segunda-feira, 31 de agosto de 2020

AMAZONAS HÉRCULES[1]

 



            Amazonas Hércules foi exemplo de coragem diante das adversidades da vida.

Nascido em Manaus, no dia 5 de setembro de 1912, ficou órfão do pai antes de nascer e da mãe aos quatro anos de idade.

Sua madrinha, Lydia Cardoso Fernandes, a partir de então, passou a criá-lo. Ela, por ser espírita, deu-lhe as primeiras noções do Espiritismo, conduzindo-o às reuniões da Federação Espírita do Amazonas, de cujas atividades participava como voluntária.

Em 1954, Amazonas, portador da doença causada pelo bacilo de Hansen, antigamente chamada de lepra, internou-se na Colônia de Curupaiti, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, onde desencarnou em 28 de abril de 2004, aos 91 anos de idade.

Amazonas Hércules fez jus ao seu nome e sobrenome, pois era fisicamente robusto, e grande também quando sorria. A sua gargalhada gostosa transmitia a todos muito otimismo. Por essa razão, muitas pessoas sadias o procuravam em busca de ânimo para as lutas da vida. Por telefone, e pessoalmente, enxugou muitas lágrimas com sua palavra doce e confortadora, inspirada no amor de Jesus. Inúmeras vezes, mesmo sofrendo, escondeu suas próprias lágrimas para confortar aqueles que precisavam do seu coração amigo e generoso.

No Centro Espírita Filhos de Deus, que funciona nas dependências da Colônia de Curupaiti, Amazonas Hércules foi secretário por muitos anos. Com as falanges dos dedos das mãos atrofiadas pela hanseníase, ele datilografava toda a correspondência pressionando as teclas da máquina de escrever com um lápis que segurava entre a parte superior do dedo indicador e a do dedo médio. Tendo amputado a perna esquerda, também em consequência da enfermidade, Amazonas se locomovia de muletas para proferir palestras em diversos Centros Espíritas do Estado, e participar do programa "Educar para Crescer" da Rádio Rio de Janeiro.

Ao longo dos 50 anos internado em Curupaiti, desenvolveu, no "Filhos de Deus", amplas atividades assistenciais para o amparo dos familiares carentes dos hansenianos, mantidas até hoje, sendo uma delas a sala de curativos "Maria de Nazaré".

Era poeta, e declamava com muita propriedade poesias suas e de diversos autores. Em seu livro “Canção da Esperança”, o poema "Esteira de Luz" lembra a ressurreição do Cristo, em cujos versos finais diz Amazonas:

Na Galileia ridente

No lago, vasto celeiro,

Piscoso, imenso mar,

Vogavam barcos, veleiros,

Na faina do dia-a-dia

(...)

E um pescador diferente,

De olhos azuis como o mar,

Louros cabelos voando,

Beijados pelas brisas trazidas

De todos os continentes,

(...)

E o fato surpreendente,

Testemunho mais que sublime,

Eloquente,

(...)

Foi à vida vencendo a morte

Na radiosa alvorada da sua ressurreição,

Após o terceiro dia de sua crucificação,

Marco sublime, sem dúvida,

Da vida eterna, imortal,

Sublime "esteira de luz"

Dessa estrela peregrina

Que foi o Mestre Jesus!

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