que nos dedicamos, nos responde com o amor, nos responde com
perfeita troca de elementos sutis à percepção comum. O amor é a semente divina
que devemos semear, porque a colheita não pode ser, por justiça, a mesma de quem
não se preocupou em plantar. Se os minerais, plantas e animais estão na nossa
retaguarda, porque não ajudar esses reinos a subir a escada que já palmilhamos,
se os que estão em nossa frente estão sempre nos dando as mãos? Se Deus é amor,
o nosso dever é amar a Ele sobre todas as coisas e ao próximo como a nós
mesmos, para que a vida se expresse como luz nos nossos caminhos.
Cada planta é um laboratório
divino, na divina seara do Senhor. Ela sabe selecionar os elementos que lhe
possam sustentar a vida. Um pé de laranja não dá abacaxi, mesmo que estiverem
juntos no mesmo campo e irrigados com a mesma água, soprados pelo mesmo ar e
adubados pelo mesmo adubo. É o mecanismo do seu mundo oculto, é o comando de
Deus pelos Seus recursos espirituais. Os agentes da vida maior estão espalhados
em toda a criação, e eles entendem como se deve fazer e comandar, em nome do
Criador, em se falando no crescimento das coisas. São poucos, mas esses tiraram
a nota máxima na universidade da Terra, usando um corpo físico. A missão não é
somente no mundo religioso, o mesmo ocorre com diversos trabalhos artísticos, e
muitas descobertas científicas. Os missionários são diversos no mundo inteiro,
operando em fatores diferentes, para ajudar ao progresso e sustentar, de certa
forma, a existência de Deus e a presença dos Seus agentes de luz, nos caminhos
dos homens.
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